A Volkswagen confirmou uma pausa temporária na produção dos modelos Golf e Tiguan, negou escassez de chips, mas acompanha os efeitos da crise envolvendo a fabricante de semicondutores Nexperia, bloqueada pela Holanda e pela China
A Volkswagen anunciou nesta terça-feira (21) uma interrupção temporária na produção dos modelos Golf e Tiguan, dois dos veículos mais importantes de sua linha global. Segundo a empresa, a decisão foi planejada com antecedência e está relacionada à gestão de estoques e ao calendário de férias de outono no hemisfério norte.
Apesar das especulações, a montadora nega qualquer relação direta com a crise de semicondutores que se intensificou após o bloqueio da fabricante holandesa Nexperia, cuja produção foi atingida por disputas entre os governos da Holanda e da China. Mesmo assim, a Volkswagen admitiu que monitora o cenário global com atenção, diante do risco de novos gargalos na cadeia automotiva.
Crise entre Holanda e China pressiona o fornecimento de semicondutores
A tensão diplomática começou quando o governo holandês assumiu o controle da Nexperia em 30 de setembro, alegando motivos de segurança e proteção da propriedade intelectual.
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A reação veio de Pequim: a China proibiu a exportação de produtos acabados da empresa, o que comprometeu o fluxo internacional de componentes eletrônicos usados em larga escala pela indústria automotiva.
Embora não sejam chips de última geração, os semicondutores da Nexperia são essenciais por estarem presentes em grande volume na produção de veículos modernos, especialmente em módulos de controle e sistemas de injeção.
A interrupção nas exportações gerou apreensão entre fabricantes europeias, que já enfrentaram escassez semelhante durante a pandemia de 2020 e 2021.
Volkswagen nega falta de chips, mas reconhece cenário de alerta
De acordo com a Volkswagen, as pausas atuais não têm ligação direta com o fornecimento de semicondutores, mas a empresa reconhece que o mercado ainda está vulnerável a novas restrições logísticas e diplomáticas.
“As pausas foram planejadas há muito tempo e devem terminar até o fim da semana”, informou um porta-voz da companhia à Reuters.
Ainda assim, a montadora alemã mantém equipes técnicas avaliando possíveis impactos nas próximas semanas, especialmente se as sanções sobre a Nexperia forem prolongadas.
A empresa tem buscado diversificar fornecedores e reduzir dependências regionais, estratégia que ganhou força desde as interrupções causadas pela pandemia.
O papel estratégico da Nexperia na indústria automotiva
A Nexperia, subsidiária da Wingtech Technology, da China, é uma das principais fornecedoras de chips de uso automotivo na Europa.
Seu portfólio inclui componentes básicos, mas críticos para o funcionamento elétrico e eletrônico de veículos.
Diferente dos chips de alto desempenho usados em sistemas de navegação ou condução autônoma, os semicondutores da Nexperia são peças de suporte, porém insubstituíveis em grande escala.
Por isso, qualquer bloqueio na empresa tem potencial de gerar ondas em todo o setor, afetando desde o cronograma de fábricas até contratos de fornecimento.
O caso acende novamente o debate sobre a dependência europeia de componentes fabricados sob influência asiática e sobre a necessidade de autonomia tecnológica em segmentos estratégicos.
Panorama global e riscos de efeito dominó
Analistas do setor apontam que, se as restrições comerciais entre Holanda e China se prolongarem, outras montadoras podem enfrentar atrasos ou ter de readequar linhas de montagem, mesmo que de forma pontual.
Empresas como Stellantis, BMW e Mercedes-Benz acompanham o caso com preocupação.
A Volkswagen, por sua vez, tenta demonstrar controle da situação, reforçando que suas unidades continuarão operando normalmente após a pausa planejada.
Ainda assim, a combinação entre tensões geopolíticas, dependência tecnológica e ritmo de recuperação industrial coloca o setor automotivo sob um novo ciclo de vulnerabilidade global.
A pausa da Volkswagen chega num momento em que a indústria mundial ainda busca estabilidade após anos de interrupções e reajustes na cadeia de suprimentos.
A incerteza em torno da Nexperia mostra como questões políticas e tecnológicas se cruzam diretamente com a produção de veículos.
E você, acredita que o bloqueio da Nexperia pode provocar nova crise de chips no setor automotivo? Acha que a Volkswagen conseguirá manter a produção estável nos próximos meses? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto o mercado automotivo e entende seus bastidores.