Brasil registra alta expressiva nas vendas agrícolas para a China, enquanto tarifas dos Estados Unidos derrubam embarques de carne bovina e café verde
O agronegócio brasileiro registrou em agosto um crescimento expressivo nas exportações para a China.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, o avanço foi de 32,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O valor passou de US$ 3,85 bilhões para US$ 5,12 bilhões, confirmando o país asiático como principal destino dos embarques. Esse resultado equivale a 35,8% de toda a receita do setor no mês.
O crescimento foi puxado por produtos que perderam espaço nos Estados Unidos. Café verde, por exemplo, teve alta de 131,8% em vendas para a China. A carne bovina in natura também cresceu 89,8%, enquanto o açúcar de cana bruto avançou 20,3%.
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Retração nos Estados Unidos
Enquanto a China aumentava as compras, os Estados Unidos reduziram a participação. As vendas brasileiras para o mercado norte-americano caíram 17,6%, somando US$ 764,97 milhões.
O resultado representa queda frente aos US$ 928,52 milhões registrados em agosto de 2024. O recuo está ligado à aplicação de tarifas adicionais pelo governo Donald Trump.
Produtos tradicionais foram os mais atingidos. A carne bovina in natura despencou 46,2%. Já a carne bovina industrializada caiu 33%.
No caso do café verde, houve retração de 16,4%, com embarque de 18 mil toneladas, menor volume em quatro anos.
Nem todos os produtos recuaram. O suco de laranja, que não sofreu sobretaxa, registrou aumento de 6,9% em relação ao ano anterior.
União Europeia também reduz compras
A União Europeia permaneceu como o segundo maior destino do agronegócio brasileiro, mas também apresentou retração. Em agosto, o bloco movimentou US$ 1,90 bilhão em compras, queda de 15,4% frente a 2024.
Portanto, mesmo com o resultado negativo em dois parceiros importantes, a diversificação de mercados ajudou a manter saldo positivo para o Brasil.
Balanço geral das exportações
As exportações totais do agronegócio alcançaram US$ 14,29 bilhões em agosto, uma alta de 1,5% sobre o mesmo mês de 2024. O desempenho foi sustentado pela soja, pelo milho e pela carne bovina in natura.
Cinco grandes setores concentraram 80,8% das vendas:
- Complexo soja: US$ 4,70 bilhões (+5,5%)
- Carnes: US$ 2,63 bilhões (+21,5%)
- Sucroalcooleiro: US$ 1,60 bilhão (-15%)
- Cereais, farinhas e preparações: US$ 1,46 bilhão (+15%)
- Produtos florestais: US$ 1,15 bilhão (-9,7%)
No ranking de produtos, a soja em grãos liderou com US$ 3,88 bilhões. Em seguida, carne bovina in natura registrou US$ 1,50 bilhão. O milho garantiu US$ 1,36 bilhão.
Depois vieram o açúcar de cana bruto, com US$ 1,31 bilhão, e o café verde, que movimentou US$ 882,7 milhões.
Importações em crescimento
Além do avanço das exportações, o Brasil importou mais em agosto. O aumento foi de 1,2% em relação a 2024, alcançando US$ 1,60 bilhão.
Os principais itens foram trigo, que somou US$ 114,3 milhões; óleo de palma, com US$ 93 milhões; e soja em grãos, que movimentou US$ 57,6 milhões. Grande parte desses insumos é usada na indústria de processamento.
Preços dos alimentos em queda no Brasil
No cenário internacional, o índice global de alimentos da FAO cresceu 6,9% em agosto. Entretanto, no Brasil, alguns produtos registraram quedas significativas de preço.
- O açúcar bruto caiu 11,7%.
- O farelo de soja recuou 19,2%.
- O suco de laranja desvalorizou 45,4%.
- A carne de frango in natura perdeu 12,9%.
Cada um desses itens apresentou redução superior a US$ 100 milhões. Essas quedas ajudaram a aliviar a pressão sobre os preços internos.
Produtos que impulsionaram as exportações
Apesar da queda em alguns segmentos, outros tiveram papel decisivo para o crescimento total. A soja em grãos adicionou 1,3 milhão de toneladas ao volume exportado.
O milho também ganhou espaço, com aumento de 784,5 mil toneladas e valorização de 3,7% no preço.
Já a carne bovina in natura obteve 51,1 mil toneladas a mais, com alta de 26,3% no valor médio.
Somados, esses três produtos adicionaram US$ 1,12 bilhão às exportações, reforçando o superávit.
Resultado final
O mês de agosto mostrou contrastes claros para o agronegócio brasileiro. Por um lado, as barreiras impostas pelos Estados Unidos reduziram as vendas de carne e café.
Por outro, o aumento da demanda chinesa equilibrou a balança. O crescimento de quase 33% nas compras do país asiático foi decisivo para manter os números positivos.
Assim, o Brasil encerrou o período com saldo de crescimento nas exportações, consolidando a China como destino central do setor e evidenciando o impacto das tarifas americanas sobre a pauta de comércio agrícola.
Com informações de Exame.