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Acelerador de partículas brasileiro, único no hemisfério sul, gera luz mais brilhante que o Sol para criar novos remédios, combater vírus e revolucionar a indústria nacional

Escrito por Carla Teles
Publicado em 05/10/2025 às 21:02
Acelerador de partículas brasileiro, único no hemisfério sul, gera luz mais brilhante que o Sol para criar novos remédios, combater vírus e revolucionar a indústria nacional
Descubra o Sirius, o acelerador de partículas brasileiro que gera uma luz única para criar novos remédios, combater vírus e revolucionar a ciência no Brasil.
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Localizado em Campinas, o laboratório de luz síncrotron coloca o Brasil na vanguarda da pesquisa mundial, permitindo enxergar a matéria em um nível atômico sem precedentes.

O Sirius, o acelerador de partículas brasileiro, é a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no país. Considerado um dos três únicos aceleradores de elétrons de quarta geração do mundo, ele funciona como um “supermicroscópio” capaz de revelar a estrutura de materiais em nível atômico. Segundo informações do canal do Estadão, que realizou uma visita técnica ao local, o objetivo principal não é colidir partículas, mas sim produzir uma luz extremamente brilhante e focada, conhecida como luz síncrotron.

Essa tecnologia de ponta, instalada no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) em Campinas (SP), posiciona o Brasil como um polo de pesquisa global. O impacto do Sirius vai além da ciência pura, abrindo caminho para inovações em áreas estratégicas como saúde, com o desenvolvimento de novos fármacos; agronegócio, na criação de fertilizantes mais eficientes; e energia, com a pesquisa de materiais para baterias e exploração de petróleo.

O que é e onde fica o “Maracanã da ciência”?

Apelidado de “Maracanã da ciência brasileira” devido às suas dimensões monumentais, o Sirius ocupa uma área de 68 mil metros quadrados, como destacado pelo canal do Estadão. A estrutura é supervisionada e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, representando um marco na autonomia científica do Brasil. O complexo foi projetado para abrigar não apenas os aceleradores, mas também laboratórios de ponta chamados de “estações de pesquisa” ou “linhas de luz”, onde os experimentos de fato acontecem.

É fundamental entender que, diferentemente de outros aceleradores famosos, o Sirius não é um colisor de partículas. Seu propósito é acelerar elétrons até uma velocidade próxima à da luz para que eles emitam uma radiação eletromagnética de altíssimo brilho. Essa luz é, então, direcionada para as amostras que os cientistas desejam estudar, funcionando como uma fonte de iluminação capaz de revelar detalhes que seriam impossíveis de observar com microscópios convencionais, permitindo a análise de moléculas, átomos e suas interações.

Como o Sirius gera uma luz mais brilhante que o Sol?

O processo para gerar a luz síncrotron é uma proeza da engenharia e da física, ocorrendo em três etapas principais dentro de um túnel com paredes de um metro de espessura para garantir o isolamento da radiação. Primeiramente, os elétrons são gerados e recebem uma aceleração inicial em um acelerador linear (Linac). Em seguida, eles são injetados em um segundo acelerador circular, chamado Booster, onde sua energia é elevada drasticamente em uma fração de segundo.

Após atingirem a energia ideal, os elétrons são transferidos para o anel principal, o acelerador de armazenamento, onde viajam a uma velocidade próxima à da luz, completando cerca de 600 mil voltas por segundo. É neste anel que a mágica acontece: uma série de ímãs superpotentes força os elétrons a mudarem de direção constantemente. De acordo com as leis da física, toda vez que uma partícula carregada, como um elétron, é desviada de sua trajetória, ela emite energia na forma de radiação eletromagnética. No Sirius, essa emissão é a poderosa e concentrada luz síncrotron.

Da luz à descoberta: uma visita às estações de pesquisa

Uma vez produzida, a luz síncrotron é canalizada do anel principal para as estações de pesquisa, que são laboratórios altamente especializados. Cada estação, ou linha de luz, é otimizada para um tipo diferente de experimento. Um exemplo notório, citado pelo canal do Estadão, é a estação Manacá, que ganhou destaque durante a pandemia. Ela foi utilizada para mapear, com precisão atômica, uma das proteínas do vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, uma etapa crucial para o desenvolvimento de medicamentos e vacinas.

Dentro de uma estação, a luz passa por uma série de instrumentos antes de atingir a amostra. Primeiro, em uma “cabana óptica”, um dispositivo chamado monocromador filtra a luz, selecionando exatamente o “comprimento de onda” necessário para o experimento. Depois, na “cabana experimental”, esse feixe de luz purificado atinge a amostra, que pode ser um cristal de proteína muito mais fino que um fio de cabelo. A forma como a luz interage com a amostra gera padrões que são capturados por detectores e, com a ajuda de computadores, os cientistas conseguem reconstruir a estrutura tridimensional do material, átomo por átomo.

Por que o Sirius é estratégico para o Brasil?

O status do Sirius como um dos três únicos aceleradores de quarta geração do mundo, ao lado de projetos na Suécia e na França, confere ao Brasil uma vantagem competitiva e soberania científica. A quarta geração se destaca por produzir um feixe de luz extremamente fino e concentrado, o que permite analisar amostras minúsculas com uma resolução nunca antes vista. Isso significa que os pesquisadores brasileiros agora podem responder a perguntas científicas complexas sem precisar buscar tempo de máquina em laboratórios estrangeiros.

Essa capacidade autônoma é vital para enfrentar desafios nacionais e globais. Com o Sirius, o país pode liderar pesquisas sobre a biodiversidade da Amazônia, desenvolver novos materiais para a indústria, otimizar a produção de alimentos e estar mais preparado para futuras pandemias. Conforme apontado na reportagem do canal do Estadão, ter uma ferramenta tão versátil e poderosa em solo nacional não apenas atrai talentos, mas também garante que o conhecimento gerado aqui possa ser aplicado diretamente para resolver os problemas do Brasil e do mundo.

O Sirius é muito mais do que uma máquina grandiosa; é um investimento estratégico no futuro da ciência, tecnologia e inovação do Brasil. Ele capacita a comunidade científica a trabalhar na fronteira do conhecimento, gerando descobertas que podem transformar a saúde, a indústria e o meio ambiente.

O investimento em uma estrutura como o Sirius é o caminho para consolidar o futuro da ciência e tecnologia no Brasil? Qual área você acredita que será mais impactada por essas pesquisas nos próximos anos? Deixe sua opinião nos comentários, queremos saber sua perspectiva.

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Carla Teles

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