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6 carreiras técnicas pagam mais de R$ 10 mil e revelam falta de profissionais qualificados no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 14/08/2025 às 17:15
Carreiras técnicas e digitais no Brasil pagam acima de R$ 10 mil sem exigir diploma, mas sofrem com escassez de profissionais.
Carreiras técnicas e digitais no Brasil pagam acima de R$ 10 mil sem exigir diploma, mas sofrem com escassez de profissionais.
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Carreiras técnicas e digitais de alto rendimento ganham destaque no Brasil, revelando escassez de profissionais com competências práticas e formação específica, mesmo em um cenário de aumento da ocupação e avanço de novas demandas do mercado de trabalho.

Em meio a um mercado de trabalho que atingiu 100,7 milhões de pessoas ocupadas em 2023, o Brasil ainda convive com uma base de trabalhadores majoritariamente sem diploma universitário: 76,9% dos ocupados não concluíram o ensino superior.

Nesse cenário, carreiras técnicas e digitais vêm ganhando espaço e oferecem remunerações que podem ultrapassar R$ 10 mil, mesmo sem exigir graduação, enquanto empresas relatam falta de profissionais com as habilidades práticas necessárias.

Retrato do mercado: ocupação recorde e escolaridade em desafio

O avanço do emprego é fato. Segundo a PNAD Contínua, a população ocupada bateu recorde em 2023, com alta de 3,8% na comparação anual e crescimento de 12,3% em relação à média de 2012, início da série histórica.

Ao mesmo tempo, o recorte educacional mostra que a maioria dos trabalhadores não chega ao nível superior completo, o que reforça a busca por formação técnica e cursos de curta duração voltados à empregabilidade imediata.

Embora o número de graduados tenha aumentado, há sinais de descompasso entre escolaridade e vagas.

Levantamento da consultoria iDados, de 2019, estimou 18,3 milhões de pessoas com diploma para 14,5 milhões de ocupações que exigiam ensino superior.

A diferença ajuda a explicar a presença de profissionais formados em funções que não pedem essa qualificação e, por consequência, a valorização de competências práticas.

Salários de R$ 10 mil: onde estão as oportunidades

Em paralelo, ocupações técnicas e digitais vêm sendo apontadas por veículos especializados como caminhos para salários acima de R$ 10 mil.

Reportagem do Diário do Comércio, publicada em 7 de agosto de 2025, lista seis áreas em alta e acessíveis a candidatos sem diploma universitário: copywriting, edição de vídeo, gestão de tráfego pago, instalação de sistemas de energia solar, pilotagem de aeronaves (com licenças da Anac) e técnico em logística.

As faixas de remuneração variam conforme experiência, região e porte da empresa, mas a referência é de ganhos a partir de dois dígitos mensais.

Copywriting e marketing digital

A expansão do comércio eletrônico e das vendas por canais digitais elevou a demanda por textos persuasivos para anúncios, páginas de vendas e redes sociais.

Empresas e produtores de conteúdo buscam profissionais capazes de unir técnica de escrita, análise de dados e entendimento do funil de conversão.

O diferencial, dizem recrutadores, está em portfólio, testes práticos e métricas reais de performance — um conjunto de habilidades construído em cursos livres e na prática diária.

Edição de vídeo e motion design

Com o consumo de vídeo em alta, marcas, canais e plataformas educacionais procuram editores que dominem storytelling, ritmo, som e elementos de motion design.

Projetos para redes sociais, vídeos institucionais e cursos online tornaram-se porta de entrada.

Na ausência de exigência formal de graduação, pesam domínio técnico de softwares, senso estético e capacidade de entrega dentro de prazos curtos.

Gestão de tráfego pago

O gestor de tráfego planeja, executa e otimiza campanhas em Google Ads e Meta Ads.

A ocupação demanda leitura de dados, testes A/B, criação de públicos e gestão orçamentária.

Como os resultados são mensuráveis, profissionais com histórico de ROI consistente costumam negociar remunerações mais elevadas, sobretudo quando combinam certificações de plataformas com experiência em diferentes segmentos.

Instalador de sistemas de energia solar

A transição energética impulsionou a geração distribuída e abriu espaço para instaladores de sistemas fotovoltaicos.

A atividade pede formação técnica, conhecimento de normas de segurança e atualização constante sobre equipamentos e regulamentação.

Empresas do setor relatam gargalos de mão de obra qualificada em determinadas regiões, o que pressiona salários para cima, especialmente em projetos de maior porte.

Pilotos certificados pela Anac

Na aviação, o caminho profissional exige licenças e habilitações emitidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), além de exames teóricos, práticos e de aptidão.

Ensino superior não é requisito para as licenças de Piloto Comercial e Piloto de Linha Aérea; comprovar ensino médio concluído e cumprir as horas de voo e avaliações previstas pelos regulamentos é o que habilita o exercício da função.

O setor oferece oportunidades em companhias comerciais, aviação executiva e agrícola.

Técnicos em logística e o avanço do e-commerce

A expansão do e-commerce e dos centros de distribuição ampliou a procura por técnicos em logística com domínio de gestão de estoques, malha de transporte, roteirização e indicadores de desempenho.

Conhecimentos em S&OP, WMS e análises operacionais pesam na seleção.

Como o impacto financeiro de bons processos é direto, empresas tendem a remunerar melhor quem entrega ganho de eficiência mensurável.

Por que falta gente qualificada?

Três fatores se combinam.

Primeiro, a defasagem entre a formação acadêmica tradicional e as habilidades práticas que as empresas pedem hoje, sobretudo em tecnologia, comunicação e energia.

Segundo, a própria dinâmica do mercado de trabalho, que passou a valorizar evidências de performance — portfólios, cases e certificações — mais do que o diploma em determinadas funções.

Por fim, a velocidade das mudanças tecnológicas cria lacunas de atualização que cursos livres e trilhas técnicas tentam cobrir.

Ainda que a proporção de pessoas com nível superior venha crescendo, os dados mais recentes do IBGE mostram que o país continua longe de universalizar a graduação, o que mantém a relevância das formações técnicas e de curta duração.

Em 2024, indicadores educacionais anuais apontaram avanço do nível superior completo para 20,5% da população de 25 anos ou mais, sinalizando tendência gradual, mas insuficiente para suprir todas as demandas específicas do mercado.

O que pesa na contratação

Empresas relatam preferência por candidatos que combinem base técnica, experiência aplicada e aprendizado contínuo.

Em copywriting e tráfego pago, contar resultados e métricas costuma valer tanto quanto certificados.

Na edição de vídeo, a curadoria do portfólio fala alto. Nas carreiras de energia solar e na logística, normas, segurança e processos são inegociáveis.

Já na aviação, o marco regulatório detalha as credenciais necessárias, o que dá previsibilidade ao caminho de carreira.

Em um país com ocupação em alta, mas com desajustes entre formação e vagas, a ascensão de carreiras técnicas e digitais mostra uma via concreta de mobilidade profissional.

Para quem busca salários acima de R$ 10 mil sem diploma universitário, a pergunta passa a ser menos “qual curso fazer” e mais “quais competências desenvolver, comprovar e atualizar continuamente”.

Você já mapeou quais habilidades tangíveis pode apresentar hoje para disputar as oportunidades dessas carreiras?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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