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Trem que transportava ouro no século XIX virou passeio turístico de 45 minutos com 18 km de extensão e vagões que cruzam montanhas, rios e casarões do período colonial

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 05/06/2025 às 20:35
Atualizado em 07/06/2025 às 07:16
Trilho que transportava ouro no século XIX virou passeio turístico de 45 minutos com 18 km de extensão
Foto: Canva + IA
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Trajeto ferroviário entre Mariana e Ouro Preto é operado pela Vale e preserva uma das rotas mais antigas do Brasil, com 18 km de extensão e vagões que cruzam montanhas, rios e casarões do período colonial

Em pleno século XXI, um dos trajetos ferroviários mais simbólicos do Brasil continua em atividade, não para escoar riquezas minerais, mas para transportar histórias, cultura e turistas. O trem turístico que liga Mariana a Ouro Preto, em Minas Gerais, percorre um trajeto de apenas 45 minutos, mas que concentra séculos de memória brasileira. Essa linha, que remonta ao século XIX, foi criada originalmente para transportar o ouro extraído da região — uma das mais ricas do país no período colonial. Hoje, ela é operada pela Vale, com o objetivo de manter viva a conexão ferroviária entre duas cidades tombadas como patrimônio histórico nacional. Com 18 quilômetros de extensão, o passeio proporciona uma imersão no passado, cruzando pontes, túneis, encostas rochosas e vilarejos preservados.

Um passeio curto, mas repleto de significado

Embora o trajeto seja breve, ele é um dos mais emblemáticos do turismo ferroviário nacional. Saindo da estação de Mariana, construída em 1914, o trem percorre áreas de mata atlântica e chega a Ouro Preto em cerca de 45 minutos — o tempo ideal para que os turistas possam aproveitar a paisagem e, ao mesmo tempo, explorar as cidades antes ou depois da viagem.

trilho é o mesmo utilizado há mais de 100 anos, e a ferrovia passa por trechos que, no passado, transportavam ouro, pedras preciosas, carvão e ferramentas entre os núcleos coloniais da Coroa Portuguesa. O retorno desse trajeto como atrativo turístico foi viabilizado com apoio da Fundação Vale e o projeto de recuperação patrimonial da região.

A história da linha férrea que liga Mariana e Ouro Preto está diretamente ligada ao Ciclo do Ouro no Brasil. Durante o século XVIII, ambas as cidades foram polos de extração e escoamento de metais preciosos para a Coroa Portuguesa. A riqueza que passou por essas serras motivou a construção de igrejas, pontes, ruas calçadas com pedra sabão e um dos maiores conjuntos arquitetônicos barrocos fora da Europa.

Com o passar dos anos e o avanço da industrialização, surgiu a necessidade de construir infraestrutura ferroviária que ligasse essas regiões a outros centros urbanos. O ramal Ouro Preto–Mariana foi implementado em 1883, sendo mais tarde incorporado à Rede Ferroviária Federal. Ele funcionou durante décadas para o transporte de minerais, trabalhadores e mantimentos.

No final do século XX, com a queda do transporte ferroviário de passageiros, o trajeto ferroviário foi desativado. No entanto, em 2006, a Fundação Vale, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), iniciou um projeto de restauração para transformar o trajeto em um produto turístico-cultural.

Detalhes técnicos do trajeto

  • Distância total: 18 km
  • Duração do passeio: Aproximadamente 45 minutos
  • Velocidade média: 20 km/h
  • Altitude média: cerca de 1.100 metros acima do nível do mar
  • Partida: Estação de Mariana (MG)
  • Chegada: Estação de Ouro Preto (MG)
  • Tipo de trem: Locomotiva a diesel com vagões panorâmicos
  • Operação: Finais de semana e feriados, com horários fixos (consulte Vale)

Turismo cultural sobre trilhos

O passeio é uma fusão entre viagem histórica e contemplação cultural. Ao longo do trajeto, é possível avistar:

  • Fazendas e construções coloniais preservadas
  • Pontes metálicas e túneis históricos
  • Paisagens montanhosas de tirar o fôlego
  • Áreas de mineração desativadas
  • Igrejas, capelas e museus nos arredores das estações

O destaque fica por conta da chegada à estação de Ouro Preto, uma das cidades mais visitadas do Brasil por sua arquitetura barroca, igrejas esculpidas por Aleijadinho e ruelas de pedra que remontam ao século XVIII.

Um roteiro ideal para quem quer turismo com significado

Por sua curta duração e fácil acesso, o passeio de trem entre Mariana e Ouro Preto é ideal para:

  • Famílias com crianças
  • Idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
  • Estudantes e excursões escolares
  • Turistas que desejam vivenciar o interior de MG sem pressa

O passeio também é indicado como extensão de roteiros maiores, como a Estrada Real, o Caminho dos Diamantes e outras rotas históricas de Minas Gerais.

Como fazer o passeio

Ingressos podem ser comprados presencialmente nas estações ou pelo site da Vale. Recomenda-se chegar com antecedência, especialmente em feriados prolongados e períodos de alta temporada (julho e janeiro).

  • Valor: entre R$ 50 e R$ 70 (dependendo do vagão)
  • Dias de operação: sábados, domingos e feriados
  • Classe panorâmica e convencional disponíveis
  • Passeio com guia: agências locais oferecem tours complementares nas duas cidades

Mais do que uma simples viagem de trem, o passeio entre Mariana e Ouro Preto representa uma jornada pelo tempo. Em apenas 45 minutos, os passageiros percorrem séculos de história, redescobrem paisagens que foram testemunhas do Ciclo do Ouro e sentem na pele a grandiosidade do patrimônio mineiro. Um passeio imperdível para quem deseja conhecer o Brasil que ainda pulsa nos trilhos.

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Flavio Lacerda
Flavio Lacerda
10/06/2025 02:14

Ridículo,está fechado a cinco anos sem explicação clara para nós da cidade que dependemos do turismo.Deveria haver punição para tais reportagens “fake”.

Wagner Souza
Wagner Souza
09/06/2025 20:57

Não funciona mais!

Antonio
Antonio
08/06/2025 23:15

O turismo ferroviário no Brasil, hoje, não é valorizado, porque esse sistema de transporte ficou fragmentado. Muitas ferrovias foram abandonadas, com muitas estações de embarques desativadas, para favorecer o transporte de cargas, com rotas mais lucrativas, depois da Privatização. Também, as concessões ferroviarias, foram insuficientes para continuar mantendo todo esse sistema integrado. E, muita gente, prefere o transporte rodoviário, por achar muito lento o trem de passageiros.

Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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