Uma capital no Piauí oferece VLT gratuito e uma tecnologia nacional de transporte elevado ganha o mundo. Entenda como o Brasil se tornou uma vitrine de inovação na mobilidade urbana.
A imagem de uma cidade brasileira com um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) aéreo e de custo zero para o passageiro parece um roteiro de ficção científica. No entanto, essa visão é a soma de inovações reais que estão acontecendo no país. Não se trata de uma única cidade, mas de dois avanços distintos que colocam o Brasil como um verdadeiro laboratório global para o transporte do futuro: uma política de tarifa zero pioneira e uma tecnologia de transporte elevado genuinamente nacional.
O VLT que inspira o Brasil ao transporte do futuro
A capital do Piauí, Teresina, deu um passo ousado na mobilidade urbana. Desde janeiro de 2025, o VLT da cidade opera com tarifa zero para todos os passageiros. A decisão do governo estadual visa beneficiar diretamente a população de baixa renda. Com a gratuidade, a barreira econômica para o acesso a empregos e serviços foi removida.
É importante notar que o sistema de Teresina é um VLT de superfície, popularmente chamado de metrô. Ele opera em uma linha de 13,5 km. O impacto da tarifa zero foi imediato. No primeiro dia, o número de usuários saltou de 5.000 para 7.000, um aumento de 40%. Isso prova que havia uma demanda reprimida, limitada pelo custo da passagem.
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Para que a gratuidade seja sustentável, um grande investimento está em curso. Mais de R$600 milhões, com apoio do Novo PAC, serão usados para modernizar todo o sistema. O plano inclui a duplicação da via, a construção de novas estações e a compra de três novos trens. O objetivo é aumentar a capacidade diária para 50.000 passageiros.
A tecnologia brasileira por trás do “VLT Aéreo”
Enquanto Teresina inova na política pública, o Brasil também avança na tecnologia com o Aeromóvel. Este é o verdadeiro “VLT aéreo” de invenção nacional. Seu funcionamento é único. O veículo não possui motor. Ele é impulsionado pelo ar, soprado por potentes ventiladores que ficam nas estações. O ar movimenta uma placa sob o trem, que o faz deslizar sobre os trilhos.
Essa tecnologia é extremamente eficiente e sustentável. O consumo de energia é até 80% menor que o de sistemas tradicionais. Por ser elétrico e não usar pneus, a emissão de poluentes é zero. Além disso, o sistema é 100% automatizado e muito silencioso, causando baixo impacto nas cidades.
O Aeromóvel já opera em Porto Alegre, conectando o aeroporto à rede de trens desde 2013. Outro projeto, ainda mais moderno, está em fase final em São Paulo. Ele ligará a estação da CPTM aos terminais do Aeroporto de Guarulhos e será totalmente gratuito para todos os usuários.
Desvendando o transporte do futuro no Brasil
Afinal, existe uma cidade com um VLT aéreo e tarifa zero? A resposta é que não em um único sistema. O conceito que viralizou é uma fusão de duas histórias de sucesso brasileiras.
De um lado, temos a inovação política de Teresina, que zerou a tarifa de seu VLT de superfície. Do outro, temos a inovação tecnológica do Aeromóvel, um transporte aéreo que será gratuito em projetos específicos, como o de Guarulhos. A combinação dessas duas realidades cria a imagem poderosa de um transporte futurista, gratuito e acessível.
O movimento tarifa zero se espalha pelo país
A iniciativa de Teresina não é um caso isolado. O Brasil vive uma verdadeira revolução da “Tarifa Zero”. Atualmente, mais de 145 municípios já oferecem transporte público gratuito, beneficiando mais de 5,4 milhões de pessoas. A maioria são cidades de pequeno e médio porte, onde o custo é mais fácil de ser absorvido pelo orçamento municipal.
O movimento ganhou força nacional com os protestos de 2013 e foi acelerado pela pandemia da COVID-19. O colapso no número de passageiros forçou as prefeituras a subsidiarem o sistema, normalizando o financiamento público e tornando a gratuidade total um passo menos radical.
O Brasil como laboratório mundial para a mobilidade urbana
O verdadeiro papel do Brasil como “modelo mundial” não está em uma cidade mítica, mas em sua coragem de experimentar. O país testa, ao mesmo tempo, os limites da política de tarifas e da inovação tecnológica.
A prova disso é o reconhecimento internacional. A tecnologia do Aeromóvel atraiu o interesse de países como Tailândia e já tem um acordo de implementação na Costa Rica, um país referência em políticas ambientais. Essa validação externa confirma o potencial da solução brasileira. Ao combinar políticas sociais inclusivas com tecnologia sustentável, o Brasil não oferece uma solução única, mas um portfólio de ideias que estão moldando o futuro das cidades no mundo todo.