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Você sabia que o Brasil esconde um “pré-sal” de urânio? Descubra onde ficam as minas esquecidas, o potencial bilionário e por que ainda não viraram realidade

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 14/07/2025 às 13:40
Brasil esconde reservas bilionárias de urânio, minas esquecidas e potencial para energia limpa aguardam investimento e avanço regulatório.
Brasil esconde reservas bilionárias de urânio, minas esquecidas e potencial para energia limpa aguardam investimento e avanço regulatório.
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Reservas estratégicas de urânio permanecem intocadas no Brasil, enquanto projetos de mineração com potencial bilionário seguem aguardando investimentos e avanços regulatórios. Setor nuclear vê oportunidades para energia limpa e independência nacional.

O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário global ao deter a sexta maior reserva de urânio do mundo, um recurso estratégico essencial para a produção de energia nuclear e para a transição energética rumo a fontes menos poluentes.

Apesar desse potencial, minas já mapeadas e catalogadas há décadas seguem inexploradas, enquanto o monopólio estatal mantém sob controle todo o ciclo do urânio, elemento cada vez mais cobiçado internacionalmente diante do crescimento das demandas por energia limpa e sustentável.

Esses depósitos de urânio, conhecidos como “minas esquecidas”, localizam-se nos estados do Paraná, Goiás, Paraíba e Ceará.

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Em muitos desses locais, o urânio está associado a outros minérios valiosos, como ouro, cobre, diamantes e terras raras.

Mesmo diante desse cenário promissor, os investimentos públicos e privados para o desenvolvimento dessas áreas têm sido insuficientes, perpetuando o potencial bilionário ainda inexplorado.

A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa responsável pela gestão do urânio nacional, anunciou que pretende lançar, no segundo semestre de 2025, editais para parcerias na exploração e separação desses metais.

O urânio continuará sob responsabilidade exclusiva da estatal, como exige a legislação brasileira.

Entre as jazidas prioritárias estão Figueira (PR), Espinhara (PB), Amorinópolis (GO), Rio Preto (GO) e o projeto estratégico de Itataia, em Santa Quitéria (CE).

Brasil esconde reservas bilionárias de urânio, minas esquecidas e potencial para energia limpa aguardam investimento e avanço regulatório.
Brasil esconde reservas bilionárias de urânio, minas esquecidas e potencial para energia limpa aguardam investimento e avanço regulatório.

Oportunidades para o setor nuclear brasileiro

Segundo a Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), o Brasil reúne as condições essenciais para conquistar parte relevante do mercado global de urânio, em um contexto no qual diversos países revisam suas políticas energéticas e reavaliam o uso da energia nuclear.

“O país possui reservas, conhecimento técnico e capacidade de produção de combustível nuclear”, afirma o presidente da Abdan, Celso Cunha.

Ele destaca ainda que, enquanto nações como a China dominam a tecnologia, poucas dispõem do recurso mineral em abundância, o que amplia o interesse internacional pelo urânio brasileiro.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a comparar o mapa das jazidas nacionais ao pré-sal do petróleo, em referência à dimensão e ao potencial econômico desses projetos tanto para o abastecimento interno quanto para a exportação.

O mercado global acompanha de perto os próximos passos do setor, diante do apetite crescente por fontes energéticas alternativas e de menor impacto ambiental.

Editais aguardados e entraves regulatórios

Apesar das expectativas, o avanço das parcerias depende do lançamento dos editais de exploração, que seguem aguardados desde janeiro de 2023, início da atual gestão federal.

A INB confirmou que Figueira, Espinhara, Amorinópolis e Rio Preto integram o programa Pró-Urânio, que prevê a participação da iniciativa privada para a exploração em conjunto com a estatal.

O projeto de Itataia, no Ceará, é considerado prioritário, com início das operações previsto até 2029, segundo a própria empresa.

A mina de Itataia, localizada em Santa Quitéria, destaca-se não apenas pelo volume de urânio, mas também pela quantidade de fosfato, um insumo fundamental para a produção de fertilizantes.

