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Vulcão no Rio de Janeiro: a geologia por trás da real origem da paisagem carioca

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 14/05/2025 às 00:46
Atualizado em 18/05/2025 às 13:04
Vulcão no Rio de Janeiro: MITO ou REALIDADE? 🌋 Desvendamos o caso de Nova Iguaçu e a origem do Pão de Açúcar. A geologia explica TUDO
Vulcão no Rio de Janeiro: MITO ou REALIDADE? 🌋 Desvendamos o caso de Nova Iguaçu, Morro de São João e a origem do Pão de Açúcar. A geologia explica TUDO
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A paisagem imponente do Rio de Janeiro levanta a questão: existe algum vulcão no Rio de Janeiro? Investigamos a geologia do estado, o famoso caso de Nova Iguaçu e a origem de seus picos icônicos, separando fatos científicos de narrativas populares.

A topografia marcante do Rio de Janeiro, com seus picos rochosos e vales profundos, frequentemente desperta a curiosidade: haveria algum vulcão no Rio de Janeiro, ativo ou extinto? Narrativas populares, como a do “Vulcão de Nova Iguaçu”, alimentam essa especulação e o fascínio por uma atividade vulcânica na região.

Entenda a geologia do estado para separar mitos da realidade científica. Embora o Brasil não possua vulcões ativos hoje, seu passado geológico é rico em eventos magmáticos. Vamos explorar se algum vulcão no Rio de Janeiro faz parte dessa história ou se as famosas montanhas cariocas têm outra origem.

Vulcanismo no Brasil: um passado geologicamente ativo, um presente relativamente calmo

Atualmente, o Brasil não possui vulcões ativos. Isso se deve à sua localização no interior da Placa Tectônica Sul-Americana, distante das bordas de placas onde a maioria dos vulcões se concentra. Além disso, nosso relevo é antigo e sofreu intensa erosão.

Contudo, o país tem um vasto histórico de atividade vulcânica em eras passadas. Exemplos incluem as gigantescas erupções basálticas no Sul durante a Era Mesozoica e complexos vulcânicos antiquíssimos na Amazônia. Portanto, a busca por vestígios de um antigo vulcão no Rio de Janeiro é uma investigação válida.

O ‘vulcão de Nova Iguaçu’: a história de um famoso mito e a realidade científica no estado do Rio de Janeiro

Vulcão no Rio de Janeiro: a geologia por trás da real origem da paisagem carioca

O caso mais emblemático é o chamado “Vulcão de Nova Iguaçu”, no Maciço do Mendanha. A hipótese de um vulcão extinto surgiu nos anos 1970, baseada na identificação de rochas de aparência fragmentada. Essa ideia foi popularizada, e a área chegou a ser promovida como um geoparque tendo o “vulcão” como atração.

No entanto, estudos científicos mais detalhados e recentes reavaliaram essa interpretação. A suposta cratera é, na verdade, um vale erosional, e as rochas são parte de um complexo alcalino intrusivo do Paleoceno (cerca de 58-60 milhões de anos). O que se observa hoje são as “raízes” profundamente erodidas de um antigo sistema magmático, cujas estruturas vulcânicas superficiais foram completamente removidas pela erosão. Assim, não se trata de um vulcão no Rio de Janeiro preservado como se imaginava.

Outras manifestações magmáticas significativas no estado do Rio de Janeiro

O estado do Rio de Janeiro possui registros de outras atividades magmáticas. Durante os períodos Jurássico e Cretáceo, ocorreram extensos enxames de diques de diabásio, relacionados à abertura do Atlântico Sul. Do Neocretáceo ao Eoceno (aproximadamente 90 a 40 milhões de anos atrás), diversas intrusões de rochas alcalinas ocorreram, incluindo o Maciço do Mendanha.

Em rochas muito mais antigas (Proterozoicas), encontram-se anfibolitos, que são rochas vulcânicas básicas metamorfizadas, testemunhas de antigos arcos vulcânicos e processos de formação de montanhas.

