Um oásis de silêncio e luxo em meio à metrópole, a Rua Frederic Chopin concentra os imóveis mais caros do país, com apartamentos que ultrapassam R$ 120 milhões e metragem média de 1.055 m²
No coração dos Jardins, em São Paulo, há uma rua que representa o auge da valorização imobiliária brasileira. Longe do movimento intenso da capital e cercada por muros altos, guaritas e silêncio, a Rua Frederic Chopin abriga os apartamentos mais caros da cidade, vendidos por uma média de R$ 36,9 milhões, segundo levantamento da plataforma Loft.
O local é um enclave de tranquilidade e segurança em meio à metrópole, reservado a poucos privilegiados.
Um endereço cercado por luxo e discrição
A Rua Frederic Chopin não tem comércio, não é rota de passagem e possui apenas sete prédios. Cinco deles foram erguidos pela construtora São José, conhecida por empreendimentos de altíssimo padrão e também por polêmicas.
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A empresa esteve envolvida na construção de um edifício de luxo no Itaim Bibi sem alvará, o que levou à necessidade de regularização por meio da compra de R$ 67 milhões em títulos imobiliários da Operação Urbana Faria Lima.
Entre os edifícios da rua, o destaque vai para o St. Paul, empreendimento de luxo da própria São José. O prédio conta com apenas 26 unidades, que variam de 744 m² a 865 m², todas com 12 vagas de garagem.
A cobertura duplex, de 1.413 m² e 20 vagas, pertenceu ao apresentador Faustão e foi vendida neste ano por cerca de R$ 120 milhões.
O condomínio oferece uma estrutura digna de resort: piscina climatizada, quadra de tênis, academia e sala de massagem.
A taxa mensal gira em torno de R$ 15 mil, reflexo do perfil de exclusividade da via, onde o adensamento é mínimo.
O tamanho médio dos apartamentos na Frederic Chopin chega a 1.055 m², um padrão raro até mesmo entre imóveis de luxo.
“Essa não é uma rua de passagem. Só é frequentada por quem mora”, explica Lucas Melo, diretor da imobiliária MBRAS.
“Há até uma brincadeira no mercado de que é a rua com mais seguranças por metro quadrado em São Paulo”, completa.
A rivalidade entre endereços milionários
Logo ao lado, a Rua Seridó ocupa o segundo lugar entre as ruas mais caras da capital paulista.
Também residencial e próxima de pontos de alto prestígio, como o Parque do Povo e clubes tradicionais, o endereço tem apartamentos avaliados em média em R$ 32,8 milhões, com 908 m² por unidade.
A São José volta a aparecer como protagonista no edifício Seridó 106, erguido em parceria com a Yuny Incorporadora em 2012.
O prédio é símbolo do luxo paulistano, com 128 unidades entre 405 m² e 930 m², todas avaliadas em torno de R$ 30 milhões. O condomínio, de cerca de R$ 6 mil mensais, inclui piscina e ampla área verde.
Jardins e Itaim Bibi lideram o ranking de luxo
Segundo a Loft, entre as 20 ruas mais caras de São Paulo, sete estão no Jardim Europa e uma no Jardim Paulistano.
Para Fábio Takahashi, gerente de dados da empresa, essa região reúne os endereços mais exclusivos da cidade. “São áreas que mantêm liquidez mesmo em momentos de mercado mais difíceis”, explica.
O Itaim Bibi também se destaca, com três ruas na lista. Morumbi, Vila Nova Conceição, Paraíso e Alto de Pinheiros completam o grupo das localizações de elite.
“Esses bairros estão próximos do principal polo financeiro e tecnológico da cidade, a região da Faria Lima”, afirma Takahashi.
Ele lembra que morar perto desses centros é um fator determinante de valorização. Mesmo o Morumbi, segundo ele, se enquadra nesse perfil por abrigar áreas nobres próximas ao complexo Cidade Jardim.
Além disso, todos esses bairros compartilham características como ruas arborizadas, infraestrutura de alto padrão e acesso rápido a serviços de qualidade.
A exclusividade como motor do preço
De acordo com Cyro Naufel, diretor do Grupo Lopes, a localização é outro diferencial da Frederic Chopin e da Seridó. “São ruas que ficam em pedaços tranquilos do Jardim Europa, próximos das avenidas corporativas e da marginal, mas sem o trânsito”, observa.
Essas regiões também se destacam pela amplitude dos imóveis. Nas 20 ruas mais caras da cidade, a média é superior a 400 m² por unidade — um contraste com a tendência paulistana de apartamentos compactos e empreendimentos populares.
Essa diferença explica a escassez e a alta demanda. “A ocupação nessas ruas é de quase 100%. Como há pouca disponibilidade de terrenos, novos lançamentos são raros. Tudo o que existe é revenda”, afirma Naufel.
Mesmo assim, o especialista acredita que novos bolsões de luxo devem surgir com o avanço da verticalização. “São Paulo tem um comportamento único: não há uma única área de altíssimo padrão, mas várias microcidades de luxo, cada uma com seu perfil”, diz.
Onde o metro quadrado custa uma fortuna
O Índice FipeZAP, do DataZAP, mostra o Itaim Bibi com o metro quadrado mais caro da capital, avaliado em R$ 19,31 mil.
Em seguida vêm Pinheiros (R$ 18,24 mil), Jardins (R$ 16,74 mil), Moema (R$ 15,62 mil) e Vila Mariana (R$ 14,78 mil).
Mas o levantamento da Loft, com base em dados do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), revela cifras ainda mais altas.
Na Rua Lopes Neto, no Itaim Bibi, o metro quadrado chega a R$ 29,93 mil, quase o dobro da média do bairro.
Na Frederic Chopin, o valor é de R$ 34,97 mil/m², e na Seridó, R$ 36,18 mil/m² — ambas superando em muito o preço médio dos Jardins.
Estabilidade mesmo em tempos turbulentos
Takahashi ressalta que as regiões mais valorizadas sofrem menos os efeitos das crises econômicas. “Esses compradores dependem pouco de financiamento. Mesmo com a taxa Selic alta, conseguem manter o poder de compra”, explica.
Ele acrescenta que essas áreas já estão consolidadas e não passam por mudanças bruscas. “Há uma combinação de imóveis amplos e compactos de luxo, o que permite atender diferentes perfis de compradores de alta renda”, conclui.
Assim, a Rua Frederic Chopin segue como o símbolo máximo da exclusividade paulistana, onde o silêncio das guaritas vale tanto quanto o ouro dos metros quadrados.
Com informações de Estadão.


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