1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Embalagem que muda de cor quando o peixe estraga é desenvolvida por pesquisadores da Embrapa: feita com pigmento de repolho roxo, usa nanofibras biodegradáveis e alerta o consumidor sem abrir o pacote
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Embalagem que muda de cor quando o peixe estraga é desenvolvida por pesquisadores da Embrapa: feita com pigmento de repolho roxo, usa nanofibras biodegradáveis e alerta o consumidor sem abrir o pacote

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 30/06/2025 às 12:41
Pesquisadores brasileiros criam embalagem inteligente que muda de cor para indicar a qualidade do peixe. Tecnologia usa pigmentos naturais e ajuda a evitar o consumo de alimentos estragados.
Fonte: IA.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Pesquisadores brasileiros criam embalagem inteligente que muda de cor para indicar a qualidade do peixe. Tecnologia usa pigmentos naturais e ajuda a evitar o consumo de alimentos estragados.

Uma nova embalagem que muda de cor foi desenvolvida por cientistas brasileiros para indicar, em tempo real, quando peixes e outros alimentos começam a se deteriorar.

O projeto é fruto de uma colaboração entre a Embrapa Instrumentação (SP), a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

A inovação utiliza pigmentos naturais extraídos do repolho roxo e promete mais segurança alimentar e redução do desperdício.

Pai e filho sorrindo ao fundo de arte promocional da Shopee para o Dia dos Pais, com produtos e caixas flutuantes em cenário laranja vibrante.
Celebre o Dia dos Pais com ofertas incríveis na Shopee!
Ícone de link VEJA AS OFERTAS!

A mudança de cor acontece de forma visível, sem a necessidade de abrir o pacote, facilitando o controle de qualidade tanto na indústria quanto pelo consumidor final.

Como funciona a embalagem que muda de cor?

O grande diferencial dessa nova embalagem inteligente está nas mantas de nanofibras produzidas com pigmentos vegetais e tecnologia nacional.

Essas mantas reagem aos compostos liberados durante o processo de deterioração do peixe, como a amônia, resultando em alterações de cor visíveis.

Embalagem que muda de cor
Embalagem que muda de cor. Foto: Matheus Falanga

Nos testes com filé de merluza, por exemplo, a embalagem começou roxa (indicando alimento fresco) e mudou para azul-acinzentado em até 72 horas, sinalizando o início da deterioração.

Peixe estragado? Embalagem avisa com mudança de cor

Segundo os pesquisadores, o comportamento da embalagem que muda de cor é semelhante ao de um “sensor visual”.

Após 24 horas de armazenamento do peixe, a cor roxa começou a desbotar. Em 48 horas, surgiram tons azulados, e em 72 horas, a coloração azul sinalizou que o produto não estava mais próprio para consumo.

Pesquisa feita por brasileiros
Embalagem que muda de cor. Foto: Matheus Falanga

Essa solução permite identificar a deterioração do peixe sem abrir a embalagem, evitando contaminações e oferecendo mais praticidade.

Tecnologia brasileira com baixo custo e alta eficiência

A embalagem é produzida por uma técnica chamada fiação por sopro em solução (ou Solution Blow Spinning, em inglês).

Essa técnica, criada por brasileiros em parceria com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), permite o desenvolvimento de nanofibras em apenas duas horas, com baixo custo e menor consumo de energia.

Diferente da tradicional eletrofiação — que é cara, lenta e menos escalável — o novo método é mais eficiente e acessível para uso comercial.

Por que o repolho roxo? Entenda o uso dos pigmentos naturais

O segredo por trás da embalagem que muda de cor está nas antocianinas, pigmentos naturais encontrados em frutas, flores e vegetais como o repolho roxo.

Esses pigmentos reagem às mudanças de pH — como ocorre durante a deterioração de alimentos — apresentando cores distintas, que vão do vermelho ao azul.

“Como o repolho roxo é rico em antocianinas, pode ser utilizado como indicador de pH. O estudo testou mais de dez pigmentos, a maioria de vegetais. As nanofibras demonstraram capacidade de monitorar a deterioração de filés de peixe em tempo real, revelando potencial como materiais de embalagem inteligentes para alimentos”, explica Josemar Gonçalves de Oliveira Filho, pós-doutorando da Embrapa responsável pelo desenvolvimento do processo.

Pesquisador do projeto
Josemar Gonçalves de Oliveira Filho, pesquisador do projeto. Foto: Matheus Falanga

Embora os testes tenham sido realizados com filés de peixe, os pesquisadores acreditam que a inovação pode ser aplicada também a outros produtos perecíveis, como frutos-do-mar e carnes.

As nanofibras com antocianinas detectam mudanças de pH, produção de amônia e até o crescimento de bactérias.

Esses indicadores são fundamentais para alertar sobre o frescor dos alimentos e ajudar na prevenção de doenças alimentares.

Biodegradável, eficiente e sustentável

Além de útil, a nova embalagem para peixe é feita com policaprolactona, um polímero biodegradável e biocompatível, com ótima resistência e flexibilidade.

YouTube Video

Isso significa que o material protege o alimento, se adapta a diferentes condições de armazenamento e ainda não agride o meio ambiente.

Combinada aos pigmentos naturais, a solução oferece um pacote completo: segurança, sustentabilidade e inovação.

Reconhecimento científico e apoio à pesquisa nacional

O estudo completo foi publicado na respeitada revista Food Chemistry, com o título:
Fast and sustainable production of smart nanofiber mats by solution blow spinning for food quality monitoring” e supervisionado por Luiz Henrique Capparelli Mattoso, pesquisador da Embrapa.

O projeto foi financiado por instituições brasileiras como a Fapesp, Capes e o CNPq, e integra o INCT Circularidade em Materiais Poliméricos, liderado pela Embrapa Instrumentação.

Essa iniciativa reforça o papel da ciência nacional na criação de soluções práticas e sustentáveis para os desafios do setor de alimentos.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x