Rigor sanitário, bem-estar animal e integração internacional definem o complexo sistema que movimenta rebanhos entre países por rotas terrestres, marítimas e aéreas
O transporte internacional de animais vivos envolve uma complexa cadeia logística por terra, mar e ar, com movimentações que ocorrem diariamente entre fazendas, aeroportos e portos de exportação. Países como Brasil, Austrália e Estados Unidos lideram esse setor, enviando milhões de cabeças de gado, ovelhas e suínos para mercados do Oriente Médio, Ásia e Europa, sob rígidas normas de bem-estar animal e sanidade.
O processo começa em propriedades rurais onde os animais são selecionados de acordo com critérios sanitários e genéticos exigidos pelo país de destino. Após inspeções veterinárias e emissão de certificados zoossanitários, o embarque por terra é feito em caminhões específicos para transporte animal, com ventilação, bebedouros automáticos e espaço delimitado. As distâncias até portos ou aeroportos podem ultrapassar 1.000 km.
Em navios de carga, os animais são acomodados em estruturas conhecidas como “navios boiadeiros”, que podem transportar até 20 mil bovinos por viagem. As embarcações contam com sistema de alimentação automatizado, controle ambiental e tripulação especializada em manejo. A travessia pode durar de 7 a 21 dias, dependendo do trajeto, exigindo monitoramento veterinário constante para evitar mortalidade e surtos de doenças.
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Já pelo ar, o transporte é reservado a raças puras, reprodutores ou cargas de alto valor genético. Aeronaves cargueiras adaptadas recebem os animais em baias individuais e contam com acompanhamento técnico durante todo o voo. Essa modalidade representa um percentual pequeno do volume total, mas é estratégica para exportações de alto padrão zootécnico.
Controle sanitário e regulamentações internacionais
Todos os modais seguem normas estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), além das legislações de importação de cada país. O Brasil, por exemplo, exige Guia de Trânsito Animal (GTA) e exames laboratoriais prévios para embarques. Já a União Europeia mantém protocolos mais rigorosos, incluindo rastreabilidade e quarentena em centros especializados.
O bem-estar animal também é uma exigência crescente. Normas internacionais preveem espaço mínimo por animal, períodos de descanso, temperatura controlada e acompanhamento por veterinários habilitados. Empresas que violam esses parâmetros podem ser multadas ou suspensas de operar internacionalmente.
A estrutura logística exige parcerias entre empresas de transporte, agentes aduaneiros, órgãos sanitários e produtores rurais. A pontualidade é crucial, especialmente no transporte aéreo, onde atrasos podem comprometer a carga viva. Além disso, a operação exige sincronização entre origens e destinos com relação à documentação e infraestrutura de recepção.
Crescimento global e novos mercados compradores
Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil exportou mais de 500 mil bovinos vivos em 2023, com destaque para países do Oriente Médio e norte da África. A Austrália é líder mundial no embarque de ovinos, enquanto os Estados Unidos se destacam na exportação aérea de equinos de competição.
A informação foi divulgada por Noal Food, com base em dados oficiais e reportagens do setor logístico agropecuário. Conforme destaca a publicação, a tendência é de crescimento nos embarques por via marítima, especialmente para regiões com pouca produção local de proteína animal.
Com isso, o transporte internacional de animais vivos se consolida como elo essencial da cadeia agropecuária global, interligando genética, comércio e segurança alimentar em escala planetária.
Como você vê o papel do Brasil como um dos líderes na exportação de animais vivos: avanço estratégico ou prática que merece revisão?