De Baia, na Itália, até Port Royal, na Jamaica, estas cidades submersas escondem histórias surpreendentes de poder, tragédia e sobrevivência
Por todo o planeta, é possível encontrar cidades que desapareceram sob as águas. Algumas foram afundadas por desastres naturais. Outras, por ações humanas. Mas todas compartilham um passado que sobrevive hoje apenas em ruínas, embaixo de lagos, mares ou reservatórios. A seguir, cinco dessas histórias.
Baia, Itália: a Las Vegas do Império Romano que afundou
Mais de dois mil anos atrás, Baia, ou Baiae em latim, era um dos destinos mais cobiçados da elite romana. Localizada a cerca de 30 quilômetros de Nápoles, na costa oeste da Itália, a cidade era conhecida por suas águas termais, festas e construções luxuosas.
Imperadores como Júlio César, Nero e Adriano tinham casas de veraneio na cidade. O imperador Adriano, inclusive, morreu em Baia no ano 138 d.C.
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Mas o mesmo vulcanismo que criou as águas quentes também condenou a cidade. Baia foi construída sobre os Campos Flégreos, um supervulcão ainda ativo.
Com o tempo, a atividade sísmica e hidrotermal causou um fenômeno chamado bradissismo — um lento movimento do solo, que afundou a cidade entre quatro e seis metros.
Desde 2002, a área submersa virou uma Área Marinha Protegida. O acesso às ruínas submersas é permitido apenas para mergulhadores licenciados acompanhados de guias locais.
Thonis-Heracleion, Egito: onde Hércules teria pisado
Thonis-Heracleion é uma cidade lendária, situada na foz ocidental do Rio Nilo. Era um porto movimentado que recebia mercadorias de todo o Mediterrâneo.
Segundo relatos antigos, foi onde o herói Hércules pisou pela primeira vez em solo egípcio. Também teria sido visitada por Páris e Helena antes da Guerra de Troia.
Thonis era o nome egípcio. Heracleion, o nome grego em homenagem a Hércules. A cidade tinha uma rede de canais e intenso comércio, comprovado pela descoberta de 60 naufrágios e mais de 700 âncoras.
Entre os achados mais importantes está o Decreto de Sais. Trata-se de uma lousa de pedra com dois metros de altura, gravada com hieróglifos do século 4 a.C. O texto contém informações sobre impostos e confirma que Thonis e Heracleion eram, de fato, a mesma cidade.
Derwent, Inglaterra: Cidade submersa para virar reservatório
A vila de Derwent, no condado de Derbyshire, foi deliberadamente afundada no século 20. O motivo foi a construção do reservatório Ladybower, para abastecer cidades em crescimento como Derby, Leicester e Sheffield.
No início, planejou-se salvar a vila com a construção de dois reservatórios: Howden e Derwent. Mas logo ficou claro que seria preciso um terceiro. As obras começaram em 1935 e, em 1945, a vila estava submersa.
Durante verões muito secos, o nível da água baixa e as ruínas da vila reaparecem, atraindo visitantes curiosos.
Villa Epecuén, Argentina: reapareceu após 25 anos
Fundada em 1920, Villa Epecuén era um balneário nas margens do lago salgado Epecuén, na província de Buenos Aires. Suas águas eram conhecidas por supostas propriedades curativas. O local atraía milhares de turistas.
Mas, nos anos 1980, chuvas intensas elevaram o nível do lago. Um muro foi construído para proteger a cidade. Ainda assim, em novembro de 1985, uma tempestade rompeu a barragem. A cidade foi engolida por até 10 metros de água salgada.
Os moradores conseguiram sair com segurança. Villa Epecuén ficou submersa até 2009, quando o lago começou a recuar e expôs os restos da cidade novamente.
Port Royal, Jamaica: afundada por terremoto e tsunami
No século 17, Port Royal era uma cidade movimentada, conhecida pela pirataria e pelo comércio. Em 1662, havia 740 habitantes. Trinta anos depois, esse número já passava de 6 mil.
A cidade prosperava com comércio marítimo e tinha casas de até quatro andares. Mas, ao meio-dia de 7 de junho de 1692, um terremoto seguido de tsunami devastou a região. Dois terços da cidade ficaram submersos. Cerca de 2 mil pessoas morreram.
Hoje, Port Royal é uma vila de pescadores. Mas, sob as águas, ainda existem ruínas preservadas e navios naufragados. Mergulhar por lá só é permitido com autorização oficial.
Cidades submersas: memórias sob a água
Cada uma dessas cidades guarda vestígios de épocas diferentes, soterradas não por terra, mas por água. E mesmo submersas, continuam contando histórias de poder, comércio, fé, tragédia — e também de resistência.
Com informações de BBC.