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Angra 3: o elefante branco nuclear do Brasil que custa R$ 250 milhões por ano sem produzir energia. O que está impedindo a conclusão dessa obra bilionária parada desde a Lava Jato?

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 27/08/2024 às 18:51
Angra 3: o elefante branco nuclear do Brasil que custa R$ 250 milhões por ano sem produzir energia. O que está impedindo a conclusão dessa obra bilionária parada desde a Lava Jato?
Angra 3: o elefante branco nuclear do Brasil que custa R$ 250 milhões por ano sem produzir energia. O que está impedindo a conclusão dessa obra bilionária parada desde a Lava Jato?

Angra 3, a usina nuclear brasileira que promete 1,4 gigawatts de energia, segue inacabada após quase uma década. Com custos de manutenção de R$ 250 milhões por ano, o futuro do projeto permanece incerto.

Por quase uma década, um gigante adormecido à beira-mar em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, permanece inativo, drenando milhões de reais anualmente do bolso dos brasileiros sem entregar o prometido.

A usina nuclear Angra 3, que deveria ser um marco na história energética do país, tornou-se um verdadeiro monumento ao desperdício e à falta de planejamento.

Mesmo com 65% da construção concluída e 85% dos equipamentos comprados, o projeto, que começou a ser erguido ainda na década de 1970, parou em 2015. Mas por que, após tanto tempo e dinheiro investido, Angra 3 ainda não saiu do papel?

Obras paradas e um futuro incerto

A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, lar das únicas usinas nucleares em operação no Brasil, Angra 1 e 2, também é o local onde a construção da terceira usina, Angra 3, está estagnada.

Desde 2015, as obras estão paralisadas, e a usina, que prometia gerar 1,4 gigawatts de energia, permanece como um “mausoléu” de concreto inacabado.

Segundo informações obtidas, a paralisação ocorreu no contexto da Operação Lava Jato, que investigava desvios e irregularidades na construção da unidade.

De acordo com especialistas, será necessário um investimento de R$ 23 a 27 bilhões para concluir a obra, que já consumiu bilhões desde seu início.

Um símbolo de má gestão e desperdício

Ao visitar o local, é possível observar que, embora o prédio do gerador esteja quase finalizado, a estrutura que abrigará o reator, de formato esférico, está apenas pela metade.

O cenário é desolador: pilares de concreto que não sustentam nada e vergalhões expostos, testemunhas silenciosas de uma obra que, se não for concluída, poderá se transformar em um dos maiores elefantes brancos da história recente do Brasil.

Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem se manifestado favorável à retomada das obras. Em audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, ele comparou a situação atual a um “mausoléu” que não pode ser deixado para as futuras gerações.

“Nenhum de nós, em sã consciência, vai carregar, nem ficar com aquele mausoléu (Angra 3), para servir de visitação ao mundo do fracasso da gestão do governo brasileiro”, afirmou o ministro.

Expectativas para o futuro

A decisão final sobre a continuidade ou não das obras está nas mãos do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deve analisar o estudo conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o ministro, o custo-benefício da obra não deve ser questionado, especialmente após todo o investimento já realizado.

Mesmo sem um levantamento detalhado dos custos acumulados até agora, os R$ 20 bilhões mencionados pelo ministro para a conclusão do projeto são considerados modestos conforme especialistas do setor.

Além disso, o custo de descontinuar as obras também deve ser levado em conta, já que fontes do setor calculam que o cancelamento poderia custar entre R$ 12 e 17 bilhões em subsídios e isenções que teriam de ser devolvidos.

O impacto financeiro e energético de Angra 3

Enquanto a decisão não é tomada, a usina Angra 3 continua a consumir recursos. Segundo dados mais recentes, o custo anual de manutenção das obras paradas chega a R$ 250 milhões, uma quantia significativa para uma usina que ainda não produziu um único megawatt de energia.

O Brasil, que desde o governo de Juscelino Kubitschek busca dominar a tecnologia nuclear, agora se vê diante de um dilema: investir mais bilhões em um projeto que já foi maculado por escândalos de corrupção ou desistir e arcar com os custos de uma obra inacabada.

Uma decisão crucial para o futuro energético do Brasil

A conclusão de Angra 3 poderia, em tese, fortalecer a matriz energética brasileira, diversificando as fontes de geração de eletricidade e reduzindo a dependência de hidrelétricas e termelétricas.

No entanto, a continuidade da obra também implica em um elevado custo financeiro, além do desafio de superar a desconfiança da população e dos investidores em relação à segurança e à viabilidade do projeto.

Com o futuro da usina ainda incerto, resta a dúvida: o Brasil terá coragem de concluir Angra 3, ou ela se tornará mais um capítulo no livro das obras inacabadas do país?

E você, acredita que Angra 3 ainda pode ser concluída, ou será que estamos diante de mais um elefante branco que só consome recursos sem gerar benefícios? Deixe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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