Fraudes vão além da gasolina adulterada e incluem “bomba chipada”, bandeira fake, lubrificantes piratas e restrições de pagamento suspeitas. Veja sinais de alerta, como testar na hora, e onde denunciar com respaldo da ANP.
Mesmo com avanços regulatórios e mais informação disponível, golpes continuam explorando brechas na hora de abastecer. As fraudes e golpes vão da adulteração do combustível a esquemas de fraude volumétrica na bomba, passando por bandeira falsa, restrições suspeitas de pagamento e lubrificantes irregulares. O objetivo é sempre o mesmo: enganar o consumidor e aumentar o lucro de forma ilícita.
Desde 1º de agosto de 2025, a gasolina no Brasil passou a ter mistura obrigatória de 30% de etanol anidro (E30), decisão tomada em 25 de junho pelo CNPE. A mudança trouxe dúvidas sobre o que é irregular e o que está dentro da regra. Importante: E30 é legal. Fraude é exceder limites, usar solventes proibidos ou empregar metanol, que é tóxico.
A ANP vem reforçando a fiscalização da qualidade e da fraude volumétrica nas bombas, com operações e interdições em vários estados. Essas ações verificam a procedência do combustível e se a bomba entrega a quantidade correta. A Agência também esclareceu que o teste da proveta e demais ensaios continuam válidos após o E30, e que os postos devem exibir corretamente preços e condições de pagamento ao consumidor. Agora, veja os 6 principais golpes aplicadas em postos:
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1 – Gasolina adulterada: excesso de etanol, solventes e até metanol
Golpistas seguem misturando álcool acima do limite e solventes para baratear o produto, o que reduz desempenho, aumenta consumo e pode causar pane. E30 não é adulteração, mas excesso acima de 30% é fraude e deve ser coibido.
Casos recentes expuseram metanol em postos do interior de São Paulo, com interdições e prisão de envolvidos. O metanol é corrosivo e tóxico, um risco para consumidores e trabalhadores.
Como se proteger: peça o teste de qualidade na sua frente, exija nota fiscal e desconfie de preços muito abaixo da média local. Em caso de suspeita, registre denúncia na ANP.
2 – Etanol “batizado” com água
A adulteração do etanol com água derruba a eficiência e pode causar falhas em bicos injetores e perda de potência. O problema pode ocorrer na mistura do tanque do posto ou no próprio abastecimento.
Sinais no dia a dia incluem engasgos, consumo anormal e luz de injeção acesa logo após abastecer. Se desconfiar, volte ao posto e registre formalmente.
O teste da proveta e avaliações simples no balcão são previstos em norma e devem ser realizados gratuitamente quando o consumidor solicitar. Se houver recusa, denuncie.
3 – “Golpe da Bomba chipada”: fraude volumétrica que entrega menos do que cobra
A chamada fraude volumétrica manipula a bomba para marcar mais litros do que realmente entram no tanque. Relatos de “bombas chipadas” e ações de fiscalização reforçam o risco ao consumidor.
O Ipem-SP detectou equipamentos com indícios de fraude e destacou que, além de autuar o posto, pode responsabilizar a oficina que fez a manutenção irregular. Há também novas bombas 4.0 que detectam erro e exibem mensagem no visor, fortalecendo o combate.
Dica prática: peça por litros e não por valor. Conhecer a capacidade do tanque ajuda a perceber discrepâncias. Em auditorias, o volume padrão de 20 litros é referência para aferição no local.
4 – “Postos clones” e bandeira fake
Há estabelecimentos bandeira branca que utilizam ilegalmente cores, marcas e uniformes de redes conhecidas para atrair o motorista apressado. Essa prática engana sobre a origem do combustível e pode vir associada a outras fraudes.
Levantamentos destacam autuações por exibição indevida de marca e falta de informação sobre o fornecedor real na bomba, caracterizando propaganda enganosa e violação de regras de transparência.
Como checar: observe a placa obrigatória com CNPJ, autorização da ANP e razão social. Se a bandeira anunciada não bate com a marca da bomba, há indício de irregularidade. Prefira postos de confiança.
5 – Pagamento só em dinheiro ou Pix como alerta
Restrições de pagamento, especialmente à noite e de forma seletiva, podem indicar tentativa de burlar rastreabilidade. Investigações federais recentes miram postos usados por organizações criminosas para fraudes e lavagem.
A ANP exige clareza total na exibição de preços e condições. Se houver diferença entre valores cobrados em dinheiro, cartão ou aplicativo, isso deve estar claramente sinalizado e o que aparece no painel deve bater com a bomba.
Se você se sentir coagido a pagar de um único jeito, guarde a nota, fotografe a sinalização e denuncie. Irregularidade em meios de pagamento pode vir acompanhada de combustível ruim.
6 – Óleo lubrificante errado, falsificado ou reprocessado
A pirataria de lubrificantes cresceu e já preocupa o setor. Estimativas e reportagens recentes citam que cerca de 20% dos lubrificantes vendidos são adulterados, falsificados ou reaproveitados, com prejuízo bilionário e risco de quebra de motor.
Para não cair no golpe: siga estritamente a especificação do manual do veículo e verifique se o produto tem registro na ANP. Operações vêm apreendendo milhares de litros irregulares e reforçando a fiscalização no país.
Exija nota fiscal, desconfie de ofertas “imperdíveis” e evite completar óleo sem ter certeza da marca e viscosidade corretas.
Como testar e denunciar: passo a passo
O teste de qualidade é um direito. O posto é obrigado a ter kit de análise e realizar os ensaios na sua frente, gratuitamente, sempre que solicitado. Se negar, isso deve ser registrado em denúncia.
Para fraude volumétrica, a aferição com medida-padrão de 20 litros é referência. A diferença máxima permitida é estreita; resultados abaixo do limite indicado configuram irregularidade do equipamento.
Canais oficiais: CRC-ANP 0800-970-0267 e Fale Conosco no site da ANP. Anote CNPJ do posto, endereço, data, hora e guarde a nota fiscal. Em situações de risco ou crime, acione a polícia local.
E30 mudou a regra. O que continua sendo fraude
Com o E30 em vigor, a presença de até 30% de etanol anidro na gasolina é legal e acompanhada por protocolos de teste. A ANP já orientou o setor e esclareceu que a fórmula do teste da proveta não mudou.
O que segue sendo fraude: álcool acima de 30%, presença de metanol, solventes proibidos e manipulação de bombas para entregar menos. Interdições recentes confirmam que o cenário ainda exige atenção do consumidor.
Resumo prático: prefira postos de confiança, observe sinalização e faça o teste quando desconfiar. Informação e hábito de verificar são as melhores defesas.