Aeroporto prometia ser um polo regional, mas hoje vive cenário de abandono. Movimentando apenas 6,52% de sua capacidade, o terminal sofre com o impacto da decisão da Petrobras de centralizar suas operações em outro local.
É difícil de acreditar que um aeroporto com capacidade para movimentar até 100 mil passageiros por ano esteja operando quase como um deserto.
Situado em Itanhaém, no litoral paulista, o Aeroporto Antônio Ribeiro Nogueira Júnior prometia ser um impulsionador de desenvolvimento local, mas hoje é marcado pelo silêncio e abandono.
Esse cenário de estagnação é o resultado de uma decisão estratégica da Petrobras que, conforme o Diário do Litoral, mudou o rumo das operações e da economia da região.
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No passado, o aeroporto de Itanhaém era um ponto crucial de conexões e voos importantes, especialmente para as operações da Petrobras nas plataformas da Bacia de Santos.
No entanto, nos últimos anos, a queda brusca no fluxo de passageiros e cargas transformou o terminal em uma estrutura subutilizada, afetando também os negócios e o turismo local.
Decisão da Petrobras esvazia o aeroporto
O Aeroporto de Itanhaém já viveu dias de grande movimento.
Durante a década de 2000, a pista, situada nas margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, registrava números expressivos: mais de 22 mil pousos e decolagens anuais impulsionavam a economia da cidade.
Empresas e turistas circulavam pelo terminal, gerando receitas para os comércios e o setor hoteleiro da região.
O auge da movimentação, entretanto, foi interrompido com a decisão estratégica da Petrobras de transferir suas operações para o Rio de Janeiro.
Conforme o Diário do Litoral relatou, essa decisão teve impacto direto na economia da cidade, resultando na queda drástica no fluxo do aeroporto e nas atividades comerciais que dependiam da presença de funcionários e turistas.
Dados de 2023 apontam para um total de apenas 1.436 passageiros registrados — um contraste gritante com o potencial do terminal.
Impacto econômico profundo na região
A saída da Petrobras gerou efeitos que vão muito além do aeroporto, atingindo também toda a Baixada Santista.
Segundo o secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros, Adaedson Costa, a mudança afetou drasticamente a rede hoteleira, o comércio e os serviços locais.
Muitos dos empregos que a cidade ganhou com o desenvolvimento do aeroporto agora são apenas uma lembrança do passado.
Adaedson destaca que, antes dessa reestruturação, a Petrobras planejava expandir suas operações com a construção de novas plataformas na Bacia de Santos.
“O número de embarques e desembarques no aeroporto de Itanhaém teria quadruplicado”, afirma Costa.
No entanto, desde 2016, quando a Petrobras deslocou suas operações para aeroportos no Rio de Janeiro, o terminal de Itanhaém testemunhou um declínio gradual, passando de movimentado a praticamente vazio.
Investimentos que não deram retorno
O declínio do aeroporto se torna ainda mais gritante quando observamos o alto investimento feito na sua infraestrutura.
De acordo com o Diário do Litoral, no início dos anos 2010, a Petrobras destinou R$ 14 milhões para melhorias de segurança e embarque no aeroporto, enquanto o Governo do Estado de São Paulo investiu mais R$ 9 milhões na modernização do terminal.
Esses recursos foram aplicados na expectativa de que o movimento e a quantidade de operações só crescessem.
Entretanto, com a saída da Petrobras e a centralização das operações no Rio de Janeiro, toda essa infraestrutura moderna ficou praticamente ociosa.
Hoje, o terminal opera com apenas 6,52% de sua capacidade e, entre janeiro e agosto de 2024, registrou somente 1.091 passageiros, números que contrastam com o potencial de 100 mil passageiros anuais.
Futuro incerto e possível retomada?
Ainda que a Petrobras afirme avaliar permanentemente a necessidade de bases de voos para a segurança de seus trabalhadores, nada concreto foi anunciado sobre um possível retorno das operações em Itanhaém.
Em nota, a estatal revelou que continua reavaliando suas bases para assegurar o bem-estar e segurança de seus funcionários, mas sem planos específicos para reintegrar o terminal à sua logística.
Enquanto o aeroporto opera de maneira quase simbólica, a estrutura já existente teria condições de receber até aeronaves de grande porte, como o Boeing 737.
Hoje, a movimentação para a Bacia de Santos ocorre principalmente através de aeroportos como Jacarepaguá, Maricá e Cabo Frio, no Rio de Janeiro, que absorvem até 26 operações de helicópteros diárias para as plataformas de petróleo.
Justificativas logísticas para a transferência
A decisão da Petrobras em concentrar suas operações no Rio é defendida pela estatal como uma escolha estratégica: o estado do Rio de Janeiro está mais próximo das plataformas e conta com uma infraestrutura mais adequada às suas necessidades.
Porém, moradores e comerciantes de Itanhaém questionam se essa mudança realmente otimiza as operações da empresa, dado que muitos trabalhadores precisam se deslocar entre estados, elevando os custos e o tempo de viagem.
Com um aeroporto modernizado e praticamente ocioso, a pergunta que fica é: por quanto tempo Itanhaém resistirá sem um fluxo constante de operações?
Será que a Petrobras reverterá sua decisão, ou o aeroporto Antônio Ribeiro Nogueira Júnior se tornará definitivamente um “elefante branco” na paisagem do litoral paulista?
Como disse,a Danielle da Globe ” o pobre vai voltar a comer picanha ,o pobre gosta de se vestir bem e o pobre vai Voltar a andar de AVIÃO
Há um ditado que diz “Quem tem um, não tem nenhum”. Esse ditado vale para número de clientes. Se você abrir um negócio em função de apenas um cliente, se você perder esse cliente, por qualquer motivo que seja, o seu negócio já era.
As plataformas ficam mais perto do Rio de Janeiro, não compensa economicamente utilizar o aeroporto de Itanhaem. No máximo cogitar em usar algum aeródromo no litoral norte paulista (ex. Ubatuba), ou sul fluminense (ex. Angra dos Reis), mas em ambos, assim como em Itanhaem, a logística de pessoas é bem pior que no Rio de Janeiro.