Este vulcão único na Tanzânia libera lava fria e está afundando lentamente, intrigando cientistas e desafiando nossas percepções sobre os fenômenos vulcânicos.
No nordeste da Tanzânia, em meio ao deslumbrante Vale do Rifte, encontra-se o Ol Doinyo Lengai, um vulcão que desafia a compreensão tradicional das forças da natureza. Conhecido como o vulcão mais bizarro do mundo, ele expele uma lava negra e “fria”, com temperaturas bem abaixo do que se espera de um vulcão comum. Este fenômeno natural singular tem despertado o interesse de cientistas e aventureiros, intrigando o mundo com suas peculiaridades. Continue lendo para conhecer as peculiaridades desse vulcão com lava fria.
A lava fria do Ol Doinyo Lengai
Quando pensamos em vulcões, a imagem que normalmente vem à mente é a de rios incandescentes de lava vermelha ou laranja, fluindo a temperaturas que superam os 900°C. No entanto, o vulcão Ol Doinyo Lengai, que se ergue imponente a 2.962 metros de altitude, desafia essa imagem clássica. Ele é o único vulcão conhecido na Terra a exalar magma carbonatítico, um tipo de lava rica em carbonatos, como cálcio e sódio, mas pobre em sílica.
Essa lava, ao contrário da maioria, atinge uma temperatura de apenas 540°C, o que a torna a lava mais fria do mundo. Sua aparência é igualmente incomum: quando o magma é expelido do vulcão, ele tem a consistência de um líquido negro, lembrando óleo de motor escorrendo pela encosta. À medida que a lava esfria, ela muda de cor, passando do preto ao branco, criando um cenário tão impressionante quanto peculiar.
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As peculiaridades do vulcão mais bizarro do mundo
As peculiaridades do vulcão Ol Doinyo Lengai não se limitam à sua lava. Um estudo recente, publicado na revista Geophysical Research Letters, revelou um fenômeno igualmente estranho: o vulcão está afundando. Segundo os cientistas, o Ol Doinyo Lengai tem diminuído de altura de forma gradual ao longo da última década, com a montanha perdendo cerca de 3,6 centímetros por ano. No total, entre 2013 e 2023, o vulcão encolheu 36 centímetros.
Esse afundamento está diretamente relacionado a um reservatório de magma localizado a cerca de mil metros abaixo do vulcão. Este reservatório, que alimenta as erupções do Ol Doinyo Lengai, parece estar se esvaziando, levando à subsidência da montanha. A razão exata para o esvaziamento do reservatório ainda é um mistério para os cientistas. Uma teoria sugere que ele poderia estar conectado a outro reservatório mais profundo, localizado a mais de três mil metros abaixo da superfície.
Tecnologia a serviço da ciência: monitorando o afundamento
Para mapear o afundamento do vulcão com lava fria, os pesquisadores utilizaram dados obtidos por satélites, especificamente o Sentinel-1 e o Cosmo-SkyMed. Essas ferramentas permitiram observar mudanças sutis no solo ao redor do vulcão, identificando que uma área ao lado da cratera norte estava se afastando do satélite a uma taxa constante.
Curiosamente, o vulcão mais bizarro do mundo não apresentava sinais de afundamento antes de 2007, quando uma poderosa erupção abriu uma segunda cratera, conhecida como cratera norte, a cerca de 100 metros dentro do vulcão. A partir de então, até meados de 2008, o Ol Doinyo Lengai passou por uma série de erupções, marcando o início do processo de subsidência que continua até hoje.
Além do afundamento, o Ol Doinyo Lengai apresenta outras características preocupantes. Uma fissura de 100 metros, localizada no canto oeste do vulcão, está cheia de lava e pode crescer a cada nova erupção. Esses sinais indicam que o vulcão requer monitoramento constante para prevenir possíveis desastres naturais que possam afetar as comunidades ao redor.
O que esperar do vulcão com lava fria?
O vulcão mais bizarro do mundo continua a intrigar cientistas e observadores. Enquanto o processo de afundamento do Ol Doinyo Lengai levanta questões sobre a estabilidade da montanha, o comportamento de sua lava carbonatítica também oferece um campo fértil para pesquisas. A lava fria, mais fluida e menos viscosa do que a lava tradicional, pode fornecer novos insights sobre a dinâmica dos vulcões e suas interações com a crosta terrestre.
A necessidade de monitorar o vulcão com lava fria se torna ainda mais urgente à medida que se acumulam evidências de mudanças em sua estrutura interna. A combinação de alta tecnologia e pesquisa científica é fundamental para entender os riscos e as possibilidades que o Ol Doinyo Lengai representa, não apenas para a Tanzânia, mas para o estudo global dos vulcões.
O Ol Doinyo Lengai é uma maravilha geológica que nos desafia a repensar nossas ideias sobre a natureza. Sua lava fria e o fenômeno de afundamento o colocam em uma categoria própria, destacando-o como um dos fenômenos naturais mais intrigantes e, ao mesmo tempo, mais incomuns do planeta.