Milhões de pessoas despertam durante a madrugada sem motivo aparente, mas a ciência aponta causas variadas e recomenda cuidados para preservar a qualidade do sono e da saúde física e emocional.
Despertar durante a madrugada é uma experiência comum a muitos brasileiros, mas episódios frequentes podem indicar questões mais complexas ligadas à saúde física e emocional.
Segundo especialistas, fatores como estresse, uso de redes sociais, distúrbios físicos e envelhecimento contribuem significativamente para os chamados despertares noturnos, com impactos que vão além do simples incômodo e podem afetar o bem-estar de forma global.
Acordar no meio da noite, um sintoma frequentemente associado à insônia, tende a ser mais frequente em períodos de estresse intenso ou preocupação excessiva.
-
Por que há sombras de pessoas e objetos nas calçadas de Hiroshima deixadas após a explosão da bomba atômica?
-
Conheça as 7 profissões práticas que salvam vidas todos os dias, não exigem diploma universitário, oferecem ‘emprego garantido’ e podem pagar salários de até R$ 10 mil por mês
-
Gasolina de nafta? Combustível diferente ganha terreno no Brasil e incomoda Petrobras e grandes distribuidoras
-
Proa do Titanic desmorona após 112 anos — descubra os verdadeiros culpados pela rápida deterioração dos destroços
O fenômeno torna o sono mais leve e fragmentado, favorecendo interrupções inesperadas.
De acordo com a psiquiatra Myriam Monczor, especialista em distúrbios do sono na terceira idade, “com o avançar da idade, as fases profundas do sono diminuem, enquanto as superficiais se tornam mais comuns, facilitando os despertares, principalmente na presença de dor ou desconforto físico”.
Dados científicos corroboram essa análise.
Uma pesquisa internacional publicada em julho de 2024 na revista Health Data Science avaliou mais de 88 mil adultos do Reino Unido e identificou uma relação entre padrões inadequados de sono e o aumento no risco de 172 tipos diferentes de doenças, incluindo problemas cardíacos, metabólicos e de saúde mental.
O estudo reforça que não apenas a quantidade, mas a qualidade do sono exerce influência direta sobre a saúde.
O que provoca o despertar noturno?
Segundo a Fundação Americana do Sono, a avaliação da qualidade do descanso noturno deve levar em conta quatro pilares principais: o tempo que a pessoa demora para adormecer (latência do sono), o número de vezes em que acorda durante a noite (despertares), o tempo acordado após dormir e a eficiência do sono, medida pela proporção entre o tempo total dormido e o tempo passado na cama.
A médica clínica Daniela Silva esclarece que adultos podem acordar até cinco vezes por noite, geralmente ao final de cada ciclo do sono, sem sequer perceber.
No entanto, quando os despertares se tornam prolongados ou constantes, dificultando o retorno ao sono profundo, podem surgir consequências como cansaço, irritabilidade e dificuldade de concentração ao longo do dia.
Estresse, depressão e tecnologia: causas emocionais
Entre as principais causas emocionais, o estresse aparece como um dos fatores mais relevantes.
“Ele altera hormônios, neurotransmissores e afeta diretamente o sono. Pode fragmentar o sono, provocar insônia, pesadelos e até impedir que a pessoa consiga dormir”, explica a neurologista Stella Maris Valiensi, autora do livro “La ruta del sueño”.
A relação entre distúrbios do sono e transtornos como a depressão também está bem estabelecida.
Segundo a instituição médica norte-americana Johns Hopkins Medicine, pessoas que sofrem de insônia têm até dez vezes mais chances de desenvolver depressão, enquanto 75% daqueles diagnosticados com o transtorno relatam dificuldades para dormir.
Outro fator em ascensão é o uso excessivo de redes sociais e dispositivos eletrônicos antes de dormir.
A exposição à luz azul das telas reduz a produção de melatonina, hormônio fundamental para regular o ciclo do sono.
Além disso, pensamentos negativos e preocupações recorrentes podem manter a mente em estado de alerta, dificultando o relaxamento e a indução ao sono profundo.
Causas físicas e ambientais para despertares noturnos
Vários fatores físicos podem contribuir para o sono fragmentado.
Entre os mais comuns estão apneia do sono, refluxo gastroesofágico, excesso de gordura abdominal, ronco, calor intenso, gripes, necessidade de urinar durante a noite e dores musculares.
A apneia do sono, por exemplo, provoca pequenas pausas respiratórias ao longo da noite, interrompendo o sono repetidas vezes e reduzindo a qualidade do descanso.
Especialistas também apontam que ambientes barulhentos, iluminação inadequada e colchões desconfortáveis aumentam a incidência de interrupções no sono, especialmente em grandes centros urbanos, onde a poluição sonora é frequente.
Como melhorar a qualidade do sono?
Médicos e pesquisadores indicam que pequenas mudanças no dia a dia são essenciais para reverter o quadro de despertares noturnos e recuperar a qualidade do sono.
Entre as principais recomendações estão:
- Estabelecer horários fixos para dormir e acordar, inclusive nos finais de semana.
- Manter o quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável.
- Evitar refeições pesadas e bebidas com cafeína após as 17h.
- Reduzir o consumo de álcool.
- Limitar o uso de telas e exposição à luz intensa pelo menos uma hora antes de dormir.
- Realizar atividades físicas regularmente, preferencialmente pela manhã.
- Não forçar o sono: caso não consiga adormecer em até 30 minutos, mudar de ambiente e buscar atividades relaxantes.
- Evitar cochilos prolongados durante o dia.
- Criar um ritual de relaxamento noturno, como meditação ou leitura leve.
- Nunca se automedicar sem orientação especializada.
Para quem enfrenta despertares noturnos frequentes acompanhados de cansaço persistente, alterações de humor, dificuldade de concentração ou sinais de depressão, o acompanhamento médico é fundamental.
O diagnóstico adequado pode envolver a realização de exames como a polissonografia, que monitora as fases do sono e identifica distúrbios específicos.
Sono saudável e qualidade de vida
Dormir bem é parte essencial da saúde.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que mais de 60% dos brasileiros afirmam ter algum grau de dificuldade para dormir, índice que cresce com a idade.
Portanto, a adoção de hábitos saudáveis e o acompanhamento médico são caminhos indispensáveis para preservar não apenas o sono, mas a qualidade de vida como um todo.
E você, já identificou quais hábitos ou situações podem estar interferindo no seu sono? Como costuma lidar com os despertares noturnos? Compartilhe sua experiência nos comentários e ajude a ampliar o debate sobre o tema!