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A construção desta ponte brasileira custou 33 vidas, mas acredita-se que, na verdade, podem ter sido mais de 400

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 19/05/2025 às 15:10
Atualizado em 24/05/2025 às 09:58
Ponte - construção - megaobra - trabalhadores
A construção desta ponte brasileira custou 33 vidas, mas acredita-se que, na verdade, podem ter sido mais de 400
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A ponte que liga Rio a Niterói foi palco de acidentes, mortes e ventos que a faziam balançar mais de 1 metro. Uma obra tão perigosa quanto grandiosa

Quando a gente pensa no Rio de Janeiro, é fácil imaginar o Cristo Redentor, o samba, o futebol e aquela vista absurda da Baía de Guanabara. Mas além das belezas naturais e do clima de festa, existe uma estrutura gigantesca que conecta duas cidades super importantes do estado e que, de certa forma, virou parte da vida de milhões de pessoas: a Ponte Rio-Niterói.

Essa obra monumental não é só uma ponte, é um marco da engenharia brasileira, construída com muito esforço, ousadia e, sim, algumas tragédias também. Por trás do concreto e do aço, tem uma história cheia de curiosidades que vale a pena conhecer.

Uma ideia que levou mais de 100 anos pra sair do papel

A vontade de ligar o Rio a Niterói vem lá do século XIX. Naquela época, as pessoas cruzavam a baía em barcas que levavam horas, ou então enfrentavam uma volta enorme por terra, passando por Magé. Em 1875, o imperador Dom Pedro II chegou até a contratar um engenheiro pra estudar a construção de um túnel, mas nada foi pra frente.

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A coisa só começou a andar de verdade nos anos 60, durante o regime militar. Em 1968, o então presidente Costa e Silva autorizou a construção da ponte. Teve até cerimônia com a presença da rainha Elizabeth II da Inglaterra, numa visita histórica ao Brasil. Apesar da pompa, as obras só começaram pra valer em janeiro de 1969.

Uma ponte que bateu recordes

Com mais de 13 quilômetros de comprimento, sendo quase 9 deles sobre o mar, a Ponte Rio-Niterói se tornou a maior do Hemisfério Sul. O vão central tem 300 metros e 72 metros de altura, alto o suficiente pra deixar os navios gigantes passarem sem problema.

Na época da construção, muita coisa foi feita de forma inédita no Brasil. As peças eram pré-moldadas, como se fossem blocos gigantes que iam sendo encaixados no lugar certo. Era uma tecnologia supermoderna na época e revolucionou a engenharia de pontes por aqui.

Apesar de toda a inovação, o trabalho foi pesadíssimo. Teve escavação no fundo do mar, transporte de materiais por barcaças, e todo o tipo de desafio que uma obra desse porte costuma ter. E tudo isso numa época sem os equipamentos modernos que temos hoje.

Tragédias esquecidas: os sacrifícios humanos por trás da Ponte Rio-Niterói

Imagem histórica mostra o local do colapso de uma plataforma durante a construção da Ponte Rio-Niterói, em 1970, tragédia que resultou na morte de oito trabalhadores.

Por trás da grandiosidade da Ponte Rio-Niterói, que liga o Rio de Janeiro a Niterói, esconde-se uma história marcada por tragédias e sacrifícios humanos. Oficialmente, 33 trabalhadores perderam a vida durante os mais de cinco anos de construção da ponte. No entanto, estimativas não oficiais sugerem que o número real de mortes pode ter chegado a 400, incluindo operários e engenheiros .

As condições de trabalho eram precárias: operários frequentemente trabalhavam sem equipamentos de proteção, usando sandálias de borracha, bermudas e sem capacetes. A segurança era negligenciada, e acidentes eram comuns. Em 24 de março de 1970, uma das tragédias mais graves ocorreu quando uma plataforma flutuante desabou, matando oito pessoas, incluindo três engenheiros .

Outro acidente fatal aconteceu em 4 de janeiro de 1974, apenas dois meses antes da inauguração da ponte, quando uma passarela desabou a 32 metros de altura, matando seis operários que faziam o acabamento do pilar 21.

Há relatos de que alguns corpos nunca foram recuperados, alimentando lendas de que teriam sido engolidos pelas fundações da ponte. Embora essas histórias não tenham sido comprovadas, refletem o descaso com a vida dos trabalhadores na época. Durante a ditadura militar, muitos desses acidentes foram encobertos pela censura, e as mortes tratadas como estatísticas inconvenientes.

A Ponte Rio-Niterói é, sem dúvida, uma das maiores realizações da engenharia brasileira, mas sua construção foi marcada por um alto custo humano que não pode ser esquecido.

Do sonho à rotina

Antes da ponte, ir do Rio a Niterói podia levar duas horas ou mais. Hoje, quando o trânsito colabora, esse tempo cai pra cerca de 15 minutos. Mas é claro que, com o tempo, o fluxo de veículos aumentou muito. A ponte, que foi pensada pra aguentar até 50 mil veículos por dia, hoje vê passar mais de 150 mil.

Pra dar conta disso tudo, várias melhorias foram feitas: novas faixas, rampas de acesso, sistemas de monitoramento com câmeras, radares, baías de emergência… Tudo pra tentar manter o trânsito fluindo e a segurança em dia.

Uma ponte que virou parte da cidade

Quase 50 anos depois da inauguração, a Ponte Rio-Niterói continua firme, sendo apontada por especialistas como uma das mais seguras do país. E mesmo pra quem já se acostumou com ela, é difícil não se impressionar com o tamanho e a importância dessa estrutura.

Ela mudou o jeito como as pessoas se deslocam, facilitou o comércio, aproximou famílias e encurtou distâncias. Muito mais do que concreto e ferro, essa ponte carrega uma história de transformação — e mostra como a engenharia pode ser, sim, uma ferramenta de progresso.

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Valéria Siqueira
Valéria Siqueira
26/05/2025 22:10

Meu pai era encarregado de uma das construtoras. E de férias em Niterói, com meus 5 aninhos, ia nos caminhões basculantes levar as pedras pro aterro. Atravessamos a baía na balsa. Meu pai trabalhava com os explosivos da pedreira e a gente se escondia debaixo da mesa qdo tinha que explodir a pedreira. Foram férias inesquecíveis.

Cremilde Augusto Buarque Araujo
Cremilde Augusto Buarque Araujo
26/05/2025 21:43

Meu pai Nelso Buarque Cavalcanti era responsável pela Câmara de Descompressão dessa obra. Ele contou algumas histórias assustadoras. Ele trouxe uma amostra da cola que uniu o vão central. O filho da minha professora de matemática do Colégio Pedro II , Lea Bustamante morreu num acidente em que a plataforma, em que ele estava, virou. Ele era engenheiro. São vários acontecimentos que se perderam. Nem tudo podia ser dito.

Armindo
Armindo
26/05/2025 12:43

33 diz a **** eu acredito em330 ou 3300

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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