Com investimento inicial de R$ 18 mil, o criador mostra quanto é possível faturar e lucrar por mês com 300 galinhas poedeiras produzindo ovos caipiras em 200 m²
O professor César, criador de conteúdo do canal Escola de Avicultores, apresentou em vídeo uma análise detalhada do lucro obtido com a criação de 300 galinhas poedeiras voltadas à produção de ovos caipiras.
A experiência, desenvolvida em um espaço de 200 m², mostra de forma prática quanto é possível faturar e qual o retorno líquido mensal que a atividade pode gerar.
César explica que falar em lucro exige cautela, pois diversos fatores influenciam o resultado. Ele baseia as informações em sua vivência de 14 anos no setor, com formação em zootecnia, mestrado e doutorado na área.
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O produtor reforça que os números apresentados refletem sua realidade atual e podem variar conforme a estrutura de cada criador.
Investimento inicial e início da produção
O produtor afirma que gastou R$ 18 mil até as galinhas iniciarem a postura, o que ocorre entre a 18ª e a 20ª semana de vida — aproximadamente entre o quarto e o quinto mês.
Nos primeiros dias de produção, os ovos ainda são menores, mas o tamanho e a regularidade aumentam até a 26ª semana.
Nesse valor de R$ 18 mil estão incluídos custos com pintainhas, ração, vacinas, energia elétrica, gás para aquecimento, mão de obra e serviços de debicagem e vacinação. Ele ressalta que não considera infraestrutura e equipamentos nessa conta, já que o galpão e os utensílios são usados por vários lotes ao longo dos anos.
Cada pintainha custou cerca de R$ 8, e cada ave consumiu aproximadamente 8 kg de ração até começar a botar. O custo médio da ração no período foi de R$ 2,50 por kg, com variação conforme a fase da ave — a ração pré-inicial, por exemplo, custava até R$ 3,70 por kg.
Custos operacionais mensais
Com o lote já em produção, os gastos fixos mensais ficam em torno de R$ 3 mil a R$ 3,1 mil.
A distribuição média inclui R$ 2.200 com ração, R$ 600 com mão de obra e cerca de R$ 300 com embalagens. Cada dúzia de ovos é embalada a um custo de R$ 0,55, e o consumo de ração por galinha é de 122 g por dia.
César explica que o manejo é parcialmente automatizado.
O galpão conta com comedouros automáticos, bebedouros tipo nipo e ninhos que permitem coleta externa, o que reduz o tempo de trabalho diário.
A mão de obra é executada por um funcionário fixo, responsável por diversas tarefas na propriedade, e o custo mensal é proporcional ao tempo dedicado às poedeiras.
O gasto com energia elétrica é baixo, e o produtor ainda acrescenta R$ 0,20 de custo logístico por dúzia para compensar as entregas diretas aos clientes.
Produção diária e faturamento
A produção média atual é de 18 dúzias de ovos por dia, com taxa de postura de 90% entre as 270 aves ativas. O produtor considera, porém, uma média de 80% para todo o ciclo produtivo, levando em conta a queda natural de postura após o pico.
Os ovos são vendidos exclusivamente em dúzias, com preço médio de R$ 12. Em alguns casos, o valor chega a R$ 14 ou R$ 15, enquanto revendedores pagam entre R$ 10 e R$ 12.
Toda a produção é comercializada, refletindo a alta demanda por ovos caipiras de qualidade.
Com esse desempenho, o faturamento bruto gira em torno de R$ 6.500 a R$ 7 mil por mês. Como o custo por dúzia é de aproximadamente R$ 7, a margem de lucro se mantém em torno de 40%, variando conforme o período e o preço de venda.
Lucro líquido e margem de rentabilidade
Após descontar todos os custos mensais — incluindo mão de obra, energia, ração, embalagens e logística —, o lucro líquido mensal fica entre R$ 3.200 e R$ 4 mil, valor que o produtor considera “limpo”, já com todas as despesas contabilizadas.
César explica que a margem de rentabilidade alcançada atualmente está em 43%, ligeiramente acima da média do setor, que varia entre 30% e 45%. Ele reforça que essa taxa depende de fatores como preço de venda, custo dos insumos e eficiência no manejo.
O ciclo produtivo das poedeiras é de aproximadamente 100 semanas, o que exige análises econômicas de longo prazo. O retorno do investimento inicial, segundo ele, ocorre gradualmente ao longo de cerca de dois anos.
Fatores que influenciam o resultado
O professor enfatiza que cada projeto deve incluir um plano de negócios completo, com projeção de vários lotes e análise de viabilidade econômica. Ele lembra que a Escola de Avicultores oferece cursos e módulos sobre o tema, abordando planejamento financeiro, vacinas, manejo e análise de custos.
César também destaca que infraestrutura e equipamentos, embora não considerados no cálculo apresentado, devem entrar na planilha de qualquer produtor que planeje escalar o negócio. Esses itens têm depreciação e impactam o resultado no longo prazo.
Além disso, o produtor observa que o mercado de ovos caipiras exige cuidados com regularização e inspeção sanitária. Para comercializar em maior escala ou com selo de inspeção, o empreendedor precisará investir em uma agroindústria e atender normas específicas — pontos que ainda não fazem parte da operação atual, descrita como informal, mas em expansão.
Escalabilidade e perspectivas
Com os números atuais, o criador reforça que não é possível “ficar rico” com 300 galinhas em 200 m², mas o negócio é um ponto de partida sólido. Ele afirma que o lucro líquido de R$ 3.500 mensais é compatível com o porte da granja e demonstra o potencial de crescimento.
O objetivo, segundo César, é ampliar gradualmente a estrutura e o número de aves. “Imagina se eu vou para mil aves? Aí sim eu consigo tirar uma grana bem bacana”, comenta. Ele planeja seguir o crescimento passo a passo, com acompanhamento técnico e registro de resultados.
O produtor também ressalta o papel da automatização e do controle rigoroso de dados como diferenciais. “Eu gosto de ter tudo à risca, exatamente todos os detalhes”, afirma. O registro constante de custos e rendimentos permite identificar gargalos e manter a eficiência.
Conclusão: pequeno espaço, resultado real
O caso apresentado por César mostra que, mesmo em pequenos espaços, a criação de galinhas poedeiras pode gerar uma renda líquida consistente. Com planejamento, automação e disciplina financeira, o modelo se torna uma alternativa rentável, especialmente em áreas rurais de menor porte.
A experiência também reforça que volume é fundamental: o lucro cresce de forma proporcional ao número de aves e à constância de postura. Embora o investimento inicial e a regularização representem barreiras, a demanda por ovos caipiras mantém o mercado aquecido e garante escoamento rápido da produção.
Ao final do vídeo, o professor convida o público a participar de uma aula ao vivo gratuita, marcada para o dia 6 de novembro, às 20h. O evento abordará estratégias para quem deseja iniciar ou expandir o negócio de ovos caipiras em pequenos espaços, reforçando a proposta central do projeto: transformar conhecimento técnico em resultados práticos e sustentáveis.



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