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A aposta audaciosa que levou à construção de uma capital brasileira em 1.000 dias

Escrito por Carla Teles
Publicado em 13/06/2025 às 22:02
Atualizado em 15/06/2025 às 15:40
A aposta audaciosa que levou à construção de uma capital brasileira em 1.000 dias
Como a construção de uma capital do zero mudou o Brasil? Conheça a história dos candangos, a arquitetura de Niemeyer e as contradições de Brasília. Fonte: Cidades IBGE,
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Mais de 60 mil trabalhadores, conhecidos como candangos, transformaram o cerrado brasileiro no maior projeto modernista do século XX.

No coração do Brasil, uma cidade nasceu do zero. Em apenas 1.000 dias, a capital federal foi erguida no meio do cerrado. A empreitada mobilizou mais de 60 mil trabalhadores. Eles deram vida a um plano urbano em forma de avião, criando o maior projeto modernista do século XX. A construção de Brasília é um capítulo único na história do país, um símbolo de ambição, arte e profundas contradições sociais.

A construção como meta-síntese do Brasil moderno

A ideia de mover a capital do Brasil para o interior era antiga, presente desde a primeira Constituição Republicana de 1891. Contudo, o projeto só saiu do papel com a vontade política do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961).

Durante sua campanha, JK prometeu cumprir o dispositivo constitucional e fez da mudança da capital o grande símbolo de seu lema: “50 anos em 5”. A construção de Brasília tornou-se a “Meta-Síntese” do seu Plano de Metas, um programa focado em setores estratégicos como energia e transportes. Enquanto as metas técnicas eram complexas, erguer uma capital era uma narrativa heroica.

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O projeto funcionou como um polo de crescimento para irradiar desenvolvimento pelo Centro-Oeste e integrar o país. A obra mobilizou recursos equivalentes a 2,3% do Produto Nacional Bruto (PNB) da época.

Uma cidade desenhada para o futuro

Uma aposta audaciosa. Explore a épica construção de Brasília, erguida em 1.000 dias pela força de 60 mil trabalhadores no coração do cerrado brasileiro.
Uma aposta audaciosa. Explore a épica construção de Brasília, erguida em 1.000 dias pela força de 60 mil trabalhadores no coração do cerrado brasileiro.

O formato de Brasília nasceu de um concurso vencido pelo urbanista Lúcio Costa. Seu projeto partiu de um gesto simples: dois eixos que se cruzam. Um deles foi arqueado para se adaptar ao relevo, criando a forma icônica de avião.

O plano organizou a cidade em quatro escalas: monumental (prédios do governo), residencial (as famosas superquadras), gregária (comércio e lazer) e bucólica (parques e áreas verdes). Coube ao arquiteto Oscar Niemeyer dar forma aos edifícios públicos.

Com o uso inovador do concreto armado, ele criou estruturas com curvas leves e fluidas que definem a paisagem de Brasília, como o Congresso Nacional, com suas cúpulas côncava e convexa. O paisagista Roberto Burle Marx completou o trio, humanizando o concreto com jardins que utilizavam a flora nativa do Brasil, uma abordagem revolucionária para a época.

A força humana por trás da construção

A utopia modernista foi erguida pelo suor de mais de 60 mil trabalhadores. Eles vieram de todas as partes do Brasil, especialmente da empobrecida região Nordeste, em busca de emprego. Esses pioneiros ficaram conhecidos como “candangos”.

O ritmo da construção era frenético, com canteiros de obras funcionando 24 horas por dia, sob condições marcadas pela poeira e pelo sol implacável. Como os alojamentos oficiais eram insuficientes e destinados apenas a homens solteiros, assentamentos informais surgiram ao redor da obra.

A mais famosa foi a Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante. Com ruas de terra e barracos de madeira, ela era o oposto do Plano Piloto, mas essencial para abrigar as famílias e a força de trabalho. Esses acampamentos foram o embrião das futuras cidades-satélites.

O legado de concreto: Entre a utopia e a realidade

A construção de Brasília cumpriu seu objetivo de desenvolver o interior do Brasil, criando um novo eixo econômico no Centro-Oeste. No entanto, a cidade nasceu com uma forte marca de desigualdade. A divisão entre o Plano Piloto e os acampamentos dos trabalhadores transformou-se em uma segregação socioespacial permanente.

Dados do Censo de 2010 mostram essa disparidade de forma clara: enquanto a população do Plano Piloto era 65% branca, em Ceilândia, uma das maiores regiões administrativas, 65% dos moradores eram negros (pretos e pardos).

Além disso, o urbanismo de Brasília é criticado por sua rígida divisão de setores e pela extrema dependência do automóvel, o que dificulta a vida dos pedestres e gera desafios de mobilidade. Essa estrutura, protegida como Patrimônio Mundial pela UNESCO, cria um paradoxo: os elementos que garantem o título são a raiz de muitos de seus problemas urbanos atuais.

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Carla Teles

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