Vítima buscava empréstimo de R$ 1,5 mil e foi usada como “laranja” em esquema de R$ 275 milhões contra beneficiários do INSS.
Um golpe que expõe a vulnerabilidade dos aposentados do INSS chocou o país. Francisca da Silva de Souza, uma idosa analfabeta de 72 anos, está enfrentando mais de 200 processos judiciais e teve seus bens bloqueados após ser usada como “laranja” em uma fraude que ultrapassa R$ 275 milhões. O caso, reportado inicialmente pelo InfoMoney, revela como a aposentada foi enganada ao tentar contratar um simples empréstimo de R$ 1,5 mil.
O que parecia ser a solução para uma necessidade financeira imediata transformou-se em um pesadelo jurídico. Francisca, que vive com uma renda de R$ 900 em Fortaleza (CE), assinou documentos que, sem seu conhecimento, a nomearam presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), entidade investigada por descontos indevidos em milhares de benefícios.
A origem do golpe: o empréstimo de R$ 1,5 mil
Segundo informações do InfoMoney, o drama de Francisca começou de forma banal: a necessidade de um pequeno valor (R$ 1,5 mil). Sendo analfabeta, ela dependeu de terceiros para o processo de contratação. Foi nesse momento que os criminosos agiram, apresentando-lhe um contrato complexo que, em vez de liberar o crédito pessoal, a colocava como figura central da AAPEN.
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A Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) é o pivô da investigação. A entidade é acusada de realizar descontos não autorizados diretamente na folha de pagamento de aposentadorias e pensões. Este tipo de fraude explora uma brecha no sistema de consignados e débitos automáticos vinculados aos benefícios do INSS, lesando thousands de idosos que muitas vezes nem percebem o pequeno valor descontado mensalmente.
A dimensão da fraude: R$ 275 milhões e o papel do INSS
A investigação, conduzida pela Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF), aponta para um esquema robusto que movimentou R$ 275 milhões. O InfoMoney destaca que a investigação suspeita do envolvimento de servidores do próprio INSS, que teriam recebido propina para facilitar a operação da associação e o cadastro dos descontos em massa.
Para Francisca, a consequência foi imediata e devastadora. Com os bens bloqueados pela Justiça, ela passou de uma simples beneficiária do INSS a ré em mais de 200 ações civis e trabalhistas movidas contra a AAPEN. Sua renda de R$ 900, que mal cobre suas despesas básicas, também sofreu os descontos indevidos que ela agora luta para reaver.
A batalha judicial da Defensoria Pública
A Defensoria Pública do Ceará assumiu o caso e atua para provar o óbvio: Francisca é vítima, não criminosa. A principal linha de defesa, conforme apurado pelo InfoMoney, é que ela foi induzida ao erro e usada como “laranja” justamente por sua condição de hipervulnerabilidade (idosa, analfabeta e de baixa renda).
A ação movida pela Defensoria busca, em primeiro lugar, anular o ato que a tornou presidente da AAPEN, desvinculando seu nome e CPF da entidade fraudulenta. Além disso, pede o desbloqueio imediato de seus bens e o ressarcimento dos valores que foram indevidamente subtraídos de sua aposentadoria do INSS.
O caso de Francisca expõe a fragilidade dos sistemas de controle do INSS e a crueldade de esquemas fraudulentos que miram os mais vulneráveis. Enquanto as investigações sobre a AAPEN e o desvio de R$ 275 milhões continuam, a aposentada luta uma batalha diária para limpar seu nome e recuperar sua estabilidade financeira.
Essa história levanta um debate urgente sobre a segurança dos dados dos aposentados. Você ou algum familiar já sofreu com descontos indevidos no benefício do INSS? Como você acha que o governo deveria proteger idosos analfabetos desse tipo de golpe? Deixe sua opinião e sua experiência nos comentários.