Pão de Açúcar, Corcovado e Pedra da Gávea: seriam estes ícones cariocas um tipo de vulcão no Rio de Janeiro?

A paisagem icônica da cidade do Rio de Janeiro, com suas montanhas mundialmente famosas, também gera dúvidas sobre uma possível origem vulcânica. No entanto, a ciência demonstra que sua gênese é outra.

O Pão de Açúcar e o Morro da Urca são inselbergs de granito e gnaisse, esculpidos por milhões de anos de erosão diferencial. O Corcovado, onde está o Cristo Redentor, é formado principalmente pelo Granito Corcovado e gnaisses, originados de uma intrusão magmática profunda durante a Orogênese Brasiliana (há cerca de 560 milhões de anos), posteriormente soerguida e erodida. A Pedra da Gávea tem base gnáissica e topo granítico, também fruto desses antigos processos geológicos. Nenhuma dessas formações é um vulcão no Rio de Janeiro.

Morro de São João em Casimiro de Abreu: seria este o ‘vulcão no Rio de Janeiro’ que poucos conhecem?

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O Morro de São João, localizado em Casimiro de Abreu, é outra formação imponente no estado do Rio de Janeiro frequentemente questionada se seria um antigo vulcão. Sua forma destacada na paisagem alimenta essa ideia popular. No entanto, estudos geológicos aprofundados revelam que o Morro de São João é, na verdade, um maciço de rochas ígneas alcalinas, como sienitos nefelínicos, formado pelo resfriamento lento de magma em grandes profundidades há cerca de 50 a 60 milhões de anos. A sua morfologia atual não é a de um edifício vulcânico preservado, mas sim o resultado de milhões de anos de erosão diferencial, que desgastou as rochas menos resistentes ao seu redor, expondo este núcleo mais duro.

Assim como o Maciço do Mendanha em Nova Iguaçu, o Morro de São João representa as raízes de um antigo sistema magmático, e não um vulcão que entrou em erupção na superfície da forma como muitos imaginam. Se existiu alguma estrutura vulcânica superficial associada a ele, esta foi completamente removida pelo tempo. Apesar disso, o Morro de São João possui grande valor como patrimônio geológico, sendo um geossítio proposto, importante para estudos científicos sobre o magmatismo alcalino do estado e com potencial para o turismo e educação ambiental, revelando a fascinante história geológica da região.

Se algum leitor tiver imagens do Morro de São João, Corcovado, ‘Vulcão de Nova Iguaçu, fotos históricas da cidade maravilhosa e/ou comentários construtivos, é bem-vindo nos comentários para colaborar.

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Jhones Poubel
Jhones Poubel
18/05/2025 12:32

Sou Biólogo e Guia de Turismo e realizo a trilha no Morro Sao João em Casimiro de Abreu RJ no distrito Barra de Sao João. É uma trilha toda dentro da Mata Atlântica preservada com fauna e flora presente. Exemplo e a figueira centenário que é um dos pontos de parada para contemplar e fotografar. Quem desejar fazer essa trilha com segurança e interpretação ambiental entre contato pelo whatsapp 022981665081 ou Instagram @jhonespoubel @ecouberaventuras

Ana Carolina
Ana Carolina
17/05/2025 17:36

Adorei o conteúdo, que inclusive é matéria da minha prova da faculdade. Obrigada 🙂

Abrahão
Abrahão
17/05/2025 10:26

É importante esclarecer que não existe nenhum vulcão adormecido no Brasil, e nenhum ser humano presenciou erupção alguma no território brasileiro. Aqui se encontram sim vulcões extintos que estavam ativos há dezenas e centenas de milhões de anos, portanto muito antes do surgimento da espécie humana cujos fósseis mais antigos remontam a 300 000 mil anos. Precisamos abandonar crendices e lendas urbanas e conhecer os princípios básicos da geologia.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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