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A cidade mais cara do Brasil: condomínio que custa o valor da parcela de um carro e imposto de renda que consome boa parte do salário

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 27/06/2025 às 19:07
Vista aérea de prédios residenciais e comerciais em São Paulo, simbolizando custo elevado para morar.
Edifícios de alto padrão na região da Faria Lima, em São Paulo, com moradia entre as mais caras do país.
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São Paulo foi confirmada como a cidade mais cara do Brasil em 2025, segundo levantamento do Quinto Andar em parceria com o Instituto Locomotiva. O custo de vida para uma família de quatro pessoas já ultrapassa R$ 16 mil por mês, impulsionado pelos preços do aluguel, condomínio, transporte e alimentação, além da alta tributação sobre a renda.

Dados publicados pelo Quinto Andar apontam que viver na capital paulista exige, em média, R$ 16.128 por mês para uma família composta por dois adultos e duas crianças. O valor considera despesas básicas como moradia, contas fixas, alimentação, transporte, saúde e lazer. O número é o maior entre todas as capitais brasileiras.

Além disso, São Paulo também lidera o ranking do metro quadrado mais caro para aluguel entre as capitais, com média de R$ 65,63/m² em bairros centrais. Em regiões como Vila Olímpia, Pinheiros e Moema, esse valor pode ultrapassar R$ 100/m², o que significa que um apartamento de 50 m² pode custar mais de R$ 5.000 apenas de aluguel.

Segundo o FipeZap, a capital paulista ainda se destaca no índice de valorização imobiliária, com preço médio de venda em torno de R$ 11.472/m². Já em bairros de alto padrão, como Vila Nova Conceição, o valor supera os R$ 21.000/m², tornando o acesso à moradia ainda mais restrito.

Condomínio pesa como parcela de carro

Além do aluguel elevado, a taxa de condomínio em São Paulo é uma das mais caras do Brasil. Segundo a administradora Lello, o valor médio na cidade gira em torno de R$ 11,71/m², o que equivale a aproximadamente R$ 1.171 por mês para um apartamento de 100 m². Em edifícios com infraestrutura completa e serviços de alto padrão, esse custo pode ultrapassar os R$ 1.500.

Esse valor equivale, na prática, à parcela de um veículo popular financiado em cinco anos. O gasto fixo mensal com condomínio, somado ao aluguel, pode ultrapassar os R$ 6.000 em imóveis medianos de 80 m² localizados em bairros valorizados como Itaim Bibi, Brooklin ou Bela Vista.

Moradores de condomínios com serviços de clube, portaria blindada, gerador, academia profissional e coworking relatam mensalidades acima de R$ 2.000, transformando o custo do condomínio em uma despesa de peso no planejamento financeiro familiar.

Imposto de Renda limita renda líquida

O Imposto de Renda é outro fator que pressiona a vida financeira dos paulistanos. Profissionais com remuneração mensal superior a R$ 4.664,68 já estão sujeitos à alíquota máxima de 27,5%. Com a nova tabela do IR em vigor desde 2024, apenas quem recebe até R$ 2.640 por mês está isento, o que representa uma minoria na capital.

Na prática, isso significa que trabalhadores com rendimentos acima da média nacional veem boa parte de sua renda comprometida antes mesmo de receber o salário líquido. Além disso, os proprietários que alugam imóveis na cidade também pagam IR sobre o valor recebido, o que eleva ainda mais a carga tributária urbana.

O custo da moradia, somado aos tributos, reduz consideravelmente a margem para poupança e investimento, obrigando muitas famílias de classe média a reverem seus hábitos de consumo.

Comparação com outras cidades brasileiras

Enquanto São Paulo lidera o ranking de custo de vida, outras cidades como Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre e Brasília também figuram na lista das mais caras, mas com valores médios inferiores. O Rio, por exemplo, apresenta custo de vida mensal de R$ 15.066, enquanto Santos registra média de R$ 14.321.

Apesar dos valores elevados, essas cidades ainda mantêm custo condominial e valor de aluguel abaixo dos praticados em São Paulo. Em Salvador, Recife, Curitiba e Belo Horizonte, o custo de vida gira entre R$ 10.000 e R$ 13.000 mensais para uma família com o mesmo perfil.

Morar bem exige sacrifícios

Diante da pressão econômica, muitos moradores têm buscado alternativas para manter o padrão de vida sem comprometer toda a renda. Estratégias incluem a mudança para bairros mais afastados, aluguel de imóveis menores, co-living, ou até a migração para cidades vizinhas da Região Metropolitana como Barueri, Osasco ou São Caetano.

Além disso, cresce o número de pessoas que optam por dividir moradia ou recorrer ao aluguel por temporada como alternativa a contratos longos. Apesar disso, o alto custo da capital paulista segue como um desafio para quem deseja manter conforto, segurança e infraestrutura sem ultrapassar os limites do orçamento.

As informações utilizadas nesta reportagem foram obtidas a partir de levantamentos divulgados pela plataforma Quinto Andar e reportagens publicadas pelos portais UOL e Exame entre 2024 e 2025. Os dados consideram médias de custo de vida, valores de aluguel e condomínio, além de análises de mercado imobiliário nas principais regiões de São Paulo.

Se você mora no Rio, trocaria a vista do mar pelos arranha-céus da capital paulista — mesmo pagando o dobro para viver bem?

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Paulo
Paulo
28/06/2025 10:03

Deus me livre de São Paulo! Trânsito horrível, violência urbana, poluição atmosférica e visual…
É melhor ganhar 8 mil reais/mês em uma cidade do litoral de Santa Catarina com até 50 mil habitantes do que ganhar 30 mil reais/mês em uma cidade como São Paulo. Qualidade de vida não é dinheiro na conta.

Felipe Alves da Silva

Profissional com formação militar pelo Exército Brasileiro e experiência em gestão administrativa e logística no setor industrial. Escreve sobre defesa, segurança, geopolítica, indústria automotiva, ciência e tecnologia. Sugestões de pauta: fa06279@gmail.com

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