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Você não reconheceria o Brasil de 100 anos atrás: analfabetismo em massa, chapéu obrigatório e uma galinha por 2 mil réis

Escrito por Carla Teles
Publicado em 07/10/2025 às 20:22
Você não reconheceria o Brasil de 100 anos atrás analfabetismo em massa, chapéu obrigatório e uma galinha por 2 mil réis
Você não vai reconhecer o Brasil 100 anos atrás. Descubra como era a vida com 80% de analfabetismo, lança-perfume liberado no Carnaval e o Rio como capital.
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Da economia em réis à moda com chapéu obrigatório, descubra como viviam os brasileiros em uma nação agrária, com 80% de analfabetismo e o Rio de Janeiro como capital.

O Brasil 100 anos atrás era um país de contrastes profundos, uma nação com cerca de 30 milhões de habitantes que tentava equilibrar a modernidade das cidades em crescimento com uma estrutura predominantemente agrária. Na década de 1920, enquanto os primeiros carros eram montados em São Paulo e o Rio de Janeiro pulsava como capital federal, a realidade da maioria da população era marcada por desafios hoje inimagináveis. A moeda era o réis, e o poder de compra era drasticamente diferente: com dois mil réis, comprava-se apenas uma galinha, como aponta o portal Fatos Desconhecidos.

Este cenário de intensa transformação social, política e cultural moldou um cotidiano muito particular. A desigualdade não era apenas econômica, mas também intelectual, com taxas de analfabetismo que beiravam os 80% da população. Viver no Brasil 100 anos atrás significava pertencer a um mundo onde o acesso à educação era um privilégio para poucos, a política era um caldeirão de revoltas militares e a vida cultural explodia em novas modas, músicas e no fervor de um esporte que começava a se tornar paixão nacional: o futebol.

Economia e sociedade: o abismo educacional dos anos 20

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A estrutura social do Brasil 100 anos atrás era visivelmente fraturada, e a educação era o principal termômetro dessa desigualdade. De acordo com dados da época, compilados por fontes como o IBGE em análises históricas, cerca de 80% dos brasileiros eram analfabetos. A dificuldade ia além da leitura: muitos não conseguiam sequer escrever o próprio nome, e operações matemáticas básicas eram um desafio complexo. Não existia um sistema de educação pública organizado e centralizado como o que o Ministério da Educação (MEC) administra hoje, o que perpetuava um ciclo de exclusão.

Essa falta de acesso ao conhecimento formal aprofundava as disparidades econômicas, como destacado pelo Fatos Desconhecidos. Enquanto as colunas sociais de revistas de elite exibiam fotos de pessoas elegantes em clubes exclusivos, outras publicações, como a revista Careta, mostravam a dura realidade de distribuições de brinquedos para crianças carentes. O país era, na prática, dividido entre uma pequena elite letrada e uma imensa massa populacional com acesso limitado a oportunidades, vivendo de uma economia baseada na exportação de café e em um mercado interno ainda incipiente.

A vida urbana: Rio como capital e a ascensão de São Paulo

No Brasil de 100 anos atrás, os carros eram uma fascinante novidade e um símbolo de luxo para a elite, com as primeiras linhas de montagem em São Paulo se tornando um verdadeiro espetáculo público para os curiosos.
No Brasil de 100 anos atrás, os carros eram uma fascinante novidade e um símbolo de luxo para a elite, com as primeiras linhas de montagem em São Paulo se tornando um verdadeiro espetáculo público para os curiosos.

Diferente de hoje, a capital do Brasil era o Rio de Janeiro, o verdadeiro centro das decisões políticas, econômicas e culturais do país. A cidade abrigava prédios imponentes como o Palácio Monroe, que sediou o Senado e a Câmara dos Deputados antes de ser demolido em 1976. A vida carioca era vibrante, com suas praias, teatros e uma intensa agenda social que incluía até visitas da realeza europeia, como a do Rei Alberto I, da Bélgica, que chocou a sociedade ao dispensar protocolos e tomar um banho de mar em Copacabana.

