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70 empresários e executivos do setor de materiais de construção, varejos, distribuidoras e atacados do Brasil reuniram-se para discutir sucessão em negócios

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 07/06/2022 às 08:40
Evento com empresários do setor de construção negócios
Projeto Sucessores Atlas S/A Dudu Leal

Contando com especialistas de governança e mercado, encontro promoveu conteúdo estratégico, experiências de fundadores e perspectivas das novas gerações de executivos

Cerca de 70 empresários e executivos do setor de materiais de construção de todas as partes do país estiveram reunidos em Porto Alegre (RS), na última semana, para um encontro imersivo de três dias em sucessão. O objetivo foi promover a troca de experiências entre diferentes gerações de líderes sobre processos de governança para continuidade dos negócios, um problema que, segundo pesquisa da PWC, atinge 44% das empresas familiares no Brasil.

O grupo, formado por fundadores, CEOs e diretores de casas de material de construção, varejos, distribuidoras e atacados, integrou o “Projeto Sucessores”, ação organizada pela Atlas, que faz parte das empresas InBetta, referência em ferramentas para pintura. ”Abastecemos cerca de 30 mil varejos e atacados e observamos que boa parte desses negócios têm problemas no processo de sucessão. Queríamos ajudá-los a entender como vencer obstáculos e, ao mesmo tempo, aprender com exemplos bem sucedidos ”, explica Márcio Atz, diretor geral da Atlas S/A.

Abertura estratégica

Além de networking e confraternizações, o Projeto Sucessores contou com uma programação de conteúdo intensa dividida em 4 grandes painéis. O primeiro teve a missão de impulsionar a visão positiva sobre a sucessão familiar com o case da Saur Equipamentos, empresa referência na movimentação de cargas.

Na apresentação, a presidente, Ingrid Saur, garantiu uma verdadeira injeção de ânimo e energia ao contar como sua família superou os desafios internos e de mercado até a contratação de uma consultoria externa para conduzir a troca de gestão. Com  mediação do especialista em governança Werner Bornholdt, a apresentação levantou temas como a dificuldade de incentivar herdeiros e familiares na continuidade do negócio, responsabilidade social e conselhos para uma jornada mais assertiva.

Sobre a difícil tarefa de despertar paixão nos sucessores, Ingrid disse: “ou você tem ou não tem, não há meio termo. Contudo, algo que ajudou muito no meu caso foi sempre ressaltar coisas positivas sobre a empresa. O trabalho não pode ser um fardo, precisa ser um legado”. Já Werner indicou que não existe modelo ou idade correta: “cada família é única. O ideal é definir um caminho de  gestão, depois pensar nas sucessões societárias”.

A visão das novas gerações

O segundo painel já trouxe uma provocação no título: “A primeira geração fundou. O que estão fazendo as novas gerações?”. Com mediação de Renata Bornholdt, também especialista em governança, a apresentação teve a participação de Laura Saur, sucessora da Saur Equipamentos; Felipe Morandi, sucessor da Jimo Química Industrial; Giovani Giacomet, sucessor da Braspine Madeiras; e Júlio Lamb, sucessor da Lamb Construções e Engenharia. Entre os assuntos discutidos, questões como vantagens e desvantagens de fazer parte de famílias empresárias e principais objetivos no pós-transição. 

Laura Saur pontuou que um dos principais obstáculos é seguir com o legado, mas com características próprias. “O peso da história é difícil. As pessoas olham para o negócio com uma ideia fixa dos profissionais que passaram por ele. O desafio é respeitar o que foi construído, mas conquistando espaço próprio”, disse.

Já Júlio Lamb destacou o contato com a empresa desde cedo como algo positivo. “O conhecimento que você adquire, aquilo que não está nos livros, nos manuais, é muito importante. Você conhece a fundo as fortalezas e fraquezas e isso abre uma série de portas”, explicou. Renata Bornholdt completou essa abordagem indicando que “os valores têm um papel muito forte no processo, principalmente a admiração, o respeito e a tolerância”.

Cenário e perspectivas

No painel “Desafios do Varejo Contemporâneo”, mediado por Newton Guimarães, Head da Fundação de Dados, foi possível conferir análises de alguns movimentos da indústria com Cláudio Ary Brasil, CEO do Grupo Normatel; Cristiano Nichele, Diretor Comercial da Nichele Materiais de Construção; Luiz Rebouças, Diretor Geral da Beira-Rio Const. e Acabamento; Márcio Atz, Diretor Geral da Atlas S/A;  e Thagore Fernandes, CEO da Rofe Distribuidora. A pauta incluiu temas como inflação, repasse nos preços e o aumento de estoques na pandemia.

Para Thagore Fernandes, “a inflação aumentou, mas a renda não acompanhou, o que levou à mudança de hábitos de consumo. Materiais de construção estão disputando uma fatia pequena em um universo de outras necessidades. O que tentamos fazer é dispor os produtos corretos para o momento, mexendo no mix ou abrindo embalagens para venda separada, em vez de pacotes fechados, por exemplo”. Luiz Rebouças complementou o assunto: “estamos reduzindo margem, custo e aumentando a produtividade. Começamos a estabelecer novas métricas de vendas, como litragem para tintas, metros quadrados para pisos”.

A sequência de painéis foi fechada com o tema “Convivência e transição entre gerações”, novamente mediado por Werner Bornholdt. Participaram os empresários Alberto Portugal, Diretor Comercial / TI da Tambasa; Eduardo Bettanin, Presidente das empresas InBetta; Ingrid Saur, da Saur Equipamentos; Paulo Grings, Ex-Presidente do Grupo Piccadilly; e Rudolf Fritsch, Presidente da Aços Favorit.  No encontro, debateram assuntos como o preparo para troca de gestão, avanços da tecnologia e novos recursos para a indústria.

A voz da experiência

Paulo Grings contou como foi a transição na Piccadilly e o trabalho das filhas na direção. “Existe um preparo muito grande, mas eu continuo atuando. Acontece que muitos clientes, principalmente os de longa data, têm um relacionamento próximo. Então, sigo visitando e tratando de negócios”, destacou. 

Eduardo Betanin finalizou lembrando que a preocupação com a sucessão é algo inerente às famílias empresárias brasileiras. “Isso inclui, claro, nossos clientes. Realizar o encontro foi uma maneira de prestar serviço e agregar valor às nossas relações comerciais, uma vez que a própria Atlas tem experiência nessa jornada. Os temas discutidos foram pensados de maneira a tentar elucidar o caminho das empresas participantes, mas sem a pretensão de propor nenhum tipo de formato padronizado, já que cada caso é um caso”, pontuou.

Além da sequência de painéis, o Projeto Sucessores ainda contou com mais duas apresentações. Uma sobre o trabalho e atuação da Atlas, com o diretor Márcio Atz, e outra sobre perspectivas do segmento matcon em 2022, novamente com Newton Guimarães, da Fundação de Dados. A experiência foi encerrada com um passeio pela Serra Gaúcha e um curso de vinhos com o renomado sommelier Maurício Roloff.

Fonte: KB Comunicação

Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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