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A maior obra do Brasil: R$ 90 bilhões, rio desviado para criação de lago de 1.350 km², milhares de empregos e turismo turbinado

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/11/2025 às 23:40
Itaipu Binacional desviou o rio Paraná e criou um lago de 1.350 km², gerando energia limpa, empregos e turismo na fronteira do Brasil.
Itaipu Binacional desviou o rio Paraná e criou um lago de 1.350 km², gerando energia limpa, empregos e turismo na fronteira do Brasil.
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Gigante binacional alterou o curso do rio Paraná e criou um lago de 1.350 km², movimentando milhares de trabalhadores e transformando a região em um dos maiores polos de energia e turismo do continente.

A Usina Hidrelétrica de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai, é considerada uma das maiores obras de engenharia do século XX.

O projeto desviou temporariamente o rio Paraná para permitir a construção da barragem e formou um reservatório artificial de 1.350 km², o equivalente a quase uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro.

No auge das obras, mais de 40 mil trabalhadores estiveram envolvidos no empreendimento, que passou a operar em 1984.

Desvio do rio e formação do lago artificial

A etapa mais complexa da construção ocorreu em 1978, quando engenheiros realizaram o desvio temporário do rio Paraná.

A operação, que utilizou explosivos e diques de contenção, foi considerada um marco técnico no setor energético, segundo registros históricos da Itaipu Binacional.

Com o rio temporariamente contido, foi possível erguer a casa de força e a barragem principal.

O reservatório, formado anos depois, se estende de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este até Guaíra e Salto del Guairá.

Barragem da Itaipu Binacional vista aérea, demonstrando a escala da infraestrutura de geração de energia limpa. (Imagem: Itaipu Binacional)
Barragem da Itaipu Binacional vista aérea, demonstrando a escala da infraestrutura de geração de energia limpa. (Imagem: Itaipu Binacional)

De acordo com dados oficiais, o enchimento começou em outubro de 1982 e terminou em apenas 14 dias.

O novo lago garantiu o abastecimento contínuo de água para as turbinas e transformou a paisagem da região.

Além da relevância energética, o entorno da usina passou a registrar aumento no turismo e no setor de serviços, impulsionado pela visitação técnica e pelos programas educativos mantidos pela empresa binacional.

Capacidade de geração e posição no cenário global

A usina conta com 20 unidades geradoras de 700 megawatts (MW), totalizando 14.000 MW de capacidade instalada.

O volume a coloca entre as maiores do mundo, embora esteja abaixo das hidrelétricas chinesas de Três Gargantas (22.500 MW) e Baihetan (16.000 MW), segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA).

A produção anual média de Itaipu supera 70 milhões de MWh, variando conforme o regime de chuvas na Bacia do Paraná.

Em 2016, a usina registrou seu recorde histórico, com mais de 100 milhões de MWh gerados, número que a manteve por anos entre as maiores produtoras mundiais de energia renovável.

Divisão de energia entre Brasil e Paraguai

Itaipu é administrada de forma binacional e opera sob tratado assinado em 1973.

Pelo acordo, a energia é dividida igualmente entre os dois países.

Como o consumo do Paraguai é menor, o excedente é comercializado ao Brasil, operação que representa fonte relevante de receita para o país vizinho.

Segundo a Itaipu Binacional, esse modelo garante estabilidade energética e cooperação entre as duas nações.

Especialistas em integração regional destacam que o empreendimento consolidou um dos exemplos mais bem-sucedidos de gestão compartilhada de recursos hídricos na América do Sul.

Estrutura e operação técnica

A barragem de Itaipu tem 196 metros de altura e 7.235 metros de extensão.

O vertedouro — estrutura que libera o excesso de água — tem capacidade de 62.200 m³ por segundo, volume superior ao das Cataratas do Niágara, de acordo com informações técnicas da usina.

A energia produzida é transmitida por uma rede de alta tensão que se estende por centenas de quilômetros.