Enquanto isso, São Paulo já despontava como a metrópole do futuro. A cultura cafeeira ainda era a grande força motriz da economia paulista, mas a industrialização ganhava tração. Foi na década de 1920 que as primeiras fábricas de automóveis começaram a montar veículos no Brasil, atraindo curiosos para ver de perto a linha de produção. A paisagem urbana paulistana era composta por mercadinhos e feiras livres, como as que se localizavam sob o Viaduto Santa Efigênia, refletindo um crescimento acelerado que, aos poucos, transformaria a cidade no motor econômico do país.

Cultura, moda e lazer: do lança-perfume ao futebol

Vigente no Brasil de 100 anos atrás, o réis era a moeda da Primeira República, cujo poder de compra era tão diferente do atual que uma única galinha chegava a custar dois mil réis.
Vigente no Brasil de 100 anos atrás, o réis era a moeda da Primeira República, cujo poder de compra era tão diferente do atual que uma única galinha chegava a custar dois mil réis.

O cotidiano do Brasil 100 anos atrás era rico em manifestações culturais. O Carnaval, por exemplo, era embalado por marchinhas e pelo uso legalizado e amplo do lança-perfume, um entorpecente popular nas festividades. A música que dominou o ano de 1921 foi “Protocolo”, inspirada justamente na visita informal do rei belga. O cinema também ganhava espaço, com revistas especializadas trazendo estrelas internacionais, como a atriz Bebe Daniels, para o imaginário popular.

No campo da moda, os costumes eram rígidos, mas já mostravam sinais de mudança. O uso de chapéu era praticamente obrigatório para homens e mulheres que desejassem transitar em público com elegância. Porém, os espartilhos extremamente apertados do século XIX começavam a ser abandonados, e os vestidos, embora ainda longos, já ousavam mostrar um pouco mais as pernas. Curiosamente, como relata o Fatos Desconhecidos, revistas conservadoras da época, como a Máscara, já reclamavam que a moda estava se tornando “desleixada”. O futebol, por sua vez, já era uma febre. Em 1922, o Corinthians foi campeão paulista, e o América, campeão carioca, superando gigantes como Flamengo e Fluminense.

Política e conflitos: revoltas militares e o cangaço no sertão

O cenário político no início da década de 1920 era instável. O país vivia sob a presidência de Epitácio Pessoa, mas o período foi marcado por diversas revoltas militares que refletiam a insatisfação de setores do exército com o poder das oligarquias. Em 1922, o mineiro Arthur Bernardes foi eleito presidente, herdando um clima de tensão que culminaria, anos mais tarde, na Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas. Essa agitação nos centros de poder contrastava fortemente com outra realidade de conflito no país.

Liderados por figuras como Lampião, os cangaceiros eram bandos armados que impunham sua própria lei no sertão nordestino do início do século XX, vivendo da pilhagem e do confronto direto com o poder dos coronéis e da polícia volante.
Liderados por figuras como Lampião, os cangaceiros eram bandos armados que impunham sua própria lei no sertão nordestino do início do século XX, vivendo da pilhagem e do confronto direto com o poder dos coronéis e da polícia volante.

No sertão nordestino, o fenômeno do cangaço ganhava força. Grupos de cangaceiros realizavam saques e confrontavam grandes fazendeiros e a polícia volante. Suas ações, por vezes vistas como atos de banditismo e, por outras, como uma forma de justiça social primitiva, espalhavam medo e admiração. Foi nesse contexto que um jovem chamado Virgulino Ferreira da Silva começou a ganhar notoriedade, tornando-se, poucos anos depois, o lendário e temido Lampião, líder do mais famoso bando de cangaceiros da história do Brasil.

O que mais te surpreendeu na vida do Brasil 100 anos atrás? Você acredita que, apesar de todas as tecnologias e avanços, algumas das desigualdades daquela época ainda persistem hoje em nossa sociedade?

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Carla Teles

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