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A única capital brasileira fundada por franceses é conhecida como “Ilha do Amor”, tem um centro histórico de azulejos portugueses e uma forte cultura de reggae

Escrito por Carla Teles
Publicado em 19/10/2025 às 20:09
A única capital brasileira fundada por franceses é conhecida como "Ilha do Amor", tem um centro histórico de azulejos portugueses e uma forte cultura de reggae
Descubra São Luís, a única capital brasileira fundada por franceses. Explore sua história, os famosos azulejos portugueses e a cultura que a tornou a Jamaica Brasileira. Imagem: Wikipedia
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Além de ser a única capital brasileira fundada por franceses, São Luís, no Maranhão, é conhecida como “Ilha do Amor”, ostenta um centro histórico de azulejos portugueses e pulsa ao ritmo contagiante do reggae, que lhe rendeu o título de “Jamaica Brasileira”.

São Luís é uma cidade de identidades múltiplas e fascinantes. Conhecida oficialmente por ser a única capital brasileira fundada por franceses, um fato histórico que a distingue no cenário nacional, a capital do Maranhão desafia rótulos fáceis. Suas ruas contam histórias que vão muito além de sua origem europeia, revelando uma paisagem urbana moldada por portugueses, uma cultura popular vibrante e uma alma que ressoa com sons caribenhos. Essa complexidade é visível em seus apelidos, arquitetura e, principalmente, em sua música.

Longe de serem contradições, essas diferentes facetas são camadas de um rico palimpsesto urbano. A herança francesa, o legado arquitetônico português reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO e a poderosa cultura do reggae não são elementos isolados, mas capítulos interligados que formam a biografia de uma das cidades mais singulares do Brasil. Entender São Luís é mergulhar em suas disputas históricas, na opulência de seus casarões e na força cultural que emergiu de sua periferia para conquistar o país.

França, Portugal e Holanda: a gênese disputada da capital

A história de São Luís começa oficialmente em 8 de setembro de 1612, quando uma expedição francesa liderada por Daniel de La Touche estabeleceu o Forte de Saint-Louis em homenagem ao rei Luís XIII. Segundo dados do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o objetivo era ambicioso: criar uma colônia permanente chamada França Equinocial, desafiando o domínio ibérico na América do Sul. Os franceses buscaram alianças com os povos Tupinambá locais, que eram hostis aos portugueses, consolidando sua posição em um território estrategicamente importante.

Apesar do planejamento, a presença francesa foi extremamente breve. A Coroa Portuguesa reagiu rapidamente e, em 1615, apenas três anos após a fundação, forças lideradas por Jerônimo de Albuquerque derrotaram os franceses na Batalha de Guaxenduba, incorporando a cidade ao domínio luso-brasileiro. A instabilidade, no entanto, continuou. Conforme detalhado pelo IPHAN, a cidade ainda seria invadida e ocupada pelos holandeses entre 1641 e 1644, que foram expulsos por uma revolta de colonos locais. Foi somente após esse período conturbado que a colonização portuguesa se consolidou, redesenhando a cidade sob uma nova ótica urbanística.

A cidade dos azulejos: patrimônio mundial em pleno trópico

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Com a consolidação portuguesa, São Luís viveu seu apogeu econômico nos séculos XVIII e XIX, impulsionada pela exportação de algodão e arroz. Essa prosperidade financiou a construção de imponentes solares e sobrados que hoje compõem seu famoso Centro Histórico. Em 1997, esse conjunto arquitetônico foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO, um testemunho de sua preservação e valor excepcionais. A área tombada, segundo o IPHAN, abrange cerca de 4.000 imóveis que formam um exemplo único de cidade colonial portuguesa adaptada ao clima equatorial.

A característica mais marcante dessa arquitetura é o revestimento das fachadas com azulejos. São Luís possui o maior acervo de azulejaria dos séculos XVIII e XIX da América Latina, um detalhe que lhe rendeu o apelido de “Cidade dos Azulejos”. De acordo com o IPHAN, o uso desses materiais, majoritariamente portugueses, não era apenas estético. Os azulejos cumpriam uma função prática crucial: proteger as paredes da umidade das fortes chuvas tropicais e refletir a luz solar, ajudando a manter os ambientes internos mais frescos. Essa solução engenhosa é um símbolo da adaptação da arquitetura europeia às condições locais.

Ilha do Amor ou Atenas Brasileira? Os apelidos que contam histórias

A identidade de São Luís também é expressa por seus múltiplos apelidos, que revelam diferentes épocas e visões sobre a cidade. O mais famoso hoje é “Ilha do Amor”. De acordo com a revista Viagem e Turismo (Abril), a origem do termo é incerta, com teorias que apontam para uma canção popular do compositor Cláudio Fontana ou até mesmo uma campanha de marketing turístico. Independentemente da origem, o apelido foi abraçado pela população e pelos visitantes, que veem no charme das ruas de pedra e no pôr do sol da cidade um cenário genuinamente romântico.

Outro epíteto histórico, embora menos usado atualmente, é o de “Atenas Brasileira”. Esse título surgiu no século XIX, quando São Luís se tornou um importante polo intelectual e literário do país, berço de grandes escritores como Aluísio Azevedo e Graça Aranha. Esse apelido reflete uma autoimagem erudita e eurocêntrica da elite local da época. A convivência desses dois títulos, “Ilha do Amor” e “Atenas Brasileira”, mostra como a percepção da cidade evoluiu, transitando de um ideal de alta cultura para uma imagem mais ligada ao afeto e ao turismo.

Jamaica Brasileira: como o reggae redefiniu a identidade local

A transformação cultural mais impactante de São Luís é, sem dúvida, a que lhe conferiu o título de “Jamaica Brasileira”. Uma análise do portal Brasil de Fato detalha como o ritmo jamaicano, que chegou à cidade no final dos anos 1970, tornou-se um pilar da identidade local. O reggae não foi apenas consumido; ele foi reinventado com características únicas, como o estilo de dança “agarradinho”, que difere do modo como o ritmo é dançado no resto do mundo, e a cultura das radiolas, gigantescos sistemas de som que são o coração das festas.

O movimento cresceu na periferia e, inicialmente, foi visto com desdém pela elite, mas sua força popular foi avassaladora. Um dos fenômenos mais criativos dessa apropriação cultural, segundo o Brasil de Fato, foi a criação dos “melôs”: como as letras em inglês não eram compreendidas, as músicas ganhavam apelidos em português baseados na fonética. O que começou como uma subcultura tornou-se um símbolo oficial, culminando na criação do Museu do Reggae e na sanção da Lei Federal 14.668, em 2023, que conferiu a São Luís o título de Capital Nacional do Reggae. Essa ascensão representa uma redefinição da identidade da cidade, agora marcada pela força de sua cultura afro-diaspórica.

São Luís é uma cidade de muitas camadas, cada uma com sua própria história. Qual dessas facetas mais te surpreendeu? A origem francesa, a beleza dos azulejos portugueses ou a força do reggae? Conte para nós nos comentários qual é a sua visão sobre a identidade dessa capital tão única!

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Carla Teles

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