Estudo revela que Vênus possui atividade tectônica em andamento, com estruturas chamadas coronas indicando processos internos semelhantes aos que moldaram a Terra primitiva.
Um novo estudo trouxe uma revelação surpreendente sobre Vênus. O planeta, conhecido por suas condições extremas e inóspitas, pode estar passando por processos geológicos parecidos com os que acontecem no interior da Terra.
A descoberta foi feita com base em uma análise de dados antigos coletados por uma sonda da NASA nos anos 1990.
Estruturas misteriosas chamadas coronas
Os cientistas analisaram estruturas circulares gigantes chamadas de coronas, que são comuns na superfície de Vênus.
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Essas formações se assemelham a crateras, mas têm origem diferente.
Elas têm um anel elevado ao redor de um centro afundado, com fraturas que irradiam para fora. Podem chegar a centenas de quilômetros de diâmetro.
Inicialmente, pensava-se que essas estruturas eram crateras de impacto. Mas novos estudos mostraram que elas têm origem vulcânica.
Acredita-se que as coronas surgem quando plumas de material quente sobem do interior do planeta.
Esse material empurra a superfície para cima, formando uma cúpula que depois colapsa, criando o formato atual.
Plumas e deformações na crosta de Vênus
Mesmo sem placas tectônicas como as da Terra, Vênus mostra sinais de atividade interna.
As plumas quentes que sobem do manto interagem com a crosta, provocando deformações. Essa atividade pode explicar a formação das coronas.
Para investigar essa possibilidade, os pesquisadores usaram dados da missão Magellan, que orbitou Vênus nos anos 1990.
Eles cruzaram informações de topografia com dados de gravidade, buscando entender o que acontece abaixo das coronas.
A equipe identificou 75 coronas e descobriu que 52 delas apresentam sinais claros de plumas ativas.
Essas plumas são mais quentes e menos densas que o material ao redor, o que indica que estão em movimento e podem estar moldando a superfície do planeta.
Dois processos possíveis semelhantes aos da Terra
Com base nas observações, os cientistas propõem dois processos que podem estar ocorrendo em Vênus. Ambos já são conhecidos aqui na Terra.
O primeiro é a subducção. Na Terra, isso acontece quando uma placa tectônica desliza por baixo da outra.
Em Vênus, a pluma forçaria o material da superfície a se espalhar e colidir com outras áreas, empurrando parte para dentro do manto.
O segundo processo possível é o gotejamento litosférico. Esse fenômeno ocorre quando a parte inferior da crosta é aquecida e começa a se desprender. O material mais frio e denso escorre e afunda no interior do planeta.
Esses dois processos são considerados formas de atividade tectônica. Se estiverem realmente acontecendo em Vênus, isso significa que o planeta continua ativo geologicamente.
Pesquisas futuras podem focar nas coronas
Para os cientistas, as coronas agora são um dos alvos mais importantes para futuras missões espaciais. Embora Vênus tenha temperaturas extremamente altas, pressão atmosférica intensa e chuva ácida, os pesquisadores acreditam que novas missões podem revelar mais sobre seu interior.
“Coronas não são encontradas na Terra hoje; no entanto, elas podem ter existido quando nosso planeta era jovem e antes do estabelecimento das placas tectônicas“, explicou Gael Cascioli, da Universidade de Maryland e do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA.
Segundo a cientista Anna Gülcher, da Universidade de Berna, as coronas são grandes e muito numerosas.
Diversas teorias já foram sugeridas para explicar sua origem, mas os novos dados indicam que há processos ativos por trás dessas formações.
“Agora podemos afirmar que provavelmente há diversos processos ativos em andamento impulsionando sua formação. Acreditamos que esses mesmos processos podem ter ocorrido no início da história da Terra“, afirma Gülcher.
Semelhanças com a Terra primitiva
Uma das ideias mais empolgantes do estudo é a possibilidade de que as coronas de Vênus sejam comparáveis a processos que ocorreram na Terra bilhões de anos atrás. Isso pode ajudar os cientistas a entender melhor como a geologia terrestre evoluiu.
A descoberta reforça a ideia de que, mesmo sem placas tectônicas, Vênus ainda tem um interior dinâmico. Isso muda a visão anterior de que o planeta estava praticamente adormecido geologicamente.
O estudo foi publicado na revista científica Science Advances. A equipe usou modelos e dados reais para propor uma nova interpretação sobre a dinâmica de Vênus.
Eles destacam que as observações feitas com base nos dados da missão Magellan abriram caminho para novas investigações.