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A máquina de aço com 13.000 toneladas que escava túneis sob metrópoles sem causar tremores — veja como funciona a TBM, a tuneladora que age como um “tatu mecânico”

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 24/05/2025 às 21:58
Atualizado em 26/05/2025 às 13:01
Gigante de aço com 13.000 toneladas escava túneis sob metrópoles sem causar tremores — veja como funciona a TBM, a tuneladora que age como um tatu mecânico
Foto: robbinstbm – robbinstbm (https://www.robbinstbm.com/products/tunnel-boring-machines/crossover-machines/)
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Poucos a veem, mas ela transforma metrópoles debaixo da terra. Conheça a TBM — a máquina escavadora gigante de 13 mil toneladas que cava túneis sob cidades com precisão cirúrgica e é essencial para o futuro da engenharia subterrânea

A sigla TBM, que vem do inglês Tunnel Boring Machine – túnel TBM, pode parecer técnica, mas representa um dos maiores avanços da engenharia subterrânea moderna. Conhecida no Brasil como “tatuzão“, a TBM é uma máquina escavadora gigante usada para abrir túneis em áreas urbanas densamente povoadas — sem causar danos à superfície ou interromper o trânsito nas cidades.

Com mais de 100 metros de comprimento, 13.000 toneladas de peso e escudos de escavação que ultrapassam os 15 metros de diâmetro, essas máquinas são verdadeiras fábricas móveis subterrâneas. Elas escavam, removem o entulho, instalam anéis de concreto para formar o revestimento interno e seguem cavando — tudo de forma automatizada e com precisão milimétrica.

Como funciona uma máquina que cava túneis sob cidades? Entenda a funcionalidade do túnel TBM

O coração de uma TBM é um disco rotativo na parte frontal chamado de cabeçote de corte. Equipado com dezenas de ferramentas, esse cabeçote gira e escava o solo ou rocha, fragmentando o material enquanto avança lentamente.

Ao mesmo tempo, o sistema de esteiras transporta os resíduos para trás, onde são removidos por trens ou correias. Na parte traseira da máquina, segmentos pré-moldados de concreto são instalados em formato de anéis circulares, formando o túnel.

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Esse processo contínuo permite que a TBM avance até 15 metros por dia, dependendo das condições do solo, tipo de terreno e diâmetro do túnel. Tudo isso com risco mínimo de abalos sísmicos ou desmoronamentos, o que torna a tecnologia ideal para cidades com infraestrutura sensível.

Aplicações da TBM no mundo e no Brasil

As máquinas TBM são usadas em todo o planeta para escavar:

  • Linhas de metrô;
  • Túneis rodoviários;
  • Galerias pluviais;
  • Sistemas de esgoto;
  • Infraestruturas de transporte ferroviário de alta velocidade.

Casos notáveis no mundo:

  • Crossrail (Londres): um dos maiores projetos de infraestrutura da Europa, escavou mais de 42 km de túneis sob a capital britânica com 8 TBMs simultâneas.
  • Gotthard Base Tunnel (Suíça): o mais longo túnel ferroviário do mundo (57 km), escavado em parte com TBMs.
  • Seattle SR 99 Tunnel (EUA): escavado pela “Bertha”, uma TBM com 17,5 metros de diâmetro, uma das maiores já construídas.

E no Brasil?

Metrô de São Paulo é o exemplo mais famoso de uso de TBMs no país. Na Linha 4-Amarela, por exemplo, a máquina “Tatuzão” escavou 6,5 km de túneis sob áreas densamente povoadas como Pinheiros e Consolação. A operação foi tão precisa que os moradores nem perceberam que a escavação passava sob seus pés.

Linha 6-Laranja, em construção, utiliza um dos maiores TBMs já trazidos para o hemisfério sul: com 109 metros de comprimento e quase 11 metros de diâmetro, a máquina é capaz de avançar por solo rochoso e arenoso com igual eficácia.

Por que as TBMs são essenciais na engenharia subterrânea moderna?

A engenharia subterrânea está cada vez mais presente nas cidades modernas, que precisam expandir sem ocupar mais espaço na superfície. Linhas de metrô, túneis de drenagem para evitar enchentes e redes de esgoto enterradas são exemplos de infraestrutura essencial que exige escavação subterrânea eficiente e segura.

