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A construção de milhares de turbinas eólicas offshore está gerando revolta entre os moradores do Reino Unido — Entenda os motivos por trás da insatisfação

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 02/10/2024 às 11:59
turbinas eólicas offshore, Reino Unido
Foto: Reprodução

A instalação de milhares de turbinas eólicas offshore na Grã-Bretanha está deixando os moradores revoltados. Descubra as razões para essa insatisfação e o impacto dessa construção no país e nas comunidades locais.

O Reino Unido está prestes a ver uma grande expansão na instalação de parques eólicos offshore, com novas turbinas gigantes sendo planejadas para as áreas costeiras de Cornwall, South Wales e as Ilhas Scilly.

A iniciativa, promovida pela Crown Estate, quer impulsionar a produção de energia renovável e transformar a matriz energética do país, mas a proposta enfrenta críticas de pescadores locais, preocupados com os efeitos negativos sobre suas atividades.

A Crown Estate, que administra o leito marinho de grandes áreas do Reino Unido em nome do monarca, está à frente desse projeto ambicioso que abrirá partes do Mar Celta para a geração de energia renovável.

A região abrange as costas da Cornualha, do País de Gales e das Ilhas Scilly, além de áreas em Lincolnshire e Yorkshire, todas conhecidas por suas belas paisagens e importância turística.

O plano faz parte de uma parceria entre a Crown Estate e a Great British Energy, uma nova organização estatal criada pelo Secretário de Energia Ed Miliband, visando acelerar a transição para energias renováveis.

turbinas eólicas offshore, Reino Unido

Atualmente, o Reino Unido possui 2.800 turbinas eólicas offshore, que produzem cerca de 15% da eletricidade consumida no país, totalizando 15 gigawatts (GW) de capacidade instalada.

No entanto, o objetivo da Crown Estate é multiplicar essa capacidade, atingindo até 140 GW até 2050 – um aumento de nove vezes em relação aos níveis atuais.

Aumento considerável de capacidade energética

A proposta de expansão inclui a construção de milhares de novas turbinas eólicas, cada uma com uma altura média de 260 metros, o que as tornaria visíveis a uma distância de até 56 quilômetros.

Fintan Slye, diretor da Operadora de Sistemas de Eletricidade da National Grid, celebrou o projeto, afirmando que ele é essencial para acelerar o desenvolvimento das energias renováveis offshore. Juergen Maier, presidente da Great British Energy, afirmou que o projeto pode fornecer energia suficiente para aproximadamente 20 milhões de residências.

Apesar do otimismo por parte da indústria de energia, muitos questionam os impactos dessa expansão, principalmente em relação à estética das áreas costeiras e às consequências para comunidades locais.

As preocupações com a mudança na paisagem são relevantes, já que as turbinas podem transformar as vistas que são parte importante da atração turística dessas regiões.

Impacto na Indústria Pesqueira

Um dos grupos mais impactados por essa expansão é o dos pescadores. Segundo Mike Cohen, CEO da Federação Nacional das Organizações de Pescadores, as fazendas eólicas já existentes têm prejudicado a pesca em áreas tradicionais, e a ampliação proposta só deve intensificar essa pressão.

Para Cohen, as turbinas dificultam a prática da maioria dos tipos de pesca, aumentando os custos operacionais, como combustível, e diminuindo as capturas.

Além disso, ele aponta para a falta de estudos científicos abrangentes sobre os impactos ecológicos dessas construções no mar. “Não há quase nenhuma investigação científica sobre os impactos ecológicos desse tipo de construção marinha, especialmente na escala proposta“, alerta Cohen.

A expansão das fazendas eólicas pode alterar profundamente o ecossistema marinho e, como resultado, afetar diversas espécies de peixes que sustentam as atividades pesqueiras locais.

Os pescadores também temem que a movimentação constante de embarcações e a construção das turbinas perturbem os padrões migratórios das espécies que dependem para sua subsistência.

Competição por recursos no Mar

A crescente demanda por áreas marítimas também preocupa autoridades e especialistas. Gus Jaspert, diretor-geral marinho da Crown Estate, destacou a necessidade de um planejamento integrado para gerenciar a competição por recursos nos mares britânicos.

Além da pesca, outras indústrias, como transporte marítimo, petróleo, gás e até armazenamento de CO2, competem pelo uso dessas áreas.

Precisamos de um plano que libere o verdadeiro potencial dos nossos mares“, afirmou Jaspert, destacando que o desenvolvimento de energia eólica offshore pode remover barreiras à implantação de energias renováveis e fornecer mais segurança para os investidores.

Com a meta de reduzir significativamente as emissões de carbono e combater as mudanças climáticas, o Reino Unido tem priorizado a expansão das fontes de energia limpa. No entanto, o desafio é encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a proteção ambiental e o respeito às comunidades que dependem do mar para sua subsistência.

Os planos ambiciosos da Crown Estate e do governo britânico para aumentar drasticamente a capacidade de energia eólica offshore refletem o compromisso do país com a transição para uma economia de baixo carbono. No entanto, a oposição de pescadores e os impactos sobre as paisagens costeiras e o ecossistema marinho colocam em debate a maneira como essa expansão deve ser conduzida.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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