Descoberta por acaso em 2000, a Caverna dos Cristais de Naica abriga formações gigantes de gipsita em um ambiente extremo e cientificamente valioso
Em 2000, mineradores descobriram por acaso uma das paisagens subterrâneas mais impressionantes do planeta. Durante escavações na mina de Naica, no estado de Chihuahua, no México, eles abriram um túnel que revelou uma cavidade repleta de cristais gigantes.
A cena chamou atenção imediata. Com análise posterior, cientistas confirmaram: os pilares translúcidos eram cristais de gipsita, e os maiores já registrados no mundo.
O maior cristal da caverna mede cerca de 11 metros de comprimento e 1 metro de largura. Mas, apesar do tamanho, eles não são extremamente valiosos como os cristais usados em joias. O valor, neste caso, está na raridade e na importância científica.
-
Monte Everest cresce 4 mm por ano e já passou de 8.848 metros, entenda por que isso acontece
-
Nasa monitora asteroide que vale mais que a economia global da Terra e poderia deixar todos ricos
-
Estudo dos EUA revela que bloqueio aéreo da China em Taiwan exigiria 860 voos diários para suprir a ilha — operação considerada inviável pela complexidade
-
Homem deu R$ 550 ao ChatGPT e o deixou fazer investimentos por um mês
Ambiente extremo e difícil acesso
A caverna dos Cristais de Naica é relativamente pequena. Ela possui 109 metros de comprimento e um volume estimado em até seis mil metros cúbicos.
Tem formato de ferradura e está localizada logo acima de um reservatório de magma. Isso significa que, abaixo da mina, entre três e cinco quilômetros de profundidade, há rochas incandescentes que aquecem o solo.
Por causa disso, a temperatura dentro da caverna pode chegar a até 58 °C. Além do calor, a umidade também é extremamente alta.
Essas condições tornam impossível a permanência no local por longos períodos. Apenas pesquisadores e especialistas têm acesso, e com trajes especiais de proteção. O tempo máximo permitido para cada visita é de uma hora.
Formação dos cristais levou milhões de anos
Antes de ser descoberta, a caverna estava completamente alagada. A água era quente e rica em minerais. Para entrar, foi necessário bombear a água para fora. Esse processo permitiu que os cientistas estudassem os cristais com mais detalhes.
Segundo os estudos do geólogo Juan Manuel García-Ruiz, a formação começou há cerca de 26 milhões de anos.
O magma aqueceu a água subterrânea e enriqueceu o ambiente com minerais, como o sulfato de cálcio. Esse composto químico deu origem à gipsita.
Antes, as altas temperaturas formaram rochas de anidrita, que se dissolveram quando a temperatura caiu. Esse processo criou o ambiente perfeito para os cristais crescerem lentamente.
Pesquisas indicam que para um cristal atingir um metro de espessura, seriam necessários aproximadamente um milhão de anos. A formação é tão precisa que García-Ruiz descreveu o local como “a Capela Sistina dos cristais”.
Situação atual da caverna
Em 2015, as bombas que mantinham a caverna seca foram desligadas. A água começou a retornar, mas a caverna ainda não está completamente alagada. Mesmo assim, o acesso continua restrito a pessoas autorizadas, sempre por tempo limitado.
Importância científica além do visual
A Caverna dos Cristais é mais que uma paisagem bonita. Segundo os especialistas, ela pode ajudar a entender como a gipsita se formou em Marte.
Além disso, os estudos sobre o crescimento dos cristais podem oferecer soluções para reduzir o acúmulo de minerais em usinas de dessalinização e outras tecnologias. A ciência segue de olho nesse mundo subterrâneo que, por milhões de anos, permaneceu escondido no coração do México.
Com informações de CNN.