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YouTuber transforma motor de 1816 em bicicleta funcional sem gasolina nem bateria

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 24/07/2025 às 09:02
Registro de construção de dois meses do YouTuber enquanto ele usina alumínio, testa anéis de pistão de TPU e refina a geometria da manivela para fazer uma bicicleta funcionar silenciosamente apenas com calor.
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Um motor criado há mais de dois séculos voltou a ganhar vida pelas mãos de um engenheiro britânico. Usando calor como única fonte de energia, ele construiu uma bicicleta funcional sem gasolina ou bateria e registrou todo o processo em vídeo.

Um motor criado no século 19, muito antes da invenção do carro, voltou a ganhar vida pelas mãos de um engenheiro britânico. O criador de conteúdo e engenheiro aeroespacial Tom Stanton publicou no YouTube a construção completa de uma bicicleta movida por um motor Stirling — um tipo de máquina térmica patenteada em 1816 que funciona apenas com calor.

O vídeo, com 18 minutos de duração, acompanha todos os desafios e testes para transformar uma ideia centenária em algo que se move de verdade.

O resultado final é uma bicicleta que anda sozinha, sem gasolina, sem bateria e com ruído quase nulo.

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O projeto, embora ainda rudimentar, impressiona pela engenhosidade e pela forma como resgata um conceito quase esquecido da engenharia térmica.

Primeiros testes e modelo de bancada

O vídeo começa com uma demonstração simples. Stanton aquece uma seringa de vidro, que reage ao calor expandindo o ar em seu interior.

O movimento do êmbolo mostra o princípio básico por trás do motor Stirling: a transformação de energia térmica em energia mecânica.

Logo depois, ele monta uma segunda seringa com um pistão deslocador, responsável por empurrar o ar entre zonas quentes e frias. Essa movimentação acelera o ciclo térmico e, com isso, um pequeno motor começa a girar em cima da bancada.

Convencido de que a ideia poderia funcionar em escala real, Stanton inicia o projeto de uma unidade grande o bastante para se encaixar no quadro de uma bicicleta.

A meta era alcançar entre 100 e 150 watts de potência — o suficiente para atingir até 24 km/h em terreno plano.

Construção do motor principal

O motor foi construído com corpo principal em alumínio e tampa quente em aço, material necessário para suportar temperaturas muito elevadas.

Stanton chegou a testar um dissipador de calor de computador, mas abandonou a ideia por conta da área de contato reduzida. No lugar, adotou um sistema interno de resfriamento a água.

Como a potência era limitada, qualquer perda por atrito podia comprometer o desempenho. Para lidar com isso, ele usou anéis de PTFE (um material de baixo atrito) no pistão de potência, apoiados por tensores. Além disso, instalou rolamentos lineares feitos a partir de peças de impressora 3D para manter a haste centralizada.

A estrutura do motor foi fixada no triângulo dianteiro da bicicleta com suporte impresso em 3D.

Já a parte traseira recebeu um suporte de alumínio que acomoda dois virabrequins. Eles foram fabricados primeiro em alumínio sólido e depois em resina leve para testes.

Uma polia dentada conectada por correia substituiu o uso de engrenagens. Essa escolha visava reduzir o atrito e garantir que pistões e deslocador ficassem sincronizados durante o funcionamento.

Soluções para problemas técnicos

Nos primeiros testes, o motor não funcionou. Com a tampa já incandescente e o sistema de resfriamento a 40 °C, Stanton desmontou tudo para investigar.

Lubrificou o anel de vedação e examinou as juntas de silicone, suspeitas de causar vazamentos.

Testes de compressão mostraram que os anéis de PTFE não estavam selando corretamente. Ele tentou usar um anel de borracha, mas o arrasto foi excessivo.

A solução veio com um anel impresso em TPU, material flexível que conseguiu vedar melhor. Com isso, o pistão passou a reagir ao giro manual, indicando pressão interna recuperada.

Outro problema identificado foi o curso da manivela, inicialmente com 30 milímetros. Esse valor empurrava o pistão para além da zona ideal de expansão de ar.

Ao reduzir o curso para 25 milímetros e aumentar o deslocamento de ar entre as extremidades, o motor finalmente começou a girar sozinho.

Resultados e limitações do protótipo

Com o motor em funcionamento, Stanton fez ajustes finais. Trocaram-se as correias para reduzir perdas por flexão e adicionou-se um volante na tração traseira.

O objetivo era acumular energia antes de engatar a transmissão. Ainda assim, o protótipo se manteve como uma curiosidade de baixa potência.

O tempo de aquecimento é longo, o torque é fraco e a aceleração, difícil. Mesmo com esses limites, o projeto é uma prova de conceito fascinante.

Stanton já planeja adicionar um regenerador térmico, pressurizar o ar de trabalho, instalar um sistema de resfriamento com radiador e até criar uma embreagem para uso mais prático.

Um motor antigo com ferramentas modernas

A ideia não é substituir bicicletas elétricas. Mas o experimento mostra o que é possível quando ferramentas modernas como impressão 3D, usinagem CNC e criatividade se encontram com ideias antigas da engenharia.

O vídeo termina com o motor ainda girando, sustentado apenas pela diferença entre quente e frio.

A bicicleta se move, mesmo que lentamente, empurrada por um motor patenteado há mais de 200 anos — uma lembrança de que a inovação também pode vir do passado.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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