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Virada de mesa histórica na Asia! China está ultrapassando a Europa e torna-se o maior mercado da Rússia através da maior exportadora de gás natural do mundo, a Gazprom!

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 21/10/2024 às 15:51
Atualizado em 22/10/2024 às 09:07
Ilustração de gasoduto ligando Rússia e China, representando o comércio de gás entre os dois países.
Gasoduto conectando Rússia e China, simbolizando o crescimento das exportações de gás russo para o mercado chinês. fONTE: A.I

A China se consolida como o principal destino para o gás natural da Rússia, superando a Europa em 2024, após a guerra na Ucrânia reconfigurar o mercado energético global.

Nos últimos anos, o cenário energético mundial passou por grandes transformações, com a China ultrapassando a Europa como maior mercado de gás para à Rússia.

Essa mudança foi acelerada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que forçou Moscou a redirecionar suas exportações de gás natural.

Enquanto a Europa busca alternativas para substituir o gás da Rússia, as exportações para a China cresceram consideravelmente, consolidando o país asiático como o novo grande cliente da Gazprom.

O Crescimento das Exportações de Gás para a China

As exportações de gás russo para a China vêm crescendo rapidamente.

Nos primeiros nove meses de 2024, a Gazprom exportou 23,7 bilhões de metros cúbicos de gás natural para a China, um aumento de quase 40% em relação ao mesmo período de 2023.

Esse número supera os 22,5 bilhões de metros cúbicos enviados para o restante da Europa.

Essa mudança de destino para as exportações russas se dá em meio à redução dos fluxos de gás para o mercado europeu, consequência direta das sanções impostas à Rússia após o início da guerra na Ucrânia.

A Gazprom agora tem na China um cliente cada vez mais importante, o que reforça a dependência mútua entre os dois países no setor energético.

O Papel Estratégico do Gasoduto Power of Siberia

Um dos principais fatores que permitiu o aumento das exportações russas para a China foi o gasoduto Power of Siberia, inaugurado no final de 2019.

Com capacidade de transportar até 38 bilhões de metros cúbicos por ano, esse gasoduto tem sido vital para garantir o fluxo contínuo de gás natural entre os dois países.

Além disso, a Gazprom e a China National Petroleum Corporation (CNPC) firmaram recentemente um acordo para aumentar os fluxos diários de gás, antecipando para dezembro de 2024 o atingimento da capacidade máxima contratual. Isso demonstra o compromisso de longo prazo entre Rússia e China no setor energético.

Demanda Chinesa em Expansão

A demanda por gás natural na China tem mostrado crescimento contínuo, impulsionada principalmente pelo setor industrial.

Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, o consumo de gás na China deve aumentar 8% em 2024, com destaque para as indústrias, mas também com contribuições significativas dos setores residencial e de geração de energia.

Esse aumento de demanda reflete o esforço da China em diversificar suas fontes de energia, buscando maior confiabilidade no fornecimento e reduzindo sua dependência do carvão.

O gás natural é visto como uma fonte de energia mais limpa, alinhada às metas ambientais e de redução de emissões do país.

Impacto da Guerra na Ucrânia no Mercado de Gás

A guerra na Ucrânia teve impacto profundo no mercado de gás natural europeu. Antes do conflito, a Rússia era a principal fornecedora de gás para a União Europeia.

No entanto, as sanções impostas à Rússia e os esforços europeus para reduzir a dependência do gás russo alteraram drasticamente essa relação.

Diversos países europeus, como Alemanha e França, passaram a buscar alternativas, incluindo o gás natural liquefeito (GNL) de outros fornecedores, como os Estados Unidos e o Catar.

A Gazprom, por outro lado, intensificou seus laços comerciais com a China, redirecionando grandes volumes de gás para o país asiático.

Fim do Acordo de Trânsito com a Ucrânia

Outro fator que pode agravar ainda mais a situação do fornecimento de gás na Europa é o fim iminente do acordo de trânsito de gás entre a Rússia e a Ucrânia, previsto para expirar em dezembro de 2024.

Com o término deste acordo, cerca de metade dos fluxos de gás para a Europa corre o risco de ser interrompida, criando incertezas sobre o abastecimento no continente.

As negociações para encontrar alternativas estão em andamento, com o Azerbaijão emergindo como uma possível solução para substituir parte do gás russo. Contudo, um acordo ainda parece distante, e o tempo para garantir o abastecimento da Europa está se esgotando.

A Nova Realidade Energética da Rússia

Com a redução das exportações de gás para a Europa e o aumento dos envios para a China, a Rússia está reconfigurando sua estratégia energética.

A Gazprom, que antes tinha na Europa seu principal mercado, agora olha para o Oriente. Embora os volumes exportados para a China ainda representem uma fração do que era enviado para a Europa antes de 2022, a tendência é de crescimento contínuo nas vendas para o mercado chinês.

O Power of Siberia, além de suas capacidades atuais, também será ampliado nos próximos anos, com a adição de uma rota do Extremo Oriente prevista para 2027, que deverá adicionar mais 10 bilhões de metros cúbicos anuais às exportações russas para a China.

Considerações Finais

A China ultrapassou a Europa como maior mercado de gás russo, uma transformação que tem profundas implicações geopolíticas e econômicas.

O aumento das exportações de gás para a China reflete a nova realidade energética enfrentada pela Rússia, que precisa redirecionar seus recursos após a perda do mercado europeu devido à guerra na Ucrânia.

Com a demanda chinesa em crescimento e a expansão das infraestruturas, como o gasoduto Power of Siberia, a relação energética entre Rússia e China está mais forte do que nunca.

No entanto, a Europa enfrenta o desafio de encontrar novas fontes de energia e reduzir sua vulnerabilidade às interrupções no fornecimento de gás.

Esta nova configuração do mercado de energia global continuará a influenciar as decisões políticas e econômicas nos próximos anos, à medida que as nações ajustam suas estratégias para garantir a segurança energética e lidar com as pressões geopolíticas.

  • Informações via Bloomberg News

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Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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