As máquinas escavadoras gigantes do tipo TBM oferecem inúmeras vantagens:

  • Segurança: o risco de desabamento é mínimo.
  • Precisão: o curso pode ser programado com exatidão milimétrica.
  • Velocidade: grandes volumes de solo são escavados diariamente.
  • Menor impacto urbano: não há necessidade de grandes valas a céu aberto.

Além disso, as TBMs reduzem o impacto ambiental e social da construção, tornando-se fundamentais em projetos de mobilidade urbana sustentável.

O custo de operar uma TBM: milhões sob a terra

Uma TBM não é barata. Os valores podem ultrapassar os R$ 300 milhões, dependendo do diâmetro e complexidade da máquina. Além disso, há o custo logístico de montar, operar e desmontar a estrutura.

Cada TBM precisa ser transportada em partes, com centenas de caminhões especiais, e montada no canteiro de obras. O processo de comissionamento e descomissionamento pode levar meses, exigindo profissionais altamente qualificados em mecânica, geotecnia e robótica.

Apesar disso, os benefícios de sua aplicação compensam os custos. Em projetos como o da Linha 6 do Metrô de SP, a economia gerada em desapropriações e interrupções urbanas é gigantesca.

A vida útil das TBMs: reutilização e customização

Após finalizado o túnel, a TBM pode ser:

  • Desmontada e reaproveitada em outro projeto;
  • Vendida a outros países;
  • Ou descartada parcialmente, dependendo do desgaste.

Empresas como a alemã Herrenknecht AG, líder mundial na fabricação de TBMs, desenvolvem modelos customizáveis para diferentes diâmetros, tipos de solo e pressões geológicas. No Brasil, algumas TBMs usadas em São Paulo foram vendidas posteriormente a países da América Latina, com adaptações para novos projetos.

Curiosidades sobre as máquinas escavadoras gigantes

  • Algumas TBMs são batizadas com nomes femininos, tradição que remonta à crença medieval de que figuras femininas protegeriam os mineiros.
  • A TBM usada em Seattle, chamada Bertha, pesava mais de 6.000 toneladas e tinha o diâmetro equivalente a um prédio de cinco andares.
  • Em certos projetos, como o túnel de drenagem do rio Thames (Londres), a TBM operou a mais de 60 metros abaixo da superfície, sem jamais ser vista.

A TBM e o futuro das cidades subterrâneas

Com a escassez de espaço urbano, muitas metrópoles têm investido em infraestruturas subterrâneas. Além de metrôs, também surgem:

  • Estacionamentos subterrâneos;
  • Túneis de cabos elétricos e fibra ótica;
  • Túneis verdes para reuso de água;
  • Linhas expressas subterrâneas para veículos autônomos.

Elon Musk, por exemplo, aposta nesse futuro com sua empresa The Boring Company, que desenvolve túneis de alta velocidade para o transporte urbano em cidades como Las Vegas, utilizando mini-TBMs mais compactas, mas igualmente eficientes.

A expansão da engenharia subterrânea depende diretamente dessas máquinas escavadoras gigantes. A precisão, segurança e eficiência da TBM tornam-nas protagonistas na construção das cidades do futuro — invisíveis, mas fundamentais.

A máquina invisível que transforma cidades

máquina que cava túneis sob cidades não é um monstro devorador de concreto, mas uma aliada silenciosa da engenharia urbana. Com suas dezenas de metros de comprimento e milhares de toneladas de tecnologia, a TBM representa o ápice da engenharia de precisão aplicada ao subsolo.

Enquanto a superfície das metrópoles se torna cada vez mais congestionada, é no subsolo que cresce a esperança de mobilidade, saneamento e infraestrutura. E é lá que as TBMs operam — discretas, potentes e incansáveis.

Em tempos de urbanização acelerada, é impossível imaginar o futuro das grandes cidades sem a atuação de uma máquina escavadora gigante como a TBM. Ela talvez nunca seja vista por quem vive na superfície, mas será, por muitos anos, parte fundamental da base invisível que sustenta a vida urbana.

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Rodrigo Silva
Rodrigo Silva
26/05/2025 21:52

Será que algo impede essa máquina de ser usada nos subterrâneos do Rio de Janeiro? Talvez a Linha 3 já estivesse pronta…

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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