China usa controle de terras raras e de semicondutores para pressionar EUA e aliados e evidencia que domina pontos críticos da cadeia global de tecnologia.
A China saiu da posição defensiva e passou a usar seus ativos estratégicos para mostrar que consegue limitar o acesso do mundo a insumos fundamentais da tecnologia. O recado é simples e direto para os Estados Unidos e para quem estiver na órbita norte-americana: se o cerco aos produtos chineses continuar, Pequim consegue dificultar a vida de toda a cadeia de eletrônicos, da indústria bélica aos carros elétricos. Essa virada expõe que a China não é apenas um grande produtor, mas a guardiã de etapas que ninguém mais domina no mesmo nível.
De acordo com o portal UOL, a estratégia aparece em dois movimentos recentes que se encaixam perfeitamente. Primeiro, o aperto sobre a exportação de terras raras e da própria tecnologia para processá-las. Depois, a reação ao caso envolvendo uma empresa chinesa de semicondutores com atuação na Europa, episódio que mostrou que a disputa saiu do campo comercial e entrou no campo de soberania. Em ambos, a mensagem foi a mesma: a China sabe onde o mundo é dependente e passou a usar isso como instrumento de pressão.
Por que a China virou o jogo
Durante anos, a disputa parecia de mão única, com os Estados Unidos restringindo o acesso chinês aos chips mais avançados, especialmente os usados em inteligência artificial e em aplicações militares. Só que esse cenário mudou.
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A China entendeu que também tem peças-chave desse tabuleiro e decidiu usá-las, deixando claro que não vai mais apenas responder depois, mas antecipar movimentos.
O ponto central é que a cadeia global de tecnologia não depende só dos chips de ponta que os EUA tentam proteger.
Ela também depende dos insumos e dos componentes considerados menos glamorosos, mas absolutamente essenciais para que tudo funcione. E justamente nessas partes a China está à frente.
Terras raras como arma econômica
O caso das terras raras é o exemplo mais didático. Quando o governo chinês começou a falar em controlar com mais firmeza a exportação desses minerais e, principalmente, da tecnologia de processamento, o recado foi direto.
Não é só o minério que está sob controle da China. É o conhecimento de como transformá-lo em algo utilizável, e quase ninguém tem essa etapa dominada.
Esses materiais entram em satélites, sistemas de defesa, motores elétricos e toda uma geração de equipamentos de alta tecnologia. Se a torneira aperta, o impacto não é imediato, mas ele chega.
Analistas lembram que desenvolver a mesma capacidade fora da China poderia levar de 5 a 10 anos, o que significa que os países que quiserem autonomia vão ter de negociar com Pequim nesse intervalo.
Isso dá poder de barganha e tempo político para a China.
Chips de baixa densidade também travam o mundo
Há outra frente que passou a chamar atenção: a dos semicondutores chamados de mais simples. Eles não são os chips de última geração que aparecem nas manchetes, mas são os que permitem que carros, smartphones e eletroeletrônicos funcionem. Sem esses componentes de baixa densidade, um Tesla não funciona e um iPhone não funciona.
Quando uma empresa chinesa desse setor entra no foco das restrições ocidentais e a China responde dizendo que vai decidir o que pode ou não ser exportado, o risco passa a ser de ruptura na cadeia.
Montadoras europeias já veem esse cenário como ameaça real, com previsões de que uma interrupção pode levar meses para ser absorvida. É o tipo de gargalo que não se resolve apenas comprando de outro fornecedor.
A intervenção em aliados dos EUA
O episódio envolvendo a atuação do governo holandês sobre a subsidiária de uma empresa chinesa mostrou outro aspecto dessa disputa. Países aliados dos Estados Unidos foram pressionados a agir contra uma companhia com origem na China.
A reação chinesa foi dizer, na prática, que tudo o que essa empresa produz na China passa a depender de autorização de Pequim para sair.
Esse movimento é importante porque mostra que a China está disposta a levar o conflito também para o território dos aliados dos EUA, não apenas para o confronto direto com Washington.
Quando isso acontece, toda a cadeia europeia de tecnologia e de automotivo entra em alerta, porque passa a depender de decisões políticas de dois lados ao mesmo tempo.
Efeitos econômicos e tecnológicos
O que está em jogo não é só comércio. É ritmo de inovação. Se setores inteiros precisam esperar de 6 a 9 meses para substituir fornecedores de chips básicos, a consequência é desaceleração de linhas de produção, aumento de custos e perda de competitividade.
Empresas que operam com produção enxuta não têm margem para ficar paradas à espera de um componente.
Além disso, ao controlar insumos e processamento, a China coloca o resto do mundo na posição de pedir acesso à tecnologia chinesa, e não o contrário.
Países que têm reservas de terras raras, como o Brasil, ainda dependem de tecnologia externa para processar esses materiais. Isso faz com que, mesmo tendo o minério, eles precisem negociar com quem domina a etapa mais complexa, que hoje é a China.
O que essa virada indica
O conflito comercial entre China e Estados Unidos entrou em fase de maturidade. Os EUA ainda têm vantagem nos chips mais avançados, mas a China mostrou que domina áreas que são igualmente vitais e que, se forem travadas, geram impacto global. É uma disputa de quem consegue causar mais dor sem paralisar a própria economia.
No momento, a China encontrou pontos muito sensíveis e está usando-os para mostrar que não vai aceitar ficar na posição de mercado disciplinado pelos americanos.
Essa postura também revela que a guerra tecnológica não será decidida em um único produto. Ela será decidida na soma de gargalos.
Quem controlar terras raras, processamento, semicondutores de baixa densidade e acesso a mercados consegue montar uma rede de pressão difícil de ignorar. E nisso a China avançou.
A China provou que não é apenas fábrica do mundo, mas guardiã de etapas críticas da tecnologia moderna e que consegue pressionar até aliados dos Estados Unidos quando vê seu espaço ameaçado.
Esse novo padrão de resposta tende a tornar a disputa mais imprevisível e mais longa, com impactos diretos em preço, oferta e velocidade de inovação.
Agora conta aqui nos comentários: você acha que os EUA conseguem recuperar vantagem sem depender de novo da China ou o jogo já virou de vez para o lado chinês?



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