Vertedouro da Itaipu liberando grande volume de água, evidenciando o funcionamento do sistema hidráulico da maior obra do Brasil. (Imagem: Rubens Fraulini/Itaipu)
Vertedouro da Itaipu liberando grande volume de água, evidenciando o funcionamento do sistema hidráulico da maior obra do Brasil. (Imagem: Rubens Fraulini/Itaipu)

O sistema abastece grande parte das regiões Sul e Sudeste do Brasil e a totalidade do Paraguai, funcionando com supervisão conjunta das duas operadoras nacionais.

A Itaipu Binacional afirma que a usina passa por um programa permanente de modernização tecnológica, com atualizações em sistemas de controle, automação e segurança.

Essas medidas, segundo a empresa, visam prolongar a vida útil da estrutura e manter os índices de eficiência e confiabilidade.

Impactos ambientais e sociais

A criação do lago artificial provocou mudanças significativas no território, com realocação de famílias, alteração de ecossistemas e submersão de áreas agrícolas e florestais.

A Itaipu Binacional relata ter implantado programas de recomposição florestal e monitoramento ambiental desde o início da operação, além de iniciativas para recuperar a fauna e a flora afetadas.

Estudos ambientais indicam que a área reflorestada ao redor do reservatório supera 100 mil hectares, criando corredores ecológicos e áreas de preservação permanente.

As ações incluem manejo de bacias hidrográficas e projetos de educação ambiental voltados à população local.

Turismo técnico e interesse internacional

A usina recebe, em média, quase 1 milhão de visitantes por ano, conforme dados da Divisão de Turismo da Itaipu.

O complexo oferece visitas guiadas, mirantes, centros de informação e um circuito técnico que mostra o funcionamento das turbinas e a operação da barragem.

De acordo com a empresa, o turismo é hoje uma das principais fontes de renda indireta da região, ao lado do comércio e do setor de serviços.

Além do interesse econômico, Itaipu tornou-se referência internacional em cooperação técnica e científica, recebendo delegações de engenheiros e estudantes de diversos países.

O empreendimento também é citado em relatórios da ONU como exemplo de parceria binacional em geração de energia limpa.

Custos e financiamento

Reservatório de 1.350 km² da Itaipu, criado com o desvio do rio Paraná, base da geração hidrelétrica e eixo turístico da região. (Imagem: Itaipu Binacional)
Reservatório de 1.350 km² da Itaipu, criado com o desvio do rio Paraná, base da geração hidrelétrica e eixo turístico da região. (Imagem: Itaipu Binacional)

O investimento total na construção da usina é estimado em US$ 27 bilhões, conforme dados históricos da Eletrobras e da própria Itaipu.

O valor foi financiado principalmente por meio de empréstimos internacionais e pela venda de energia ao longo das décadas seguintes.

Em valores corrigidos, o custo supera os R$ 90 bilhões, segundo especialistas em infraestrutura.

O modelo financeiro adotado foi baseado em garantias soberanas de ambos os países, o que permitiu viabilizar a obra sem o envolvimento direto de capitais privados.

Economistas ouvidos por veículos especializados apontam Itaipu como um dos maiores investimentos em energia já realizados na América Latina.

Modernização e perspectivas

A Itaipu Binacional mantém, desde 2019, um programa de atualização tecnológica para renovar sistemas elétricos, hidráulicos e de automação.

Segundo a empresa, o objetivo é assegurar a eficiência operacional e atender às normas internacionais de segurança de barragens.

De acordo com analistas do setor elétrico, a modernização é necessária para garantir a competitividade da matriz hidrelétrica e sustentar a integração energética entre Brasil e Paraguai nas próximas décadas.

Os mesmos estudos indicam que o papel de Itaipu continuará central, especialmente diante da expansão das fontes renováveis e do esforço global para reduzir emissões de carbono.

O complexo, que completou mais de 40 anos de operação, segue como uma das principais fontes de energia limpa da América do Sul.

O que mais chama a atenção em Itaipu, segundo engenheiros e pesquisadores, é a combinação entre escala, eficiência e gestão compartilhada.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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