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Adeus, cimento? cientistas criam concreto sustentável com entulhos de obras

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 21/06/2025 às 00:02
Japão transforma entulho e vidro em concreto sustentável que pode substituir o cimento e mudar o futuro da construção civil no mundo.
Japão transforma entulho e vidro em concreto sustentável que pode substituir o cimento e mudar o futuro da construção civil no mundo.
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Pesquisadores japoneses revelam um material revolucionário feito com restos de obras e vidro moído, capaz de substituir o cimento tradicional e enfrentar o impacto ambiental causado por construções modernas em larga escala.

Um novo material desenvolvido por cientistas no Japão propõe uma alternativa ao cimento convencional utilizado na construção civil.

A inovação, criada com resíduos como vidro moído e poeira de demolições, foi projetada para atuar como solidificante de solo e já demonstrou resistência suficiente para aplicações em estruturas como estradas, edifícios e pontes.

A proposta visa substituir o Cimento Portland, responsável por aproximadamente 8% das emissões globais de dióxido de carbono (CO²), conforme dados de organismos internacionais.

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Esse impacto ambiental está diretamente ligado à calcinação do calcário, processo essencial na fabricação do cimento tradicional, que libera grandes volumes de CO² na atmosfera.

De acordo com os testes realizados, o novo concreto sustentável apresentou níveis de compressão compatíveis com os padrões exigidos para a estabilização de solos em obras de grande porte.

Os resíduos passam por um processo térmico específico que ativa suas propriedades ligantes, transformando-os em uma massa sólida de alta durabilidade.

Concreto sustentável com segurança ambiental

O estudo conduzido por uma equipe liderada pelo pesquisador Shinya Inazumi, da Universidade de Tohoku, detalha que a fórmula foi aprimorada após a identificação inicial de vazamento de arsênio.

A introdução de hidróxido de cálcio na composição eliminou esse risco, tornando o material ambientalmente seguro para uso em obras civis.

Além da resistência mecânica, o material se destacou por características como endurecimento acelerado, boa trabalhabilidade e estabilidade frente a variações climáticas severas.

Foi avaliado também quanto à exposição a sulfatos, cloretos e ciclos repetidos de congelamento e descongelamento, com resultados considerados satisfatórios para aplicação prática.

A formulação foi classificada como geopolimérica, o que significa que se baseia na ativação alcalina de resíduos industriais, sem uso de clínquer ou outros insumos convencionais da cadeia do cimento.

Isso posiciona o material como um material ecológico de construção, com vantagens logísticas e ambientais em relação aos compostos tradicionais.

Material ecológico de construção reaproveita entulhos

O reaproveitamento de sobras de obras e materiais não recicláveis, como fragmentos de vidro, está no centro da proposta.

Segundo informações divulgadas no portal Interesting Engineering, o uso do novo solidificante permite dar destino útil a resíduos frequentemente descartados em aterros sanitários ou em áreas irregulares.

O cenário global apresenta demanda crescente por alternativas de baixo carbono, principalmente diante de compromissos climáticos internacionais.

Nesse contexto, o novo concreto sustentável surge como tecnologia potencialmente aplicável em diferentes países e regiões.

No Brasil, por exemplo, estimativas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) indicam que cerca de metade dos resíduos urbanos sólidos provém de construções e demolições.

A adaptação de soluções similares poderia contribuir para a redução do volume descartado e para o desenvolvimento de técnicas construtivas mais limpas.

Alternativa ao cimento adaptável e de baixo custo

A equipe responsável pelo desenvolvimento afirma que o composto pode ser ajustado com variações locais dos insumos, o que facilita sua produção descentralizada e regional.

Tal adaptabilidade amplia o potencial de uso em países em desenvolvimento ou em áreas de infraestrutura crítica.

As aplicações sugeridas não se limitam a grandes obras. O material pode ser empregado também na produção de blocos de solo compactado, técnica adotada em sistemas construtivos de baixo custo e menor impacto ambiental.

A resistência a agentes químicos e fatores climáticos reforça seu uso em locais sujeitos a intempéries.

Estudos futuros preveem testes em campo e expansão da escala de produção. Até o momento, os experimentos foram conduzidos em laboratório com foco em desempenho físico-químico e segurança ambiental.

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Segundo os pesquisadores envolvidos, a utilização de resíduos industriais abundantes e de baixo valor comercial pode reduzir significativamente os custos de produção.

Ao mesmo tempo, pode contribuir para o cumprimento de metas ambientais em setores ligados à construção civil.

O material integra uma linha crescente de tecnologias voltadas à construção sustentável e à redução de emissões.

Esses temas vêm ganhando relevância em políticas públicas e programas internacionais voltados à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

Considerando o impacto ambiental do setor da construção e a necessidade global de soluções mais sustentáveis, o uso de materiais alternativos como este pode ser incorporado a políticas de incentivo e regulamentações futuras?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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