O ex-presidente dos Estados Unidos classificou a medida chinesa como “ato econômico hostil” e afirmou que o país pode produzir seus próprios óleos e insumos, intensificando o clima de guerra comercial às vésperas das novas tarifas
O ex-presidente Donald Trump reacendeu a tensão entre as duas maiores potências econômicas do planeta ao afirmar que os Estados Unidos podem encerrar todos os negócios com a China envolvendo óleo de cozinha e outros elementos do comércio internacional. A declaração foi feita nesta terça-feira (14) em uma publicação no Truth Social, rede social do republicano, após Pequim anunciar o boicote à compra de soja americana.
Trump chamou a atitude chinesa de “ato economicamente hostil” e disse acreditar que a decisão foi proposital para prejudicar os produtores rurais norte-americanos, uma das bases eleitorais mais fiéis do ex-presidente. “Acredito que a China, propositalmente, não comprar nossa soja, causando dificuldades aos nossos produtores, é um ato economicamente hostil”, escreveu o republicano.
Ele completou afirmando que os Estados Unidos têm condições de produzir internamente diversos produtos atualmente importados do país asiático: “Estamos considerando encerrar negócios com a China relacionados a óleo de cozinha e outros elementos do comércio, como retaliação. Por exemplo, podemos facilmente produzir óleo de cozinha nós mesmos, sem precisar comprá-lo da China”, concluiu.
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A informação foi divulgada originalmente pelo G1, que destacou o impacto das falas de Trump nas bolsas internacionais, ampliando o clima de incerteza nos mercados agrícolas e de energia.
Escalada das tensões comerciais entre EUA e China
As declarações de Trump representam mais um capítulo da escalada das tensões entre Washington e Pequim. Nos últimos dias, o republicano aumentou o tom contra a China, classificando as políticas do país como “hipócritas” e “agressivas” após o governo chinês restringir exportações de elementos das chamadas “terras raras” — insumos críticos para a fabricação de baterias, semicondutores e veículos elétricos.
Na sexta-feira (10), o republicano havia criticado diretamente a medida de Pequim e, em resposta, anunciou que os Estados Unidos imporiam uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro. A decisão, segundo Trump, seria uma forma de defender a indústria americana de práticas desleais e proteger empregos locais em setores estratégicos como tecnologia, energia e agricultura.
Por sua vez, o Ministério do Comércio da China reagiu imediatamente, afirmando que os controles sobre os elementos de terras raras são “uma resposta necessária” às medidas unilaterais de Washington. Segundo o governo chinês, as tarifas impostas pelos EUA representam uma violação dos princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC) e configuram um comportamento “hostil e contraditório”.
“Ameaçar impor tarifas altas a qualquer momento não é a forma correta de lidar com a China. Nossa posição sobre guerras tarifárias é consistente: não queremos brigar, mas não temos medo de brigar”, declarou o ministério em comunicado oficial. A nota ainda reforça que, caso os EUA persistam em suas ações, a China “tomará medidas correspondentes para defender seus direitos e interesses legítimos”.
Impactos na soja e na geopolítica global
A soja voltou ao centro do tabuleiro geopolítico. O boicote chinês à soja americana, anunciado dias antes da fala de Trump, pode gerar prejuízos bilionários ao setor agrícola dos Estados Unidos, que depende fortemente das exportações para o gigante asiático. A China é responsável por cerca de 60% da demanda global de soja, sendo o principal comprador do grão americano.
Especialistas alertam que a decisão chinesa é uma resposta direta à postura protecionista de Trump, que tem utilizado tarifas agressivas como instrumento político e eleitoral. Além disso, o episódio reacende temores de uma nova guerra comercial com efeitos devastadores para o comércio internacional, em um momento em que a economia global ainda tenta se recuperar de crises recentes.
Durante entrevista a bordo do Air Force One, enquanto viajava para Israel em 13 de outubro de 2025, Trump reafirmou que não recuará diante da pressão chinesa e que novas sanções estão sendo avaliadas. Já o presidente chinês Xi Jinping, que recentemente participou de um desfile militar em Pequim pelo 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, reiterou que o país “não aceitará intimidações econômicas” e seguirá defendendo seus interesses estratégicos.
Com essa nova troca de acusações, o comércio entre EUA e China volta ao centro da agenda global, e investidores já observam volatilidade crescente nos preços da soja, do petróleo e de metais raros. O impasse promete se intensificar nas próximas semanas, com a entrada em vigor das novas tarifas e o aumento das retaliações de ambos os lados.