Antaq confirma que a carência de contêineres nos portos irá continuar a médio prazo e projeta ainda mais problemas logísticos no setor portuário. O gargalo logístico encareceu o frete por causa da alta demanda causada pela pandemia, enquanto as empresas têm lucro recorde.
Na quinta-feira, (28/07), a Antaq anunciou que, segundo um relatório feito pela agência, a falta de contêineres deve continuar a médio prazo. O relatório analisou o gargalo logístico e suas consequências para o mercado marítimo, sendo que uma delas foi justamente o encarecimento do frete em transportes marítimos em navios de contêineres nos portos a nível mundial.
Para evitar que o setor portuário entre em colapso, a Antaq está monitorando quais são as causas que está ocasionando a falta de contêineres no Brasil e no mundo
Dessa forma, o grupo tem monitorado cada vez mais as causas e as consequências da falta de contêineres no mercado de navegação em rotas envolvendo o Brasil. O relatório feito pela agência indica as conclusões do grupo. O crescimento do transporte desse tipo de carga iniciou entre 2020 e 2021 e os motivos são a mudança de consumo em todo o mundo causado pela pandemia de Covid-19.
“A falta de contêineres e a capacidade logística dos portos, acompanhados do aumento da demanda de movimentação de cargas conteinerizadas, impulsionadas pelo incremento do mercado e-commerce e pela concentração do mercado de transporte marítimo, ocasionaram um grande problema logístico internacional; sendo certo que os prognósticos prováveis avaliam que essa situação perdurará em um horizonte de médio prazo”, informa o relatório desenvolvido pela Antaq.
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O aumento do uso de computadores, insumos de informática, televisão e ar condicionado, por exemplo, são outras das mudanças relacionadas ao crescimento do transporte desse tipo de carga. Isso provocou um aumento no custo do frete de cargas conteinerizadas e o atraso no embarque de outras cargas em todo o mundo.
Entre os achados encontrados pela agência reguladora em análise com os usuários, estão: omissões de carga, rolagem de cargas, falta de contêineres, aumento de frete, congestionamento nos terminais, entre outros.
O principal achado encontrado pela agência foi a constatação das emissões de escalas
De acordo com a diretora da Antaq, Flávia Takafashi, o grande achado foi a constatação das emissões de escalas, que são cancelamentos dos acessos dos navios a determinado terminal portuário. Dessa forma, na prática, isso significa que as atracações de navios previstas para acontecer em um determinado espaço de tempo não vão mais acontecer. Além desses achados, também foram examinados a concentração de movimentação de cargas nos portos com terminais administrados por armadores.
Além disso, outro ponto a ser considerado são os navios com tripulação com Covid-19 e maior concentração de volumes em terminais integrados — aqueles que pertencem a armadores — e menos opções logísticas.
A agência Antaq também percebeu que, por esses motivos, teve como consequência a perda de credibilidade do porto e perda de carga em navegação de cabotagem, aquelas entre portos do mesmo país. Os achados da agência são parecidos com os observados no relatório da empresa de logística DHL Global, publicado no início de julho de 2022.
De acordo com a DHL, em média, o frete de uma carga de contêiner custava cerca de US$ 2.000 no último trimestre de 2020 e agora chegou a custar por volta de US$ 10.000 no início do último trimestre do ano passado.
A expectativa, segundo a empresa de logística, é que o preço para transportar esse tipo de carga continue mantendo-se elevado. Nesse sentido, numa das rotas principais do comércio marítimo mundial, sendo dos Estados Unidos-Xangai, o valor do frete em um navio de contêiner saiu de US$ 1.000 no 3.º trimestre de 2020 para US$ 4.500 no trimestre passado.