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A Guerra Fria foi tão tensa que os EUA testaram aviões contra bombas nucleares em megatorre de madeira sem um único parafuso ou prego

Publicado em 02/08/2025 às 15:36
Bombas nucleares, EUA, Guerra Fria, União Soviética
Imagem: Wikimedea Commons
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Durante a Guerra Fria, EUA e URSS construíram estruturas únicas para testar armas e aviões contra efeitos extremos de explosões nucleares

Durante a Guerra Fria, tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética criaram estruturas impressionantes para testar os limites de seus equipamentos militares. De um lado, os soviéticos ergueram o UT-5000, um túnel usado para testar veículos em situações de destruição nuclear.

Do outro, os americanos construíram o ATLAS-I, uma estrutura de madeira sem nenhum elemento metálico, com o objetivo de avaliar se suas aeronaves resistiriam ao pulso eletromagnético gerado por uma bomba nuclear.

A maior estrutura de madeira do mundo

O ATLAS-I foi construído entre 1972 e 1980, nos arredores da Base Aérea de Kirtland, em Albuquerque, no estado do Novo México.

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O projeto recebeu o nome completo de Simulador de Aeronaves de Transmissão do Laboratório de Armas da Força Aérea.

Mesmo após o encerramento das operações em 1991, a estrutura continua de pé e pode ser localizada por imagens de satélite.

Com 180 metros de altura e 305 metros de comprimento, o ATLAS-I é comparável a um prédio de 12 andares.

A maior peça da instalação é a plataforma onde os aviões eram posicionados para os testes. Tudo foi feito em madeira, sem uso de pregos ou parafusos metálicos, o que já o torna uma estrutura única no mundo.

Por que não usar metais no ATLAS-I?

A escolha da madeira seca e tratada não foi apenas estética ou econômica. O principal motivo era técnico: qualquer peça metálica poderia distorcer os resultados dos testes com pulsos eletromagnéticos, também conhecidos como PEMs.

Isso porque metais interferem na propagação dessas ondas, o que tornaria impossível saber se o efeito do pulso estava atingindo o avião ou sendo alterado pela estrutura.

Portanto, os engenheiros precisaram evitar até mesmo colas e vernizes que contivessem componentes condutores.

Toda a estrutura foi construída com madeira laminada e colada com materiais especiais, enquanto os elementos de fixação foram substituídos por parafusos de fibra.

A localização em uma região desértica com baixa umidade também ajudou, já que madeira úmida pode conduzir eletricidade.

Testes com aviões militares

Entre os anos de 1980 e 1991, o ATLAS-I foi usado para testar a resistência de diferentes aviões da Marinha e da Força Aérea dos EUA.

Entre os modelos submetidos aos pulsos eletromagnéticos estavam os enormes bombardeiros B-52 e B-1B.

O objetivo era simular as condições de uma detonação nuclear e verificar se os sistemas eletrônicos dos aviões continuariam funcionando.

Para isso, os militares instalaram dois geradores Marx projetados pelos Laboratórios Maxwell. Eles eram posicionados sobre pedestais de madeira e apontados para a plataforma onde ficavam as aeronaves.

Cada gerador tinha 50 bandejas com capacitores e interruptores especiais, capazes de gerar até 5 megavolts cada.

A força de um pulso eletromagnético

Os geradores criavam um pulso combinado de 10 megavolts e até 200 gigawatts de potência eletromagnética.

Esse valor era suficiente para simular o pulso gerado por uma bomba nuclear real, especialmente na fase inicial da explosão, quando a radiação libera uma onda poderosa em frações de segundo.

Essa é justamente a fase que representa maior risco para os sistemas eletrônicos dos aviões.

O mais importante é que esses testes podiam ser realizados sem o uso de uma bomba real, o que evitava riscos à população e custos exorbitantes.

Para comparação, o teste Trinity, conduzido por Oppenheimer na Segunda Guerra Mundial, custou até US$ 20 milhões na época.

Trestle e Máquina Z

O sistema completo foi batizado de Trestle. Ele também inspirou o desenvolvimento da chamada Máquina Z, um equipamento ainda mais potente.

Capaz de gerar pulsos de até 40 megavolts e 50 mil gigawatts, a Máquina Z não foi usada diretamente no ATLAS-I, mas tem sido aplicada em pesquisas sobre fusão nuclear, raios X de alta intensidade e testes com armas modernas.

Essa evolução mostra como o Trestle serviu de base para avanços importantes na ciência e na tecnologia militar, mesmo após o fim da Guerra Fria.

Abandono e preservação do ATLAS-I

Com a dissolução da União Soviética em 1991, os EUA encerraram os testes no ATLAS-I. A estrutura nunca foi desmontada e permanece no deserto, próxima à base militar onde foi construída.

Apesar do abandono, ela chama a atenção por seu tamanho e complexidade.

Hoje, o local é considerado de alto risco para incêndios, devido ao grande volume de madeira seca exposta ao sol do deserto.

Por isso, desde 2011, existe uma mobilização para transformar o ATLAS-I em monumento nacional, garantindo sua preservação.

O processo, no entanto, é lento. A estrutura está dentro de uma área militar restrita, o que dificulta ações de proteção e restauração.

Mesmo assim, a história do ATLAS-I permanece viva como um símbolo de engenharia extrema e paranoia nuclear em um dos períodos mais tensos do século 20.

Com informações de Xataka.

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Romário Pereira de Carvalho

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