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VW Kombi de 6 portas: a versão rara feita só no Brasil com motor ‘inquebrável’, portas duplas laterais e projeto pensado para companhias aéreas

Escrito por Ana Alice
Publicado em 31/08/2025 às 17:36
Descubra a rara VW Kombi de 6 portas, feita só no Brasil, com motor boxer resistente e design criado para transporte ágil de passageiros.
Descubra a rara VW Kombi de 6 portas, feita só no Brasil, com motor boxer resistente e design criado para transporte ágil de passageiros.
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A versão de seis portas da Kombi, criada exclusivamente no Brasil, tornou-se raridade ao unir portas duplas laterais, motor resistente e projeto pensado para o transporte de passageiros em aeroportos, táxis e serviços escolares.

A Kombi de seis portas, exclusiva do mercado brasileiro, nasceu para facilitar o embarque e o desembarque em operações de transporte de passageiros — inclusive em aeroportos — e tornou-se raridade após uma produção limitada.

Com portas duplas nas duas laterais e a reputação do motor boxer refrigerado a ar, o modelo atendeu táxis, serviços escolares e frotas corporativas, cumprindo um papel discreto, porém marcante, na malha de mobilidade do país.

Origem do projeto e chegada ao Brasil

A gênese da Kombi remonta ao pós-guerra.

O conceito do utilitário foi esboçado em 23 de abril de 1947 pelo empresário holandês Ben Pon, então importador da Volkswagen.

A produção em série começou em 1950, na Alemanha, e, poucos anos depois, o modelo já estava presente nas ruas brasileiras.

No Brasil, a história industrial da Kombi tem um capítulo inaugural.

A montagem começou em 1953, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, com kits importados.

Em 2 de setembro de 1957, a Volkswagen iniciou a produção nacional na Fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, com 50% de conteúdo local.

Foi o primeiro veículo fabricado pela marca no país.

O Fusca passaria a ser produzido por aqui a partir de 1959, consolidando a expansão da operação brasileira.

Por que seis portas?

A proposta da versão 6 portas era pragmática: acesso por ambos os lados para acelerar o fluxo de passageiros em paradas rápidas.

Em vez de apenas uma abertura lateral, a carroceria trazia um par de portas de cada lado, além das duas dianteiras, totalizando seis.

A solução facilitava o embarque por fileira de assentos e reduzia manobras em espaços apertados, algo valioso no transporte urbano e em pátios de aeroportos.

Segundo registros de época e publicações especializadas, a Kombi 6 portas apareceu no início dos anos 1960 como derivação da configuração de passageiros.

A ideia era atender táxis, lotações, escolas e companhias que demandavam embarque ágil.

Embora a produção tenha sido pequena, a configuração permaneceu no catálogo por anos e atravessou mudanças de geração no mercado brasileiro.

Mecânica simples, robusta e nacionalizada

A base mecânica manteve o conhecido boxer quatro-cilindros refrigerado a ar, motor de manutenção simples e reconhecida durabilidade, o que alimentou a fama de “inquebrável” entre frotistas.

Inicialmente, a 6 portas utilizava o 1.200 cm³, o mesmo das demais Kombis à época.

Com a evolução da linha, ganhou o 1.500 cm³ em 1967, melhorando o fôlego.

A partir de 1975, já na fase com frente modernizada, passou a oferecer o 1.600 cm³.

Essas atualizações acompanharam o processo de nacionalização de componentes e o amadurecimento da engenharia local.

A arquitetura com motor traseiro e tração traseira, somada ao desenho de carroceria monobloco, entregava robustez para uso intensivo.

Ao mesmo tempo, o acesso por três aberturas por lado — contando a porta dianteira e o conjunto de portas laterais duplas — contribuía para a versatilidade em aplicações de alta rotatividade de passageiros.

Uso em aeroportos e serviços de transporte

O ambiente aeroportuário foi um dos destinos naturais da 6 portas.

Com portas espelhadas nas duas laterais, a Kombi atendia rotas curtas dentro do pátio, transferindo tripulações e passageiros entre terminais e aeronaves, de modo a minimizar o tempo de parada.

Em linhas urbanas e escolares, a lógica era semelhante: reduzir o tempo em cada ponto e organizar o fluxo por fileiras, algo facilitado pela multiplicidade de acessos.

Ainda que as referências iconográficas e de acervo sobre esse uso sejam, em grande medida, dispersas e pontuais, elas convergem para o emprego frequente da 6 portas em operações de apoio e em frotas corporativas.

O conjunto de características funcionais — portas simétricas, interior simples e mecânica resistente — explica por que a configuração foi lembrada por quem trabalhou com transporte coletivo leve ao longo das décadas.

Entre a “corujinha” e a frente modernizada

O Brasil manteve especificidades de projeto ao atualizar a Kombi.

Na segunda metade dos anos 1970, o modelo nacional adotou a frente de linhas mais modernas, mas conservou as laterais com portas duplas em determinadas versões.

Nesse arranjo, a 6 portas seguiu à venda ao menos até o fim dos anos 1970, ainda que a documentação de fábrica disponível ao público não seja unânime sobre o último ano de produção.

De todo modo, o conceito que a originou — acesso rápido e bilateral — seguiu sendo um diferencial enquanto esteve no catálogo.

Raridade e preservação

Por ter sido produzida em números reduzidos e destinada majoritariamente a frotas operacionais, muitas unidades foram intensamente utilizadas e, com o tempo, desapareceram.

Encontrar hoje uma Kombi 6 portas íntegra é incomum.

Exemplares preservados ou restaurados costumam aparecer em encontros de antigos e acervos especializados.

O interesse crescente por veículos comerciais históricos tem impulsionado pesquisas e resgates, o que ajuda a reconstruir a trajetória dessa configuração tipicamente brasileira.

Legado de um utilitário brasileiro

A Kombi encerrou sua produção no Brasil em 2013, após mais de meio século de história, e a 6 portas permanece como um símbolo de adaptação local a necessidades específicas de mobilidade.

Ela combina engenharia simples, acessibilidade ampliada e uma solução de layout que dialoga com a operação real de quem transporta gente e carga em ambientes desafiadores.

Diante de tanta história e tão poucos sobreviventes, qual lembrança ou registro da Kombi 6 portas você gostaria de ver preservado para as próximas gerações?

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Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (CPG) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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