Nova tecnologia nuclear promete revolucionar a matriz energética global com custo de US$ 9 bilhões, energia limpa e produção escalável nos EUA até 2030
Uma nova fase na geração de energia está prestes a começar nos Estados Unidos. O país acaba de aprovar o projeto de um mini reator nuclear modular avaliado em US$ 9 bilhões, que pode redefinir o futuro energético mundial e representar um grande passo rumo à eliminação do uso do petróleo. A iniciativa é da empresa americana NuScale Power, que aposta em um modelo de geração nuclear compacta, segura e escalável, capaz de entregar até 462 megawatts por planta.
A tecnologia, conhecida como Small Modular Reactor (SMR), já despertou o interesse de gigantes do setor energético e empresas de tecnologia. Produzidos em fábricas e transportados prontos para instalação, os módulos prometem reduzir custos, acelerar a transição energética e garantir segurança superior aos reatores tradicionais. Com o selo de aprovação da Comissão Reguladora Nuclear dos EUA, o projeto aguarda apenas empresas parceiras para ser construído e ativado.
O que é um mini reator nuclear modular?
A proposta da NuScale Power se destaca pela inovação no formato e na operação. Em vez de construir grandes usinas no local, os mini reatores nucleares são fabricados em série e levados ao local de operação, prontos para serem instalados. Cada módulo pode gerar 77 megawatts, e as plantas podem reunir até 12 módulos, somando 924 megawatts.
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A produção em fábrica é um diferencial chave. Com isso, os reatores reduzem o tempo de construção, os riscos de obra e os custos logísticos. A ideia é que funcionem como uma solução “plug and play”, sendo instalados rapidamente em locais remotos, bases militares, data centers ou regiões carentes de energia.
Além disso, o projeto inclui recursos de segurança passiva, que funcionam sem a necessidade de intervenção humana em caso de falhas. Esse é um avanço considerável em relação aos sistemas nucleares tradicionais.
Por que o projeto ainda não saiu do papel?
Apesar de todas as promessas, o mini reator nuclear ainda não foi construído. A aprovação recente da NRC (Comissão Reguladora Nuclear) nos EUA permite que ele seja licenciado, montado e operado, mas isso depende de clientes interessados em arcar com o investimento bilionário.
Vale lembrar que a NuScale Power já teve um projeto cancelado em 2023, o Carbon Free Power Project, mesmo com subsídio de US$ 1,35 bilhão do governo. O motivo foi o aumento dos custos e a desistência de parceiros. Agora, a empresa tenta uma nova abordagem em parceria com a Entra1, que possui os direitos comerciais globais da tecnologia.
As negociações com potenciais compradores seguem em andamento. Entre os interessados, estão grandes empresas de tecnologia que pretendem abastecer centros de dados com energia limpa e constante até o fim da década.
O desafio econômico dos SMRs
O principal obstáculo para o avanço dos mini reatores nucleares está nos custos. O Instituto de Análises Econômicas de Energia (IEEFA) estima que o projeto da NuScale pode custar até US$ 9 bilhões, considerando não só a construção dos módulos, mas também os gastos com regulamentação, infraestrutura e operação.
Estudos recentes indicam que o custo nivelado de energia (LCOE) dos SMRs ainda é superior ao de fontes renováveis como solar e eólica. Ainda assim, os defensores da tecnologia argumentam que o potencial de produção em escala, aliado à flexibilidade e segurança, pode compensar os valores mais altos em longo prazo.
Em países como o Canadá e China, projetos similares já estão sendo construídos com sucesso, o que pode abrir caminho para o desenvolvimento em massa dessa nova geração de reatores.
Reatores modulares e o futuro da energia global
O conceito de mini reator nuclear modular vem ganhando força como uma alternativa viável para a transição energética global. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o uso de energia nuclear precisa dobrar até 2050 para que o mundo alcance as metas de emissões líquidas zero.
Os SMRs podem ser fundamentais nesse processo, especialmente por sua capacidade de serem implantados rapidamente, com menos exigências de infraestrutura e em regiões isoladas. Além da geração elétrica, eles podem ser utilizados para dessalinização, produção de hidrogênio e aquecimento industrial.
O sucesso do projeto americano pode colocar os Estados Unidos na vanguarda de uma nova era energética, competindo diretamente com os avanços já consolidados de China e Rússia, que operam seus primeiros reatores modulares desde 2020.
A promessa e a crítica: é realmente o fim do petróleo?
Ainda é cedo para cravar o fim do petróleo, mas os mini reatores nucleares surgem como uma arma poderosa no arsenal das energias limpas. Críticos alertam para a geração de resíduos radioativos e os custos altos de implantação, mas os defensores argumentam que a eficiência, a segurança e a neutralidade de carbono são argumentos suficientes para justificar o investimento.
Se os projetos como o da NuScale Power vingarem, veremos um avanço sem precedentes na democratização do acesso à energia limpa. Com uma matriz energética mais segura, resiliente e descentralizada, o impacto sobre o consumo de combustíveis fósseis pode ser massivo nas próximas décadas.