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Acordo nuclear para fornecimento de urânio com a Rússia dá segurança energética ao Brasil, afirma especialista

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 19/12/2022 às 16:55
Atualizado em 21/12/2022 às 10:18
Acordo nuclear para fornecimento de urânio com a Rússia dá segurança energética ao Brasil, afirma especialista
Folhapress / Sérgio Lima

Brasil e Rússia fecham acordo nuclear para fornecimento de urânio que pode fortalecer a segurança energética brasileira.

A Internexco, subsidiária da estatal nuclear russa Rosatom, assinou um contrato, no dia 7 de setembro, para a venda de urânio às usinas nucleares brasileiras a partir do próximo ano. De acordo com a empresa russa, o contrato é fruto de uma licitação internacional aberta e é o primeiro contrato de longo prazo com o país para fornecimento de produtos de urânio enriquecido na história da estatal russa. 

Rosatom e Enbpar assinam memorando de entendimento

Em uma primeira análise, as usinas nucleares de Angra dos Reis, Angra 1 e Angra 2, situadas no estado do Rio de Janeiro, podem ser as maiores contempladas com o acordo nuclear. As unidades possuem capacidade instalada de 640 e 1.350 MW respectivamente.

Desta forma, com a finalização de Angra 3, o setor dará um grande salto, gerando uma maior segurança energética. Neste sentido, é importante destacar que, em outubro deste ano, a Rosatom e a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A (Enbpar), assinaram um memorando de entendimento para ampliar a parceria para áreas como construção, descomissionamento e operação de novas usinas nucleares de alta capacidade com base em tecnologias russas no país.

Os tratados estão acontecendo, na avaliação de Inácio Loiola Pereira Campos, professor aposentado de energia nuclear da UFMG e delegado da associação, porque há uma grande demanda internacional por energia, e o Brasil pode figurar como um país-chave nesse cenário, ao se tornar um possível grande exportador de energia. E a Rússia, por sua vez, também possui ganhos essenciais ao estreitar os laços com o maior mercado da América Latina e um aliado internacional dentro da configuração do BRICS.

Angra 3 terá potência de 1,4 GW

Segundo Inácio, a energia nuclear, uma central termonuclear, na verdade, significa uma energia sólida, gerando uma maior segurança energética. Sendo uma energia com a qual se pode contar com sua produção o dia inteiro, ao contrário das usinas solares e de energia eólica, por exemplo. Além disso, a energia nuclear passou por várias revisões de ambientalistas nos últimos anos, e tendo sido reclassificada como uma energia sustentável, revelou-se benéfica para a sociedade.

Seu modelo novo de usinas, com reatores menores, também chamados de pequenos reatores modulares, geram consideravelmente menos impacto ao meio ambiente além de ter um custo  menor. Segundo Inácio, com esse acordo nuclear com o Brasil para o fornecimento de urânio, a Rússia chegou ao maior mercado de produtos de urânio na América Latina.

O país possui parceria com a Bolívia e Argentina, mas a demanda brasileira é muito maior, porque o país possui uma dimensão continental. A capacidade de produção de Angra 3 é de aproximadamente  1,4 GW, cerca de um décimo da capacidade de Itaipu.

Rússia ajudará o Brasil com a segurança energética

Para Loiola, além do documento da produção de energia nuclear que poderia ser utilizada para o avanço do Brasil, o contrato chega em um momento essencial para o país, pois o mundo demanda cada vez mais energia limpa e a estatal russa, Rosatom, poderia ajudar a maior economia da América Latina a avançar alguns anos no complexo cronograma científico para o enriquecimento de urânio.

Segundo o engenheiro nuclear, o contrato possibilitará ao Brasil queimar etapas no enriquecimento de urânio. Se o Brasil tivesse que desenvolver na totalidade a sua demanda de urânio enriquecido, seriam necessários anos.

Quando se utiliza o urânio em uma usina para a geração de energia elétrica, o grau de concentração fica na faixa de 3%. Caso seja usado para propulsão naval, é na faixa de 20%.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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