A clássica viagem de trem entre Vitória e Belo Horizonte ganhará novo horário em 2026. O passeio, operado pela Vale, atravessa rios, montanhas e cidades históricas, sendo uma das experiências ferroviárias mais tradicionais e queridas do Brasil.
A viagem de trem entre Vitória e Belo Horizonte terá novo horário a partir de 2026, segundo informou a Vale.
A mudança, publicada nesta segunda-feira (13) por A Gazeta, tem como objetivo ampliar a oferta durante a alta temporada, especialmente no verão e nas férias escolares, quando a procura pelo passeio cresce de forma consistente.
Hoje, a operação da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) ocorre com embarques matutinos às 7h em dois pontos: Estação Pedro Nolasco, em Cariacica (ES), e Belo Horizonte (MG).
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A chegada aos destinos acontece por volta das 20h30, após um percurso que dura cerca de 13 horas e atravessa uma sequência de rios, montanhas e vales entre dois estados.
Publicações que circularam nas redes sociais sugeriram que a nova alternativa seria um embarque noturno.
A Vale, no entanto, afirmou que estuda criar uma nova opção de horário, mas sem definição sobre o período do dia.
Em nota enviada à reportagem, a empresa destacou que a ampliação está prevista no contrato de concessão da ferrovia e que horário e formato da operação continuam em avaliação técnica.
Novo horário deve facilitar viagens na alta temporada
A introdução de uma faixa adicional de embarque tende a diluir a demanda nos meses de maior movimento e facilitar o planejamento de quem depende do trem para lazer ou deslocamentos regulares entre Espírito Santo e Minas Gerais.
Enquanto os estudos não são concluídos, a companhia mantém a estrutura atual, concentrada nas saídas pela manhã.
Caso a nova janela seja ativada na alta temporada, a expectativa é reduzir gargalos na compra de passagens e ampliar a previsibilidade para famílias e turistas que preferem organizar a viagem com antecedência.
A mineradora não detalhou se haverá ajuste no tempo total de deslocamento, manutenção de paradas intermediárias ou mudanças nas rotinas de embarque e desembarque.
Esses pontos seguem sob análise interna.
Como funciona hoje a viagem Vitória–Belo Horizonte
No modelo em vigor, o trem percorre um traçado que cruza rios e áreas serranas, revelando vistas sucessivas da Mata Atlântica e de paisagens rurais.
Ao longo da janela, passageiros observam o cotidiano de pequenas cidades, estruturas ferroviárias históricas e trechos que margeiam cursos d’água por extensões consideráveis.
A operação oferece vagões climatizados e classes de assentos com níveis distintos de conforto, o que atende tanto ao público que busca economia quanto àquele que prefere mais comodidade.
O tempo médio de 13 horas faz parte da experiência: quem embarca pela manhã chega ao destino ao início da noite, com variações conforme condições operacionais e fluxo de passageiros em cada parada.
Além de transportar turistas, o trem segue essencial para moradores de localidades atendidas pela EFVM, funcionando como elo entre serviços, comércio e redes de saúde e educação situadas em centros maiores.
Essa dupla vocação — lazer e deslocamento cotidiano — ajuda a explicar a alta procura em férias e feriados prolongados.
Passeio ferroviário é um dos mais tradicionais do país
Enquanto muitos trechos de passageiros foram descontinuados no país ao longo do século passado, a EFVM preservou regularidade e identidade próprias.
O resultado é um passeio que combina nostalgia e utilidade, sem recorrer a recursos cenográficos: a paisagem é a protagonista.
A janela panorâmica transforma o trajeto em roteiro, conduzindo o olhar por pontes sobre rios, túneis em trechos de serra e planícies interiores onde a vida rural pulsa.
Outra razão para a popularidade está no custo-benefício.
Em comparação a rotas aéreas, o trem oferece uma experiência de longa duração com preços tradicionalmente mais acessíveis, sobretudo para grupos e famílias.
Há também o apelo de viagem desplugada, em que a passagem do tempo ganha outro ritmo e a observação substitui a pressa típica das rodovias e aeroportos.
A bordo: conforto e paisagens pelo caminho
A bordo, a dinâmica é simples. Assentos numerados organizam o fluxo, e os serviços de bordo cobrem necessidades básicas durante o dia.
A convivência entre turistas e moradores torna o ambiente heterogêneo, somando sotaques e motivos distintos para estar ali.
Para muitos, o trecho favorito é aquele em que o trem tangencia encostas verdes e leitos de rios, sobretudo em horários de nascer do sol ou entardecer, quando a luz ressalta contornos das montanhas.
Ao longo do percurso, paradas programadas permitem embarques e desembarques em cidades das duas unidades da Federação.
Essas pausas são parte do desenho operacional e também do caráter social do trem, conectando comunidades que não contam com outras alternativas tão estáveis.
O que a Vale analisa antes de definir o novo horário
Do lado da operadora, a avaliação envolve capacidade de pátio, janelas de cruzamento com trens de carga, equilíbrio de tripulações e rotinas de manutenção.
Embora a nota à imprensa não detalhe esses bastidores, a referência ao contrato de concessão indica que a expansão segue procedimentos regulatórios e critérios de segurança usuais no setor ferroviário.
A Vale também não informou data exata para divulgação do novo horário nem período de testes.
O anúncio deverá ocorrer quando a modelagem estiver fechada, incluindo faixas horárias, ajustes operacionais e eventuais mudanças em serviços.
Até lá, permanece válida a orientação de planejar a viagem considerando as saídas matutinas.
Ferrovia centenária mantém importância e apelo turístico
A história da linha Vitória–Minas ajuda a entender sua permanência.
Desde os primeiros trilhos, a ferrovia atuou como corredor estratégico para escoamento de produção e, simultaneamente, como via de integração entre cidades interioranas e capitais.
A paisagem ao redor dos trilhos foi se transformando, mas a presença do trem seguiu como referência cotidiana — um relógio sobre trilhos que marca horários, encontros e lembranças.
Essa longevidade alimenta o caráter evergreen do passeio: quem já foi costuma recomendar; quem ainda não foi frequentemente inclui no roteiro de futuras viagens.
Não há espetáculos artificiais nem atrações paralelas em cada curva.
O que existe é a sucessão de quadros vistos da janela, costurada pelo som constante dos vagões e pela progressão lenta da geografia, do litoral ao interior e vice-versa.
Para fotógrafos amadores, a variedade de ângulos naturais é um atrativo à parte.
Em dias de céu aberto, a luz recorta cordilheiras e acentua reflexos na água; em dias nublados, a névoa cria uma atmosfera cinematográfica que valoriza a textura da mata e a presença das estruturas ferroviárias.
Em qualquer condição, a viagem convida a olhar com calma, algo raro nas rotinas aceleradas das grandes cidades.
Expectativa para 2026 e novas possibilidades de viagem
Até que o novo horário seja divulgado, o passageiro interessado pode acompanhar os comunicados oficiais da operadora e programar-se com base no padrão atual.
As 13 horas de viagem continuam sendo referência para organizar conexões e hospedagens, e o embarque às 7h em Cariacica e em Belo Horizonte permanece como o eixo da experiência.
Quando a janela adicional entrar em vigor, a tendência é que o passeio ganhe mais flexibilidade de agenda, preservando o que o tornou popular: o percurso em si.
Enquanto a confirmação final não sai, uma pergunta fica no ar para quem sonha em fazer a rota ou pretende repeti-la: se você pudesse escolher, preferiria embarcar de manhã, à tarde ou à noite para aproveitar melhor a paisagem?