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Alta alavancagem na bolsa chinesa acende alerta de bolha: especialistas veem estímulo dirigido de Pequim e risco de vendas forçadas

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 20/09/2025 às 11:15
Alta alavancagem financeira impulsiona a bolsa chinesa sob estímulo de Pequim, enquanto investidores estrangeiros recuam e o caso Evergrande expõe riscos.
Alta alavancagem financeira impulsiona a bolsa chinesa sob estímulo de Pequim, enquanto investidores estrangeiros recuam e o caso Evergrande expõe riscos.
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Alta alavancagem, estímulos dirigidos por Pequim e uso de crédito por investidores levantam temores sobre a sustentabilidade da bolsa chinesa, que já ultrapassa US$ 300 bilhões em operações de margem

A recente alta da bolsa chinesa, impulsionada por mais de um trilhão de dólares em investimentos, está acendendo sinais de alerta entre especialistas. O crescimento acelerado não estaria baseado em fundamentos sólidos, mas sim em um movimento coordenado pelo governo de Pequim para reaquecer a economia via mercado de capitais.

Boa parte do volume vem de dinheiro emprestado, não de poupança. Com mais de US$ 300 bilhões aplicados via alavancagem, cresce o temor de uma possível liquidação em massa se os preços das ações começarem a cair — o que poderia disparar vendas forçadas e um efeito dominó no mercado asiático e global.

Pequim estaria dirigindo o mercado para salvar a economia

Segundo a jornalista Emmanuele Khouri, do canal China em Foco, a alta da bolsa chinesa parece fazer parte de uma estratégia direta do governo para estimular o consumo doméstico.

Em um cenário de desaceleração econômica, envelhecimento populacional e crise no setor imobiliário, Pequim estaria incentivando os cidadãos a investir na bolsa como alternativa ao colapso dos imóveis.

Especialistas apontam que, diferentemente do comportamento de investidores ocidentais, os chineses recorrem ao mercado de ações em momentos de incerteza, buscando proteger seu capital.

A escassez de opções — juros bancários baixos e imóveis desvalorizados — estaria empurrando a população para a bolsa como último recurso.

Alavancagem excessiva cria risco de colapso em cascata

De acordo com o analista Antonio Gracefo, citado no programa, o grande problema é que esse movimento está sendo feito com dinheiro emprestado.

A margem total já ultrapassa 1 trilhão de yuans (cerca de US$ 300 bilhões) — valor considerado perigoso para um mercado que ainda vive sob instabilidade.

“Se as ações começarem a cair, veremos uma sequência de chamadas de margem, liquidações e colapsos individuais”, alerta Gracefo.

Esse tipo de alavancagem costuma acelerar as quedas, pois investidores endividados são forçados a vender rapidamente seus ativos, puxando os preços ainda mais para baixo.

Investidores estrangeiros estão recuando da bolsa chinesa

Enquanto os chineses injetam capital alavancado, os investidores estrangeiros adotam a direção contrária.

O fluxo de saída internacional da China vem crescendo, motivado pelas tensões comerciais com os Estados Unidos, dados econômicos fracos e a perda de confiança no ambiente regulatório do país.

Empresas multinacionais também estão diminuindo investimentos e encerrando planos de expansão.

A perda da atratividade produtiva da China, antes usada como base para exportações ao Ocidente, reflete um esvaziamento estratégico da confiança estrangeira no mercado chinês.

Caso Evergrande simboliza o fim da bolha imobiliária

A crise no setor imobiliário ajuda a entender o atual redirecionamento para a bolsa.

A gigante Evergrande, segunda maior incorporadora do país, foi retirada da bolsa de Hong Kong após anos de colapso.

Com uma dívida bilionária, a empresa se tornou símbolo do fim da era de ouro dos imóveis na China.

Outras incorporadoras também estão entrando em processo de liquidação. Mesmo empresas estatais como a China South City enfrentam ordens judiciais.

O setor, que já representou 25% do PIB chinês, vive hoje uma retração crônica — o que empurra o dinheiro do investidor para o mercado acionário, mesmo com risco elevado.

Desemprego juvenil agrava insegurança e motiva busca por retorno rápido

Outro fator de instabilidade é o aumento do desemprego entre os jovens.

Segundo dados oficiais chineses, a taxa chega a 18%, mas pesquisadores da Universidade de Pequim estimam o número real em até 47%.

Esse cenário de estagnação profissional contribui para o comportamento especulativo no mercado financeiro.
“Com poucas perspectivas de carreira estável, milhões de jovens recém-formados buscam alternativas rápidas de ganho”, explica Khouri.

O problema é que esse movimento, feito sob pressão, costuma ser emocional e alimenta a volatilidade.

Inteligência artificial agrava o quadro no mercado de trabalho

A aposta da China em inteligência artificial para uso militar e comercial também afeta diretamente o mercado de trabalho. Funções antes ocupadas por jovens — como tradução, vendas e serviços bancários — estão sendo substituídas por sistemas automatizados.

O resultado é uma geração pressionada entre desemprego estrutural e ausência de perspectivas reais, o que reforça a migração para investimentos de alto risco como ações alavancadas, numa tentativa de ascensão financeira rápida.

Manipulação de dados oficiais impede diagnóstico real

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Para muitos analistas, é difícil confiar nas estatísticas divulgadas por Pequim. Em 2023, o governo chegou a suspender a publicação de dados sobre desemprego juvenil por meses.

Especialistas como o professor Frank Chanier, da Universidade AIM, afirmam que os dados oficiais frequentemente ignoram estudantes, desempregados inativos e populações rurais.

A falta de transparência compromete o julgamento racional dos investidores e impede que o mercado funcione com base em fundamentos sólidos.

Se os dados são manipulados, as decisões de investimento partem de premissas falsas — alimentando ainda mais o risco de bolha.

Você acredita que essa alavancagem acelerada na bolsa chinesa pode desencadear uma crise maior? Acha que o Brasil estaria imune a esse efeito? Deixe sua análise nos comentários — queremos ouvir quem acompanha o mercado de perto.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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