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Viajando no teto do mundo: 22 horas sobre trilhos, cruzando montanhas nevadas e desertos gelados até o coração do Tibete

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 04/11/2025 às 13:59
Viaje pelo teto do mundo em um trem que parte de Xining rumo a Lhasa, cruzando 1.956 km de altitude extrema em uma viagem que combina engenharia, cultura tibetana e paisagens de outro planeta.
Viaje pelo teto do mundo em um trem que parte de Xining rumo a Lhasa, cruzando 1.956 km de altitude extrema em uma viagem que combina engenharia, cultura tibetana e paisagens de outro planeta.
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A viagem pelo teto do mundo liga Xining a Lhasa em pouco mais de 21 horas, cruza 1.956 km de planalto, passa por estações acima de 5.000 metros e revela, pela janela, montanhas nevadas, pântanos verdes e desertos gelados, em um percurso que combina engenharia de alta altitude, fauna selvagem e cultura tibetana.

Viajar pelo teto do mundo é atravessar o Planalto Qinghai-Tibete em um trem-leito panorâmico que parte de Xining às 23h15, muda de tração em Golmud e vence a subida até a Estação Tanggula, ponto ferroviário mais alto do planeta. O itinerário cobre 1.956 km com duração total de 21h14, em cabines de quatro camas e oxigênio suplementar contínuo para mitigar a altitude.

Ao longo do caminho, o trem cruza a Terra de Ninguém de Hoh Xil, onde o permafrost exige soluções específicas nos trilhos, toca o Lago Cuona e corta cadeias nevadas como Tanggula. No destino, Lhasa recebe o viajante com o Palácio de Potala iluminado, fechando uma experiência que alterna silêncio de estepes, presença de iaques e estações suspensas no ar rarefeito.

Itinerário, tempo e custo da travessia

Viaje pelo teto do mundo em um trem que parte de Xining rumo a Lhasa, cruzando 1.956 km de altitude extrema em uma viagem que combina engenharia, cultura tibetana e paisagens de outro planeta.

A jornada começa em Xining a 2.275 m e tem como referência o trem Y971, que segue até Lhasa com 21h14 de viagem.

O trecho totaliza 1.956 km, com paradas técnicas e troca de locomotiva em Golmud a 2.829 m, onde o serviço passa a ser tracionado por duas unidades a diesel e um vagão gerador.

Quanto custa? O leito macio foi adquirido por 808 CNY.

O processo de embarque é trilíngue (chinês, inglês e tibetano), e a ocupação típica mistura turistas estrangeiros, montanhistas e viajantes domésticos.

Quem busca fotografar as paisagens diurnas prioriza sair de Xining, onde “a verdadeira paisagem começa”.

Onde e por que a linha opera no limite da engenharia

O trecho Golmud–Lhasa ativa oxigênio contínuo de cabine logo após a partida.

No platô, a 4.700–5.000 m de altitude média, aparecem tubos condutores de calor ao longo dos trilhos, solução usada para manter o permafrost estável e evitar recalques.

Em Jiangkedong o trem passa a 4.778 m, e na Estação Tanggula cruza 5.072 m, enquanto o ponto de cume marca 5.079 m.

Por que isso é possível? Além do clima extremo e do ar rarefeito, a via requer patrulhamento permanente por equipes de manutenção alocadas em abrigos ao longo da linha.

Cada haste, cada manta de pedra e cada talude compõem um sistema para reduzir vento, areia e variações térmicas do solo congelado.

Paisagens, vida selvagem e os vazios do planalto

Entre Hoh Xil e o rio Tuotuo (tradicionalmente apontado como nascente do Yangtzé), a janela vira documentário: iaques, kiangs (Equus kiang) e antílopes tibetanos dividem o quadro com estu pas e torres de transmissão.

As nuvens parecem ao alcance da mão porque o trem já está alto demais.

A sequência visual inclui desertos gelados, pântanos verdes antes de Nagqu, e picos vermelhos que lembram paisagens de outro planeta.

A pradaria de Nagqu, com rebanhos e vento constante, prepara a transição para vales mais habitados na aproximação a Lhasa.

Rotina a bordo e logística de altitude

O dia começa com café da manhã a 4.550 m, segue com marmitas entregues em carrinhos e cardápio fixo no vagão-restaurante.

A tripulação reforça orientações sobre mal-de-altitude; médicos a bordo monitoram passageiros que recorrem às tomadas de oxigênio de emergência nas cabines.

Por dentro, o leito macio mantém a configuração clássica de quatro camas, lençóis com motivos tibetanos e tomada de oxigênio individual.

Por fora, a ferrovia corre lado a lado com obras viárias e estradas de serviço, evidenciando a escala da logística para sustentar a operação no teto do mundo.

Quem mantém a linha viva e por que isso importa

Ao longo do traçado, trabalhadores de via permanente saúdam os trens enquanto patrulham trechos de 2 km.

Em abrigos simples, enfrentam frio, isolamento e ar rarefeito. Sem essa rotina invisível, os trilhos sobre permafrost não entregariam segurança.

É a convergência entre engenharia pesada e disciplina diária que sustenta a confiabilidade da rota.

Chegando a Lhasa, por volta das 21h, a queda de altitude após o Túnel Yangbajing alivia o corpo.

Para muitos, o primeiro passeio é direto ao Palácio de Potala, onde a cidade encerra a travessia com um cenário histórico e espiritual e comprova por que essa viagem define, sem exagero, o termo teto do mundo.

No balanço, a travessia reúne quanto custa e leva, onde supera 5.000 m, quem a torna possível e por que a engenharia aqui se mede em resistência, adaptação e detalhe.

É a rara combinação de natureza extrema com operação precisa, uma aula aberta de infraestrutura em alta altitude.

Você faria a rota noturna por Xining para garantir o amanhecer no platô ou prefere sair mais cedo, mesmo trocando parte das paisagens diurnas por um descanso maior no teto do mundo?

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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