O aeroporto de Itanhaém, que já teve movimento intenso e impulsionou a economia do Litoral Sul, hoje opera em ritmo reduzido após a transferência das operações da Petrobras para o Rio de Janeiro. A estrutura segue moderna, mas subutilizada.
O Aeroporto Antônio Ribeiro Nogueira Júnior, em Itanhaém, já teve dias de intenso movimento, com aeronaves decolando e pousando em ritmo constante e a economia local crescendo ao redor.
Hoje, porém, o terminal litorâneo vive uma realidade bem diferente.
Após a decisão da Petrobras de concentrar os voos de transporte de trabalhadores e suprimentos das plataformas da Bacia de Santos no estado do Rio de Janeiro, o aeroporto passou a operar muito abaixo de sua capacidade.
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Potencial do aeroporto de Itanhaém
Localizado às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, o aeroporto foi inaugurado em meados do século passado e chegou a registrar dezenas de milhares de operações por ano.
Naquele período, o crescimento da aviação regional impulsionava também o comércio e os serviços da cidade, atraindo novas empresas e movimentando empregos.
Estudos de entidades do setor indicam que a estrutura poderia atender mais de 100 mil passageiros por ano, considerando o porte da pista e o fluxo regional.
No entanto, o número atual de embarques e desembarques representa apenas uma fração desse potencial.
O terminal, que chegou a movimentar cerca de 19 mil passageiros em seu auge, hoje funciona quase como um aeroporto fantasma, limitado a voos executivos e de instrução.
Decisão da Petrobras mudou o cenário
A reconfiguração logística da Petrobras alterou o cenário de vez.
Ao transferir para aeroportos fluminenses — como Maricá e Jacarepaguá — as operações ligadas à Bacia de Santos, a empresa reduziu drasticamente o volume de voos em Itanhaém.
A estatal afirma que a redistribuição das bases aéreas visa otimizar a segurança e a eficiência operacional, avaliando continuamente as necessidades logísticas de suas unidades offshore.
Com isso, o deslocamento dos trabalhadores passou a ser feito de forma mais longa e custosa.
Funcionários que moram na Baixada Santista agora precisam viajar até Congonhas, em São Paulo, e de lá embarcar para o Rio de Janeiro.
Terceirizados, por sua vez, seguem por via terrestre até as cidades fluminenses onde acontecem os embarques para as plataformas.
Impactos econômicos no Litoral Sul
O impacto foi imediato para a economia da cidade.
Hotéis, restaurantes e pequenos prestadores de serviço, que antes dependiam do fluxo de profissionais ligados à indústria do petróleo, viram o movimento cair vertiginosamente.
Em nota, a Prefeitura de Itanhaém reconhece que a decisão da Petrobras causou prejuízos diretos à rede hoteleira, ao comércio e à prestação de serviços.
A ausência dos voos regulares também freou investimentos privados no entorno do aeroporto.
Empresários do setor aéreo e de logística apontam que a ociosidade da pista representa um desperdício de infraestrutura em uma das regiões com maior potencial turístico e industrial do litoral paulista.
Estrutura pronta, mas sem uso comercial
O aeroporto passou por reformas e recebeu investimentos significativos tanto da Petrobras quanto do governo estadual.
Foram aplicados milhões de reais em obras de segurança, sinalização e melhorias no terminal de passageiros.
A gestão do espaço foi transferida para a Rede Voa SP, concessionária que administra outros aeroportos regionais paulistas.
Com uma pista que permite receber aeronaves de médio porte — como os Boeings 737 —, o terminal tem condições técnicas para operar voos comerciais com até 100 passageiros.
Mesmo assim, a ausência de demanda corporativa e de rotas regulares mantém o local subutilizado.
Segundo a administração da Rede Voa, o aeroporto continua ativo para aviação geral, helicópteros e táxis aéreos, mas sem volume suficiente para retomar a rotina dos anos mais prósperos.
Indústria do petróleo e esvaziamento regional
Para representantes da Federação Nacional dos Petroleiros, o declínio das operações está ligado não apenas à escolha logística da Petrobras, mas também à redução das exigências de conteúdo local na cadeia do petróleo.
Segundo o secretário-geral Adaedson Costa, quando havia obrigatoriedade de contratação de serviços brasileiros, a atividade em Itanhaém era intensa e havia projeções de expansão.
Com o fim dessa política, a empresa concentrou suas bases em outros estados e esvaziou parte da operação paulista.
Essa mudança de política industrial afetou a dinâmica econômica da região, que perdeu contratos, fornecedores e empregos indiretos ligados ao setor naval e aéreo.
A centralização das atividades no Rio também levou para lá parte da arrecadação e do investimento que antes ficavam no Litoral Sul paulista.
Futuro incerto e potencial adormecido
Especialistas do setor aéreo afirmam que o aeroporto possui todas as condições técnicas para voltar a receber grandes operações, caso surja nova demanda corporativa ou turística.
O crescimento da aviação regional em São Paulo e o avanço de polos logísticos próximos podem reacender o interesse de empresas em utilizar a estrutura.
Enquanto isso, o terminal segue operando de forma modesta, sustentado por voos particulares, treinamentos e manutenções.
A paisagem, que já foi marcada por helicópteros da Petrobras cruzando o céu rumo ao pré-sal, hoje é mais silenciosa, simbolizando uma mudança de ciclo na economia da cidade.
A Petrobras, por sua vez, mantém a posição de que revisa periodicamente sua malha de transporte aéreo e que qualquer ampliação de base depende de critérios técnicos e de segurança.
A prefeitura e entidades locais ainda buscam alternativas para atrair novos investimentos e diversificar o uso do espaço.
Diante do potencial logístico e da infraestrutura disponível, o que seria necessário para que o aeroporto de Itanhaém volte a decolar e recupere o movimento que um dia impulsionou toda a região?