Atualmente, cerca de 87% da demanda nacional por fertilizantes fosfatados é atendida por importações, o que eleva a importância estratégica do projeto para o Brasil.

A responsável pela extração de fosfato será a Galvani Fertilizantes, que deverá produzir anualmente 1 milhão de toneladas de fertilizantes e 220 mil toneladas de fosfato bicálcico para nutrição animal.

O urânio, por sua vez, será direcionado prioritariamente às usinas nucleares de Angra dos Reis, podendo ainda abastecer o mercado internacional diante do excedente previsto.

Brasil esconde reservas bilionárias de urânio, minas esquecidas e potencial para energia limpa aguardam investimento e avanço regulatório.
Brasil esconde reservas bilionárias de urânio, minas esquecidas e potencial para energia limpa aguardam investimento e avanço regulatório.

Mudanças na legislação e expectativa por avanços

Uma alteração significativa ocorreu ao final de 2022, quando a legislação brasileira passou a permitir a participação da iniciativa privada na pesquisa e lavra de minérios nucleares, anteriormente restrita ao Estado.

A mudança, sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro, representa um marco para a abertura do setor à cooperação com empresas especializadas, embora o controle do urânio extraído permaneça com a União.

De acordo com Celso Cunha, “não faz sentido o governo atuar diretamente na extração, que é atividade típica da iniciativa privada”.

Mesmo com a nova legislação, a operacionalização das parcerias ainda não se concretizou.

O setor nuclear aguarda desde 2023 a publicação dos editais para formalizar a participação das empresas privadas nos projetos, com expectativa de avanços ainda em 2025.

Segundo fontes do segmento, o “pré-sal” de urânio nacional permanece como promessa à espera de destravamento burocrático e ambiental.

Energia nuclear e novos usos para o urânio brasileiro

A demanda mundial por urânio cresce impulsionada principalmente pelos pequenos reatores nucleares, tecnologia que se dissemina em diversos países para apoiar a descarbonização da indústria e garantir o fornecimento contínuo de energia, inclusive para centros de dados.

A energia nuclear, considerada uma das poucas alternativas térmicas realmente limpas, oferece estabilidade ao sistema elétrico e reduz a dependência de fontes intermitentes como eólica e solar.

Dados da Abdan apontam que mais de US$ 75 bilhões em projetos energéticos estão parados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à espera de licenças ambientais — entre eles o empreendimento inédito em Santa Quitéria.

Uma vez em operação, o projeto cearense poderá abastecer integralmente as usinas de Angra 1, 2 e 3, além de gerar excedente para exportação.

As reservas de urânio já catalogadas no Brasil garantiriam o abastecimento interno por pelo menos dois séculos, conforme estimativa do setor.

O avanço da energia nuclear pode ainda gerar benefícios transversais, como a produção de hidrogênio, a dessalinização de água e a descarbonização de outras atividades, especialmente na mineração, ainda fortemente dependente de geradores a diesel.

Além disso, a indústria nuclear possui interface direta com a medicina, fornecendo radioisótopos fundamentais para o diagnóstico e tratamento de câncer.

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Itataia: uma jazida estratégica para o futuro nacional

Após mais de dez anos de pesquisas, a Galvani Fertilizantes desenvolveu tecnologia inédita no Brasil para separar fosfato e urânio presentes em Itataia, onde 99,8% do volume corresponde a fosfato e 0,2% ao urânio.

O empreendimento pode reduzir a dependência brasileira de fertilizantes importados e atender 25% do mercado nacional de fertilizantes fosfatados e metade da demanda por fosfato bicálcico nas regiões Norte e Nordeste.

O urânio extraído será enriquecido pela INB de seu grau natural para 4,5%, padrão internacional utilizado em reatores nucleares.

Apesar do enorme potencial, desafios permanecem.

O licenciamento ambiental, a necessidade de investimentos robustos e o ritmo dos trâmites burocráticos limitam a transformação do “pré-sal” de urânio em realidade.

O tema volta ao centro do debate nacional diante da busca por segurança energética, autossuficiência e novas oportunidades econômicas para o Brasil.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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