O desabamento da ponte que conectava o Maranhão ao Tocantins atraiu atenção global, com críticas à infraestrutura brasileira repercutindo na imprensa mundial.
Dias após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que liga Estreito (MA) a Aguiarnópolis (TO), as buscas por desaparecidos seguem intensas.
O acidente, ocorrido no último domingo (22), deixou a região em estado de alerta. Até a manhã desta terça-feira (24), foram confirmadas duas mortes, ambas de mulheres. Uma das vítimas tinha 25 anos e residia em Aguiarnópolis. A outra, ainda não identificada, segue sob investigação.
Um homem de 36 anos foi encontrado com vida e encaminhado ao hospital de Estreito, com fratura em uma das pernas.
- O megaprojeto The Line: A cidade linear que promete revolucionar o futuro no deserto saudita
- Construção da nova BR-381: A transformação da rodovia da morte em um símbolo de segurança e desenvolvimento no Brasil
- A construção mais polêmica da atualidade: O MURO que divide México e Estados Unidos e impacta o mundo inteiro
- A ponte mais bonita do mundo que está ‘coberta de ouro’ faz parte de um projeto de US$ 2 bilhões
Entretanto, 12 adultos e três crianças ainda estão desaparecidos. As buscas mobilizam equipes dos dois estados, com suporte do governo federal, mas enfrentam desafios técnicos devido às condições do local.
Repercussão internacional do desabamento
O acidente teve grande repercussão na imprensa internacional, destacando a gravidade do ocorrido e os desafios nas operações de resgate. O “Buenos Aires Times” destacou a promessa do presidente Lula de apoiar as buscas e investigar as causas do desabamento. Segundo o jornal, pelo menos uma pessoa morreu e 16 estão desaparecidas, com o governo federal prometendo suporte integral.
A agência Reuters enfatizou o impacto ambiental causado pelo acidente, apontando o derramamento de ácido sulfúrico no rio Tocantins como um fator complicador para os trabalhos de resgate. A reportagem mencionou que a ponte, com 533 metros de extensão, cedeu enquanto vários veículos atravessavam, incluindo um caminhão-tanque que transportava a substância química.
O portal Euronews divulgou vídeos capturados por moradores que mostram o momento exato do colapso, destacando que pelo menos oito veículos, entre caminhões e automóveis, caíram no rio. A matéria reforça os perigos ambientais e a gravidade da situação para as comunidades locais.
A AP News também relatou o desabamento, reforçando que as imagens registradas evidenciam o colapso de grandes seções da ponte enquanto caminhões e carros trafegavam.
A reportagem sublinhou a complexidade do resgate devido ao derramamento de ácido sulfúrico, o que exige cuidados extras das equipes de emergência.
Veículos envolvidos no acidente
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que pelo menos oito veículos caíram no rio. Entre eles, quatro caminhões, dois automóveis e duas motocicletas. Alguns dos caminhões transportavam produtos perigosos, como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas, o que complica ainda mais os trabalhos de resgate.
A Agência Nacional de Águas (ANA) relatou que esses caminhões levavam cerca de 22 mil litros de defensivos e 76 toneladas de ácido sulfúrico. Devido ao risco ambiental, o governo do Maranhão recomendou a suspensão temporária da captação de água nas cidades próximas ao Rio Tocantins. Análises preliminares estão em andamento para verificar se esses produtos já se diluíram no rio e quais os possíveis impactos para a população.
Histórico e condições da Ponte Juscelino Kubitschek
Inaugurada na década de 1960, a ponte Juscelino Kubitschek já apresentava sinais de deterioração. Com 533 metros de extensão, a estrutura passou por obras de manutenção entre 2021 e 2023. Contudo, essas intervenções não foram suficientes para evitar o desastre.
Em maio de 2024, um edital de R$ 13 milhões foi lançado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para contratação de uma empresa que realizasse obras de reabilitação. No entanto, a licitação fracassou. Documentos revelados pela imprensa indicam que o Dnit tinha conhecimento da situação precária desde 2019.
O engenheiro civil Fábio Ribeiro, professor da Universidade Federal do Tocantins, afirmou que o acidente foi resultado de falhas acumuladas. “O colapso era uma tragédia anunciada, com múltiplos fatores envolvidos”, disse o especialista. O Ministério Público do Tocantins também acompanha o caso e aguarda os laudos técnicos para decidir as próximas medidas.
Reconstrução e emergência
O Dnit interditou a área e declarou situação de emergência para acelerar os procedimentos de reconstrução. O custo estimado da nova ponte varia entre R$ 100 e R$ 150 milhões, com prazo médio de 12 meses para conclusão. O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que mais de R$ 100 milhões serão destinados à obra imediatamente. Além disso, uma sindicância será instaurada para apurar responsabilidades.
Polícia Federal e investigações
A Polícia Federal (PF) também abriu investigação sobre o desabamento. As superintendências regionais do Maranhão e do Tocantins estão à frente do caso. Uma equipe especializada foi enviada para Imperatriz (MA) com o objetivo de analisar os dados técnicos e perícias no local do desastre. O grupo conta com engenheiros civis, peritos em locais de crime e especialistas ambientais.
Em nota, a PF destacou a importância de investigar não apenas as causas do acidente, mas também os danos ambientais e sociais decorrentes. “Nosso objetivo é assegurar que os responsáveis sejam identificados e que medidas preventivas sejam adotadas”, informou a corporação.
Sindicância no Dnit
O Dnit também instaurou sindicância para investigar o desabamento. Segundo o diretor-geral Fabrício Galvão, a comissão iniciará os trabalhos nesta quinta-feira (26). A investigação incluirá análises técnicas, provas documentais e visitas ao local. O prazo para conclusão é de 120 dias.
“Vamos solicitar dados a outros órgãos e realizar ensaios que possam esclarecer os motivos do colapso. Pretendemos identificar falhas estruturais e também a quem cabe a responsabilidade”, disse Galvão. A investigação poderá contar com a participação de peritos externos.
Impacto regional
O desabamento interrompeu o tráfego na BR-226, causando transtornos econômicos e sociais na região. Motoristas que dependem da rota para transporte de mercadorias estão sendo orientados a utilizar desvios, o que aumenta o tempo de viagem. Pequenos comerciantes também relatam prejuízos devido à queda no fluxo de clientes.
Enquanto isso, a população aguarda respostas concretas das autoridades sobre as medidas a serem tomadas para evitar novos acidentes e garantir a segurança da região. As próximas semanas serão decisivas para esclarecer as causas do desastre e iniciar a recuperação da ponte.
Como sempre no Brasil as medidas de segurança só acontecem depois das tragédias,tem que alguém perder a vida para que medidas sejam tomadas, é o que aconteceu com esta ponte,foi feito fiscalização,problemas estruturais foram encontrados,mas não se tomou nenhuma medida de segurança.Sera que alguém vai ser punido por causa desta tragédia?