Entenda a manobra estratégica da empresa portuguesa, que consolidou o controle de uma construtora no Brasil dias antes de anunciar dois mega contratos.
Em maio de 2025, a construtora Mota-Engil executou uma das mais inteligentes manobras do mercado de infraestrutura brasileiro. A gigante portuguesa anunciou a compra total da Empresa Construtora Brasil (ECB) e, quase simultaneamente, revelou que a mesma ECB havia garantido dois novos contratos com a Petrobras que, somados, chegam a quase meio bilhão de euros.
Muitos confundiram os números, acreditando que a compra havia custado €490 milhões. No entanto, a realidade é ainda mais estratégica. A Mota-Engil primeiro garantiu 100% do controle da sua subsidiária para, só então, colher 100% dos lucros dos novos e lucrativos contratos. Foi uma jogada dupla que reposiciona a empresa como uma força dominante no setor de Petróleo e Gás no Brasil.
A compra total da Empresa Construtora Brasil (ECB)
No final de maio de 2025, a Mota-Engil anunciou que havia concluído a aquisição dos 50% que ainda não possuía da Empresa Construtora Brasil (ECB), uma empresa sediada em Belo Horizonte e classificada como o sexto maior grupo de construção do país. Com isso, a ECB passou a ser 100% controlada pelo grupo português.
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A parceria entre as duas empresas era antiga, tendo começado em 2012, quando a Mota-Engil comprou a participação majoritária. Um ponto crucial, e que desfaz a confusão do mercado, é que o valor desta aquisição final de 50% não foi divulgado pela companhia.
O que a ECB vai fazer para a Petrobras?
O valor de quase meio bilhão de euros, na verdade, vem da soma de dois grandes projetos que a recém-consolidada ECB ganhou da Petrobras.
O primeiro contrato, de aproximadamente €250 milhões (R$ 1,61 bilhão) e com duração de 48 meses, é para a manutenção, construção e montagem em plataformas de petróleo offshore da estatal.
O segundo, avaliado em cerca de €240 milhões (R$ 1,56 bilhão) e com duração de 60 meses, é para um complexo trabalho de descomissionamento subaquático. A ECB será responsável por remover cerca de 420 km de dutos e outras estruturas do fundo do mar nos campos de Marlim, na Bacia de Campos.
Por que a Mota-Engil fez tudo ao mesmo tempo? A estratégia por trás da jogada
A sincronia dos eventos não foi coincidência. Ao comprar o restante da ECB antes de anunciar os novos contratos, a construtora Mota-Engil garantiu que não precisaria dividir os lucros futuros com o antigo parceiro. Foi uma decisão calculada para internalizar 100% do retorno financeiro da nova e robusta carteira de encomendas, que agora chega a quase 900 milhões de euros no Brasil.
Essa manobra permitiu à empresa otimizar sua estrutura corporativa e maximizar o valor da operação, apresentando ao mercado uma imagem de força, planejamento e controle total sobre seu futuro no país.
O futuro da construtora Mota-Engil no Brasil
Com a aquisição e os novos contratos, a construtora Mota-Engil sinaliza uma aposta forte e de longo prazo no Brasil. A ECB, agora totalmente integrada, se consolida como o principal veículo do grupo para competir nos “planos de investimento público ambiciosos e transformadores” previstos para o país, especialmente no exigente setor de Petróleo e Gás.
A capacidade de ganhar dois contratos de alta complexidade da Petrobras demonstra a confiança do mercado na capacidade técnica da empresa, posicionando-a como uma parceira estratégica para os grandes projetos de infraestrutura que devem moldar a economia brasileira nos próximos anos.