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Alta do petróleo: Petroleiras estão investindo em campos maduros, onde a Petrobras não possui mais interesse

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 29/03/2022 às 13:26
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Foto: Reprodução Google Imagens (via Wilson Sons)

Campos maduros de produção de petróleo e gás que não agregam à Petrobras estão recebendo investimentos para revitalização

Os recentes aumentos nos preços do barril de petróleo acabam virando um incentivo para que empresas realizem investimentos para a revitalização de áreas da Petrobras cujo ápice de produção de petróleo e gás já passou, reconhecidos como campos maduros, que são aqueles cujo ápice de produção já passou. Entretanto, essas áreas, mesmo revitalizadas, não conseguiriam promover grande contribuição para o aumento da produção nacional de petróleo e gás com a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Segundo Anabal Santos Júnior, secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), o atual nível de preços do barril de petróleo, superior a US$ 100 e que tem levantado especulações sobre plataformas de petróleo e gás offshore, pode permitir certas ações para aumentar a produção, que antes não eram economicamente viáveis nesses campos maduros. “Alguns projetos de revitalização de baixa complexidade, como intervenções em poços, são beneficiados nesse cenário”, afirma o secretário-executivo.

Além disso, Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, disse que a produção de petróleo nacional irá crescer por volta de 300 mil barris por dia, mesmo que a recomendação da AIE seja reduzir o consumo, contribuindo, assim, para equilibrar o mercado internacional, impactado pela diminuição das exportações da Rússia após o início do conflito. Conforme Santos Júnior, ainda não foi feito contato com a Abpip para ajudar nessa tarefa. A associação conta com 18 companhias petroleiras, como, por exemplo, a Eneva e a PetroRio.

De fato, a contribuição dos campos maduros para a produção geral do país não é muito significativa, mas o setor vem passando por um crescimento na extração em razão das vendas de ativos da Petrobras – que teve seu presidente substituído – nos últimos anos. Desse modo, petroleiras de pequeno e médio porte têm se apropriado de campos maduros terrestres e em águas rasas, correspondentes a ativos menores e que não interessam mais à Petrobras, que tem focado principalmente em atividades de extração de petróleo em águas profundas e no pré-sal.

Produção dos campos maduros

No total, de acordo com dados fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), os campos maduros em terra vendidos pela Petrobras forneceram 34,7 mil barris de petróleo equivalente por dia (boe/dia) no mês passado, equivalente a quase o triplo do total extraído em fevereiro de 2021. Por outro lado, a extração é somente uma parcela do total nacional, que atingiu 3,75 milhões de boe/dia em fevereiro, dos quais mais de 75% vêm do pré-sal.

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A produção de óleo e gás terrestre no Brasil é originária principalmente de bacias nordestinas. O crescimento da produção é visto em várias empresas que adquiriram ativos da Petrobras nos últimos anos. Por exemplo, a PetroRecôncavo registrou no 4T21 uma produção média de 13,6 mil boe/dia, 21% a mais em relação à média anual. A 3R Petroleum, por sua vez, produziu 7,95 mil barris/dia no último trimestre do ano passado, aumento de 44% em relação a 2020.

Santos Júnior afirma que têm um cenário de, no mínimo, cinco anos pela frente de crescimento da produção. No entanto, um empecilho para as petroleiras que compraram esses ativos aumentarem a produção é a dificuldade de alcance a aparelhos e serviços, que acabam ficando mais caros e concorridos neste contexto de instabilidade do barril de petróleo.

O executivo da Abpip ressalta que a cadeia de abastecimento para esse setor no Brasil estava desmobilizada há alguns anos, devido aos baixos investimentos em campos de pequeno porte. Ele afirma que, nesse contexto, atualmente existe uma grande demanda no país por sondas de perfuração e completação, por exemplo. “O que existe no mercado hoje está praticamente contratado. Vai ser necessário um esforço da própria cadeia de fornecimento para disponibilizar esses insumos”, aponta ele.

Ainda, Santos Júnior destaca que as áreas de maior produção em terra entre os ativos incluídos nos desinvestimentos de campos maduros da Petrobras ainda não tiveram a transação finalizada, como, por exemplo, os polos Potiguar (RN), Carmópolis (SE) e Bahia (BA). De acordo com ele, esses campos permanecem com quedas na produção, situação que pode ser revertida após outras empresas assumirem o comando.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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