Uma aeronave comercial está parada no meio do mato desde o fim das operações em 2004.
No nordeste de Porto Rico, a imagem de um aeroporto fantasma chama atenção: um avião da American Airlines está parado no meio de uma pista desativada, cercado por mato, silêncio e prédios vazios.
A cena, que parece saída de um filme, é real. A aeronave, modelo McDonnell Douglas MD-82, prefixo N428AA, está abandonada na antiga base naval Roosevelt Roads, desativada em 2004.
Desde então, o aeroporto fantasma virou destino de curiosos, influenciadores e exploradores de espaços esquecidos.
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Um avião inteiro, parado no tempo
A fuselagem branca, já com marcas de ferrugem e grafites, segue inteira. Ainda é possível ver as rodas gigantes, as asas estendidas e parte do interior preservado.
A aeronave parece ter sido deixada ali e esquecida. Visitantes conseguem andar por dentro, ver as poltronas, os compartimentos de bagagem e até a cabine de comando. O youtuber Stringer Media visitou o lugar e registrou tudo em vídeo.
Ao se aproximar, ele mostra a dimensão do avião, destacando o tamanho dos pneus e a estrutura metálica ainda sólida. “É muito maior pessoalmente do que parece quando estamos embarcando”, comenta, ao caminhar ao redor do avião.
Parte da asa traseira e da cauda está faltando, e há buracos que lembram marcas de disparos. As janelas continuam intactas. “Muito difícil quebrar uma janela de avião”, diz.
Interior preservado, mesmo com o abandono
Por dentro, o cenário é surpreendente. Boa parte das poltronas ainda está no lugar. Compartimentos superiores, banheiros, ganchos de segurança e bandejas de refeição permanecem fixos. Alguns assentos foram retirados, mas outros seguem inteiros. “Essa parte aqui provavelmente era a classe econômica, com cinco assentos por fileira”, mostra Stringer.
Mais à frente, os assentos da primeira classe são visivelmente maiores e mais confortáveis. “Não entendo por que não colocam isso do outro lado também”, brinca.
Na cabine, boa parte dos comandos foi retirada, mas ainda há botões, alavancas e até uma tampa de acesso apertada usada por técnicos para manutenção.
A história da base Roosevelt Roads
A base naval Roosevelt Roads foi construída durante a Segunda Guerra Mundial. Serviu por décadas à Marinha dos Estados Unidos. Em 2004, foi completamente desativada.
Desde então, os hangares, pistas e prédios administrativos ficaram vazios. A vegetação cresceu, as estruturas se deterioraram, e parte do espaço foi ocupada informalmente por exploradores, fotógrafos e aventureiros.
Stringer destaca que há uma pista ativa nos arredores, mas a área onde o avião está estacionado foi fechada. “Tem bloqueios no final da pista, então ninguém usa mais essa parte”, explica. O acesso é feito por estrada, próximo à cidade de Ceiba. Apesar do abandono, o gramado ainda está relativamente bem conservado.
Transformação em centro educacional
O que poucos sabem é que, após o fechamento da base, parte do local foi reaproveitada como centro de ensino. Um instituto de manutenção aeronáutica funcionou ali por anos.
O avião da American Airlines teria sido doado à escola para fins educacionais. Alunos aprendiam sobre mecânica, soldagem e sistemas de voo usando a própria aeronave.
Salas de aula, oficinas e laboratórios foram montados. Havia computadores, ferramentas e peças de aviões espalhadas pelos prédios.
Em uma das salas, ainda é possível ver cartazes com informações sobre ligas de alumínio e solda. Um dos papéis abandonados mostra a data de 2018, indicando que o espaço foi usado até recentemente.
Explorando os prédios da escola
Ao lado do avião, diversos hangares e salas estão cheios de materiais. Desktops antigos, cadeiras, prateleiras e manuais técnicos continuam espalhados.
Em uma sala, há peças como pistões, escapamentos e até estruturas soldadas por estudantes. Outra área parece ter sido usada como oficina de pintura de peças.
“Tem de tudo aqui. Computadores destruídos, manuais jogados no chão, livros sobre aeronaves. Parece que simplesmente abandonaram tudo de um dia para o outro”, relata o youtuber.
Há ventiladores, quadros, armários, carrinhos de solda e instrumentos espalhados pelos corredores.
Aulas interrompidas e estrutura largada
Uma das partes mais impactantes do vídeo é a visita às salas de aula. Apesar da deterioração, muitas delas permanecem montadas. Desks empilhados, quadros com anotações e livros didáticos continuam no lugar. Em uma das salas, um livro chamado “Aircraft Basic Science” permanece sobre uma mesa. Há sinais de que o local foi usado até 2022.
Pichações nas paredes indicam que algumas pessoas passaram por ali recentemente. Mesmo assim, boa parte dos objetos permanece intacta. Em um dos corredores, Stringer encontra uma solda feita por um aluno, ainda preservada. “Não é das melhores, mas foi feita com intenção de aprender”, comenta.
Mistério sobre o fim das atividades
Não há informações claras sobre por que o instituto foi fechado. Também não se sabe por que o avião não foi removido após o fim das aulas.
Alguns especulam que o projeto foi interrompido abruptamente. Stringer expressa tristeza: “Isso aqui era uma oportunidade de ouro. Aprender a trabalhar com aviões é algo raro. E agora está tudo abandonado”.
O local parece ter sido mantido com cuidado até pouco tempo. Em uma das áreas técnicas, ainda é possível ver equipamentos caros, como geradores e sistemas de ar-condicionado. Uma sala com o nome “Radar Control” levanta dúvidas sobre seu uso. Muitos itens estão intactos, mesmo com a estrutura em ruínas.
Uma lembrança da era militar
A fuselagem do MD-82 permanece como símbolo de uma era que chegou ao fim. Antigamente parte de uma base estratégica dos Estados Unidos, o avião agora está parado sob o sol, alvo de câmeras e curiosidade. Visitantes exploram com respeito, mas o futuro do local é incerto.
“Se você vier aqui, explore com cuidado e não destrua nada. Isso aqui é história”, alerta Stringer ao final do vídeo. Apesar do abandono, o espaço ainda mantém sua força visual. Uma lembrança viva de uma base militar que virou escola, e agora virou ruína.
Essa aeronave permanece em Porto Rico, sem uso e sem previsão de remoção. O aeroporto, que antes foi símbolo de poder militar e depois esperança educacional, agora é um campo silencioso de memórias.