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Vergonha para o Brasil: Desabamento da ponte entre Maranhão e Tocantins é notícia no mundo inteiro

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 24/12/2024 às 15:24

O desabamento da ponte que conectava o Maranhão ao Tocantins atraiu atenção global, com críticas à infraestrutura brasileira repercutindo na imprensa mundial.

Dias após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que liga Estreito (MA) a Aguiarnópolis (TO), as buscas por desaparecidos seguem intensas.

O acidente, ocorrido no último domingo (22), deixou a região em estado de alerta. Até a manhã desta terça-feira (24), foram confirmadas duas mortes, ambas de mulheres. Uma das vítimas tinha 25 anos e residia em Aguiarnópolis. A outra, ainda não identificada, segue sob investigação.

Um homem de 36 anos foi encontrado com vida e encaminhado ao hospital de Estreito, com fratura em uma das pernas.

Entretanto, 12 adultos e três crianças ainda estão desaparecidos. As buscas mobilizam equipes dos dois estados, com suporte do governo federal, mas enfrentam desafios técnicos devido às condições do local.

Repercussão internacional do desabamento

O acidente teve grande repercussão na imprensa internacional, destacando a gravidade do ocorrido e os desafios nas operações de resgate. O “Buenos Aires Times” destacou a promessa do presidente Lula de apoiar as buscas e investigar as causas do desabamento. Segundo o jornal, pelo menos uma pessoa morreu e 16 estão desaparecidas, com o governo federal prometendo suporte integral.

A agência Reuters enfatizou o impacto ambiental causado pelo acidente, apontando o derramamento de ácido sulfúrico no rio Tocantins como um fator complicador para os trabalhos de resgate. A reportagem mencionou que a ponte, com 533 metros de extensão, cedeu enquanto vários veículos atravessavam, incluindo um caminhão-tanque que transportava a substância química.

O portal Euronews divulgou vídeos capturados por moradores que mostram o momento exato do colapso, destacando que pelo menos oito veículos, entre caminhões e automóveis, caíram no rio. A matéria reforça os perigos ambientais e a gravidade da situação para as comunidades locais.

A AP News também relatou o desabamento, reforçando que as imagens registradas evidenciam o colapso de grandes seções da ponte enquanto caminhões e carros trafegavam.

A reportagem sublinhou a complexidade do resgate devido ao derramamento de ácido sulfúrico, o que exige cuidados extras das equipes de emergência.

Foto: Bombeiros Militar/Governo do Tocantins

Veículos envolvidos no acidente

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que pelo menos oito veículos caíram no rio. Entre eles, quatro caminhões, dois automóveis e duas motocicletas. Alguns dos caminhões transportavam produtos perigosos, como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas, o que complica ainda mais os trabalhos de resgate.

A Agência Nacional de Águas (ANA) relatou que esses caminhões levavam cerca de 22 mil litros de defensivos e 76 toneladas de ácido sulfúrico. Devido ao risco ambiental, o governo do Maranhão recomendou a suspensão temporária da captação de água nas cidades próximas ao Rio Tocantins. Análises preliminares estão em andamento para verificar se esses produtos já se diluíram no rio e quais os possíveis impactos para a população.

© carlosbrandaoma/X

Histórico e condições da Ponte Juscelino Kubitschek

Inaugurada na década de 1960, a ponte Juscelino Kubitschek já apresentava sinais de deterioração. Com 533 metros de extensão, a estrutura passou por obras de manutenção entre 2021 e 2023. Contudo, essas intervenções não foram suficientes para evitar o desastre.

Em maio de 2024, um edital de R$ 13 milhões foi lançado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para contratação de uma empresa que realizasse obras de reabilitação. No entanto, a licitação fracassou. Documentos revelados pela imprensa indicam que o Dnit tinha conhecimento da situação precária desde 2019.

O engenheiro civil Fábio Ribeiro, professor da Universidade Federal do Tocantins, afirmou que o acidente foi resultado de falhas acumuladas. “O colapso era uma tragédia anunciada, com múltiplos fatores envolvidos”, disse o especialista. O Ministério Público do Tocantins também acompanha o caso e aguarda os laudos técnicos para decidir as próximas medidas.

Reconstrução e emergência

O Dnit interditou a área e declarou situação de emergência para acelerar os procedimentos de reconstrução. O custo estimado da nova ponte varia entre R$ 100 e R$ 150 milhões, com prazo médio de 12 meses para conclusão. O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que mais de R$ 100 milhões serão destinados à obra imediatamente. Além disso, uma sindicância será instaurada para apurar responsabilidades.

Polícia Federal e investigações

A Polícia Federal (PF) também abriu investigação sobre o desabamento. As superintendências regionais do Maranhão e do Tocantins estão à frente do caso. Uma equipe especializada foi enviada para Imperatriz (MA) com o objetivo de analisar os dados técnicos e perícias no local do desastre. O grupo conta com engenheiros civis, peritos em locais de crime e especialistas ambientais.

Em nota, a PF destacou a importância de investigar não apenas as causas do acidente, mas também os danos ambientais e sociais decorrentes. “Nosso objetivo é assegurar que os responsáveis sejam identificados e que medidas preventivas sejam adotadas”, informou a corporação.

Sindicância no Dnit

O Dnit também instaurou sindicância para investigar o desabamento. Segundo o diretor-geral Fabrício Galvão, a comissão iniciará os trabalhos nesta quinta-feira (26). A investigação incluirá análises técnicas, provas documentais e visitas ao local. O prazo para conclusão é de 120 dias.

“Vamos solicitar dados a outros órgãos e realizar ensaios que possam esclarecer os motivos do colapso. Pretendemos identificar falhas estruturais e também a quem cabe a responsabilidade”, disse Galvão. A investigação poderá contar com a participação de peritos externos.

Impacto regional

O desabamento interrompeu o tráfego na BR-226, causando transtornos econômicos e sociais na região. Motoristas que dependem da rota para transporte de mercadorias estão sendo orientados a utilizar desvios, o que aumenta o tempo de viagem. Pequenos comerciantes também relatam prejuízos devido à queda no fluxo de clientes.

Enquanto isso, a população aguarda respostas concretas das autoridades sobre as medidas a serem tomadas para evitar novos acidentes e garantir a segurança da região. As próximas semanas serão decisivas para esclarecer as causas do desastre e iniciar a recuperação da ponte.

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Antonio Carlos Muniz da Silva
Antonio Carlos Muniz da Silva
24/12/2024 15:45

Como sempre no Brasil as medidas de segurança só acontecem depois das tragédias,tem que alguém perder a vida para que medidas sejam tomadas, é o que aconteceu com esta ponte,foi feito fiscalização,problemas estruturais foram encontrados,mas não se tomou nenhuma medida de segurança.Sera que alguém vai ser punido por causa desta tragédia?

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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