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Vitória de Donald Trump: Ameaça de Trump a China pode DESTRUIR a economia da CHINA

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 06/11/2024 às 10:27
Vitória de Donald Trump
Foto; Reprodução

Com a vitória de Donald Trump, as ameaças econômicas à China, com tarifas e sanções que podem impactar profundamente a economia chinesa e global

Recentemente, Trump declarou que poderá impor tarifas de até 60% sobre as importações de produtos chineses. Com a vitória de Donald Trump, a medida representa uma pressão significativa sobre a economia da China, a segunda maior do mundo, que se encontra em um cenário de vulnerabilidade econômica e enfrenta uma série de desafios estruturais.

A seguir, exploramos as principais razões pelas quais essa ameaça pode impactar profundamente o crescimento chinês.

Vitória de Donald Trump, Economia da China

Crise no mercado imobiliário da China

Em 2018, o mercado imobiliário da China desempenhava um papel crucial na economia, respondendo por cerca de um quarto da atividade econômica do país.

Esse setor aquecido fornecia uma importante fonte de receita para os governos locais, que dependiam de leilões de terrenos para financiar projetos residenciais e manter a saúde financeira regional. Esse cenário, no entanto, começou a mudar em 2021, quando o mercado imobiliário entrou em crise.

Com o colapso desse setor, a receita dos governos locais despencou, e as perspectivas de uma recuperação do mercado são sombrias.

A oferta excessiva de imóveis e a perda de confiança de investidores e compradores indicam que o setor imobiliário pode nunca mais exercer o mesmo papel como motor da economia chinesa.

Essa situação aumenta a fragilidade do país frente a novos choques econômicos, como as tarifas que podem ser impostas pelos Estados Unidos.

Endividamento público e privado

A crise imobiliária também resultou em uma sobrecarga de dívidas para os governos locais na China. O endividamento dos governos municipais e provinciais tornou-se insustentável, restringindo a capacidade de resposta do país a qualquer nova crise.

Em 2023, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou a dívida total do setor governamental chinês em cerca de 147 trilhões de yuans (aproximadamente US$ 20,7 trilhões). Ao adicionar as dívidas das famílias e das empresas, o montante ultrapassa os 350 trilhões de yuans, valor que representa cerca de três vezes o tamanho da economia chinesa.

Para aliviar essa pressão, o governo central de Pequim já alinhou políticas de apoio fiscal, mas o fardo é enorme. O endividamento elevado não apenas reduz a flexibilidade fiscal da China, mas também limita sua capacidade de implementar estímulos econômicos que possam compensar os impactos das tarifas americanas.

Demanda interna fraca

Outro fator crítico é a fraqueza da demanda interna. A participação do consumo das famílias chinesas no PIB está abaixo de 40%, cerca de 20 pontos percentuais atrás da média global.

Esse consumo reduzido deve-se a uma série de fatores, como salários baixos, aposentadorias insuficientes, alto desemprego entre os jovens e uma rede de segurança social fraca. Com isso, a economia chinesa é fortemente dependente das exportações e, consequentemente, vulnerável às oscilações do comércio global.

Para fortalecer a demanda interna, seria necessário um esforço considerável do governo chinês para reestruturar a distribuição de renda nacional. Isso inclui promover reformas que reduzam a carga tributária sobre as famílias e aumentem os investimentos em seguridade social, aposentadoria e saúde.

No entanto, até o momento, as autoridades têm se concentrado em modernizar o setor manufatureiro voltado para exportação, o que gerou avanços, especialmente na produção de veículos elétricos, energia solar e baterias.

Pressões deflacionárias

A crise do setor imobiliário, o endividamento crescente e o baixo consumo alimentaram pressões deflacionárias na economia chinesa.

Desde que a política de redirecionar recursos do setor imobiliário para o setor manufatureiro foi implementada, o que muitos governos ocidentais veem como uma estratégia para aumentar a capacidade industrial, a deflação se tornou uma preocupação.

Essas pressões deflacionárias se manifestam tanto na produção industrial quanto nos preços ao consumidor. Em 2018, a inflação de preços ao produtor na China era de 4,6%; entretanto, em setembro de 2024, esse número caiu para -2,8%.

Esse cenário de deflação ameaça o crescimento econômico, pois desincentiva o consumo e impacta negativamente a confiança dos negócios.

Caso as novas tarifas afetem a demanda externa por produtos chineses, a situação pode se agravar ainda mais, amplificando o excesso de capacidade industrial.

Espaço limitado para depreciação do Yuan

Outro ponto de vulnerabilidade é a limitada capacidade do governo chinês de depreciação da moeda nacional, o yuan. Em 2019, o yuan encerrou o ano cerca de 10% mais fraco em relação ao dólar, o que ajudou a compensar as tarifas impostas por Trump durante seu primeiro mandato.

No entanto, para neutralizar uma possível tarifa de 60%, o yuan precisaria desvalorizar cerca de 18% em relação ao dólar, o que o levaria a um nível de câmbio próximo de 8,5 yuans por dólar – valor que não se vê desde a crise financeira asiática dos anos 1990.

Além disso, as autoridades chinesas têm demonstrado preocupação com a possibilidade de saída de capitais. Em 2024, as autoridades já tentaram evitar que o yuan caísse abaixo de 7,3 por dólar, o que indica a dificuldade em implementar uma depreciação total.

Isso deixa a economia chinesa em uma posição delicada, com pouca margem para amortecer o impacto das tarifas sobre o comércio externo.

Outros fatores que agravam a situação da Economia da China

Durante a pandemia de COVID-19, o governo dos Estados Unidos injetou trilhões de dólares em estímulos na economia, o que beneficiou a China indiretamente, pois os consumidores americanos gastaram uma parte desses recursos em produtos chineses.

Além disso, a invasão da Ucrânia pela Rússia resultou em uma exclusão de Moscou de mercados ocidentais, aumentando a demanda por produtos chineses.

Entretanto, esses eventos, que trouxeram um impulso temporário para a China, dificilmente se repetirão. A retomada econômica dos países ocidentais após a pandemia e a reestruturação de cadeias de suprimentos para reduzir a dependência de produtos chineses indicam que o cenário atual é menos favorável para Pequim.

Vitória de Donald Trump

Com a vitória de Donald Trump, a ameaça de novas tarifas de 60% por parte representa um desafio significativo para a China.

A segunda maior economia do mundo, que já enfrenta uma crise imobiliária, endividamento elevado, demanda interna fraca e pressões deflacionárias, pode ver seu crescimento ainda mais prejudicado caso as tarifas sejam efetivamente implementadas. A vitória de Donald Trump pode ser uma dor de cabeça para a China.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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