A venda do campo de petróleo do campo de Golfinho da Petrobras pela norueguesa BW Energy e como a conexão com um campo vizinho está criando uma operação super lucrativa
A venda do campo de petróleo de Golfinho, na Bacia do Espírito Santo, representa um dos mais inteligentes movimentos estratégicos do setor de energia no Brasil. A norueguesa BW Energy comprou o ativo da Petrobras com um plano claro: usar sua infraestrutura e fluxo de caixa para viabilizar a produção de um campo vizinho, Maromba, criando uma operação integrada e altamente eficiente.
O negócio, avaliado em até US$ 75 milhões e concluído em 2023, não foi apenas uma aquisição, mas a criação de um novo “cluster” de produção. Em 2025, a BW Energy avança com seus planos de revitalização, investindo milhões para aumentar a produção de Golfinho e, ao mesmo tempo, dar o passo decisivo para desenvolver o bilionário projeto de Maromba.
A venda do campo de petróleo de US$ 75 milhões, por que a Petrobras vendeu?
A decisão da Petrobras de se desfazer de Golfinho faz parte de sua estratégia de longo prazo de focar seus recursos nos gigantescos campos do pré-sal. Ativos maduros como Golfinho, embora ainda produtivos, tornaram-se não essenciais para a estatal. A venda para a BW Energy foi assinada em junho de 2022, mas enfrentou uma breve suspensão no início de 2023 devido a uma reavaliação da política energética do novo governo.
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Apesar da incerteza, o contrato prevaleceu, e a venda foi concluída em 28 de agosto de 2023. A estrutura financeira foi desenhada para dividir os riscos: a BW Energy pagou apenas US$ 15,2 milhões de forma fixa, e o restante, até US$ 60 milhões, será pago de forma contingente, dependendo do desempenho futuro do campo e do preço do petróleo.
A compra do FPSO Cidade de Vitória
Para garantir total controle e otimizar os custos, a BW Energy fez uma jogada paralela e crucial. Em junho de 2022, a empresa fechou um acordo para comprar a plataforma FPSO Cidade de Vitória da italiana Saipem, por um valor total de US$ 73 milhões.
Ser dona da própria plataforma, em vez de alugá-la, é um pilar da estratégia da BW Energy para reduzir seus custos operacionais (OPEX). A aquisição deu à empresa o controle sobre a principal infraestrutura de produção e o gasoduto que escoa o gás para o continente, peças fundamentais para seus planos futuros.
A estratégia do cluster, usando Golfinho para viabilizar Maromba
A lógica da BW Energy é brilhante: usar um ativo que já gera dinheiro para financiar e diminuir o risco de um projeto novo e muito maior. O fluxo de caixa estável de Golfinho permite que a empresa construa uma equipe operacional experiente no Brasil e financie o desenvolvimento de seu principal projeto de crescimento: o campo de Maromba.
A empresa já está reinvestindo. Em abril de 2025, anunciou a decisão final de investimento no projeto “Golfinho Boost”, um aporte de US$ 107 milhões para aumentar a produção do campo. Este projeto funciona como um trampolim para o desenvolvimento de Maromba, um empreendimento de US$ 1,5 bilhão, cuja decisão final de investimento foi anunciada em maio de 2025.
O futuro do Espírito Santo
Um dos desdobramentos mais importantes após a venda do campo de petróleo foi a extensão da licença de produção de Golfinho. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovou a prorrogação do prazo, que iria até 2031, para o ano de 2042. Essa década adicional de operação muda completamente o perfil do investimento, transformando-o em um ativo de longo prazo.
Com a estratégia do “cluster” em andamento e a licença estendida, a BW Energy se consolida como uma das operadoras independentes mais importantes do Brasil. Seu sucesso em Golfinho serve como um modelo para a revitalização de outros campos maduros, uma tendência que ganha cada vez mais força no setor de energia do país.